25º Festival do Japão festeja público, exalta Expo Japan e mira evento maior em 2025

Eram por volta das 18 horas de domingo (14) quando o presidente da Kenren – Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil –, José Taniguti, e o presidente da Comissão Organizadora, Alfredo Ohmachi, anunciaram o fim do 25º Festival do Japão. Reunidos com os representantes dos Kenjinkais (associações de províncias) no estande da Kenren montado no São Paulo Expo, Taniguti e Ohmachi deram a boa notícia: a edição de 2024 estava chegando a fim com êxito. Afinal, de acordo com as estatísticas, cerca de 184 mil pessoas passaram pelas catracas do São Paulo Expo nos três dias, superando em 2 mil a marca alcançada no ano passado.
“Não podemos reclamar do Festival deste ano pela quantidade de público que tivemos. Nós não ficamos nada a dever para o evento do ano passado. O Festival do Japão é dos Kenjinkais, por isso, nesse momento, temos que comemorar esse bom resultado, para termos energias para começarmos um novo Festival ainda maior no ano que vem. Vamos ter um espaço especial para a comemoração dos 130 Anos do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão”, adiantou Taniguti.

Balanço – Coube a Alfredo Ohmachi, do Akita Kenjinkai, explicar os números. “Sexta-feira melhorou um pouco em relação à edição anterior, sábado recebemos um pouco menos, talvez por causa do frio, e domingo foi basicamente igual”, justificou Ohamachi.
Pouco antes, José Taniguti e Afredo Ohmachi receberam a reportagem do jornal Nippon Já para um balanço da 25º edição.
Para Ohmachi, este Festival do Japão superou as expectivas, “tanto em termos de público como de organização”. “Nós sentimos que tivemos menos problemas de infraestrutura do que tivemos no ano passado. É lógico que sempre tem um caso aqui, um caso lá, mas foram bem pontuais, mas não tivemos grandes eventos que prejudicassem o andamento do festival. Em relação à segurança também foi tranquilo. Tivemos casos de furtos de celulares, mas também são casos que a gente não consegue coibir completamente quando temos uma aglomeração como ocorre no Festival do Japão. Na parte da limpeza também não tivemos problemas e a brigada de incêndio não teve que ser acionada nenhuma vez”, disse Ohmachi, explicando que, como de praxe, a praça de alimentação foi o grande chamariz da festa.
Ponto forte – Para o presidente da Comissão Organizadora, o “ponto forte” em termos de logística de transporte, foi o acesso ao Festival do Japão através de uma linha especial de ônibus que saiu próxima à estação São Judas do Metrô. “Isso funcionou tão bem que vamos recomendar à GL Events adotar essa estratégia em outros eventos deles”, disse Ohmachi, acrescentando que “outro braço” que a Kenren está desenvolvendo é a Expo Japan, encontro com foco no público B2B voltado ao setor de alimentos e bebidas e realizado simultaneamente ao 25º Festival do Japão no mezanino do São Paulo Expo.

Expo Japan – O evento trouxe a São Paulo uma missão empresarial japonesa com cerca de 140 empresários com o intuito de promover a expansão de vendas dos produtos japoneses no Brasil e na América do Sul e, ao mesmo tempo, aproximar a província de origem e as associações de províncias brasileiras. Segundo o presidente da Kenren, “é uma tendência que veio para ficar”.
“Foi a primeira vez que realizamos uma edição da Expo Japan e graças a ajuda do governo japonês através da Jica foi possível sua concretização. Foram convidadas aproximadamente 530 empresas e acho que por ser a primeira edição tivemos um resultado satisfatório”, disse Taniguti, explicando que a Expo Japan serviu para retomar alguns contatos que haviam sido interrompidos durante a pandemia.
Canal direto – “Muitos dos empresários que vieram participar da feira já estão em contato com importadoras para negociar. No caso da minha província, Akita, eles tiveram muito interesse de pequenos comerciantes, restaurantes e supermercados que não tinham um canal direto de importação”, reforçou Alfredo Ohmachi.
Taniguti conta que a continuidade da Expo Japan é importante “até para garantir a sustentabilidade do próprio Festival do Japão”. “A sustentabilidade do Festival e uma nova forma de se relacionar com a província-mãe”, disse, explicando que a segunda edição, em 2025, ia depender do resultado deste ano.
Público x consumo – Sobre o público, Taniguti lembrou que sua expectativa inicial era um aumento de “5 a 10%” em relação ao ano passado. Apesar de “não terem do que reclamar”, Taniguti e Ohmachi frisaram que constataram que “este ano tinha mais gente circulando, mas não necessariamente gastando”.
“Tivemos mais quantidade de visitantes, mas o consumo, em especial na praça de alimentação, foi menor. Esse é um outro fenômeno que a gente não esperava, mas sabemos que a situação financeira não está fácil. Então, ao invés de comprar aquele prato que é caro, ele compra, sei lá, alguma coisa mais simples, um sanduíche, por exemplo. Ou então a pessoa veio para o festival depois de almoçar em casa”, explicou Taniguti.
Alternativas – Para Alfredo Ohmachi, uma alternativa é estudar com os Kenjinkais uma forma de se adpatar a esta mudança, caso ela venha a se concretizar. “Talvez seja o caso dos Kenjinjais repensar um pouco. Por exemplo, fazer uma porção menor, como se fosse uma degustação, a preço mais acessível. Isso incentivaria as pessoas a experimentarem mais pratos também”, conta Ohamachi.
130 anos– O certo é que em 2025 devem ocorrer muitas mudanças. A 26ª edição do Festival do Japão deve ser o ápice das celebrações dos 130 Anos do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão. Assim como aconteceu em 2018, nas comemorações dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil, cujo ponto alto foi a visita da então princesa Mako.
Espaço maior – Segundo José Taniguti, o espaço para 2025 já está assegurado. E, conforme adiantou ao Nippon Já, será maior. “Pegamos também o pavilhão quatro e a ideia é fazer uma arena. E aí sim, o público será bem maior”, disse Taniguti, revelando que já teve uma primeira conversa com representantes da comunidade nipo-brasileira, entre eles o presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social –, Renato Ishikawa; o presidente da Fundação Kunito Miyasaka, Roberto Nishio e o diretor de Diretor de Relações Governamentais e Cerimonial do Bunkyo, Carlos Kendi Fukuhara, para tratar do tema.
“Sabemos que a Embaixada quer ajudar, não financeiramente, mas apoiando as ações da comunidade. O governo japonês não quer ser o protagonista, o organizador, quer que a comunidade dê o start nas comemorações”, frisou Taniguti, destacando que as comemorações devem ocorrer por todo o território brasileiro.
Família imperial – “A ideia é fazermos algo que deixe uma marca, uma celebração a altura da data. Pode-se até pensar em convidar membros da família imperial”, disse Taniguti, antecipando que já foram apresentadas algumas sugestões, como a participação da comunidade nikkei na corrida São Silvestre deste ano, um concerto na Sala São Paulo e um jantar no Círculo Militar como o que foi organizado na entronização do atual imperador. E o Festival Japão, claro, seria o que se costuma chamar de “a cereja do bolo”.
Ikigai – Com o tema “Ikigai – Viver com Propósito”, o 25º Festival do Japão promoveu uma verdade imersão na cultura japonesa com shows musicais, atrações culturais, danças típicas, culinária regional tradicional das províncias japonesas, exposições culturais, workshops, cerimônia do chá e atividades gratuitas para as crianças, jovens, adultos e idosos.
(Aldo Shiguti)