Artigo – Kim Kataguiri: ‘É hora de usarmos os bons exemplos’

O término de 2022 nos força a algumas reflexões. Mais uma vez, temos que adotar um tom cauteloso na análise do cenário. Não deixa de ser deprimente ter que fazer uma retrospectiva com um tom tão sombrio, mas a única forma de superarmos os problemas é admitindo que eles existem.

Estamos diante de um país dividido e polarizado. É preciso que nos perguntemos o porquê de um país outrora pacífico ter se tornado um lugar em que as duas metades da população não têm identidade comum.

Não há uma resposta fácil, mas arrisco dizer que a origem de tal mal está na retórica usada durante os governos do PT, em que o então presidente Lula valeu-se da linguagem do “nós vs eles” para deslegitimar a oposição. Uma análise dos governos do PT nos mostra que o partido só consegue governar quando a sociedade está tensionada por conta da ameaça de um suposto inimigo, que, para Lula, é a tal da “elite”.

Disto passamos para o governo Bolsonaro que se baseou no caos, na criação de falsas polêmicas e no uso de retórica belicosa. Enquanto tentávamos promover reformas estruturais para o país, fomos soterrados com notícias sobre compras de imóveis milionários por familiares do presidente da República, favorecimentos, ligações estreitas com políticos de péssima estirpe e outras práticas nada republicanas.

O saldo final do governo Bolsonaro é bem conhecido: corrupção, resultados econômicos pífios e a volta do PT, em uma versão mais radicalizada e com menos apreço às regras de responsabilidade fiscal.

Diante de tal quadro, me volto à experiência japonesa. Como o Japão saiu do caos e da destruição na década de quarenta e, em pouco tempo, se tornou uma das principais potências econômicas? Creio que o segredo japonês está na capacidade de pensar a longo prazo.

Ao analisarmos o Japão no período pós-guerra, percebemos que houve um pacto social em que toda a sociedade se dispôs a reconstruir o país e inseri-lo na economia global de forma competitiva. O esforço conjunto abrangeu as áreas de infraestrutura e educação, que são essenciais para a geração de tecnologia. O Brasil, por outro lado, preferiu apostar na burocracia e no estatismo.

No ano de 2023, devemos fazer uma campanha constante em prol da responsabilidade fiscal e uma comparação dos fatores que levaram o Japão e a Ásia ao desenvolvimento com os que mantiveram a América Latina em constante pobreza. É hora de usarmos os bons exemplos para promover uma mudança de mentalidade.

*Kim Kataguiri é deputado federal pelo União/SP