Campanha SOS Sul prossegue até sexta-feira (17). Presidente do Bunkyo agradece doações

Na primeira fase, que termina sexta-feira (17), campanha priorizou água e produtos de limpeza – Divulgação

Encabeçada pelo Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – e pela Associação Brasil Nippo – que edita os jornais Nippon Já (em português) e Diário Brasil Nippou (em japonês) – com apoio da Enkyo (Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo), Kenren (Federação das Associações das Províncias Japonesas no Brasil), JCI Brasil-Japão, NEB (Nikkeys Empreendedores do Brasil) e Café Fazenda Aliança, a Campanha SOS Sul em prol das vítimas da tragédia climática do Rio Grande do Sul termina nesta sexta-feira (17).

Nesta terça-feira (14), o presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa, visitou a sede da Associação Brasil Nippou, posto de coleta das doações, para um agradecimento especial “a todos que contribuíram” e explicar os próximos passos da campanha. Segundo ele, todo material arrecadado será encaminhado ao Depósito do Fundo Social de São Paulo (FUSSP), na zona Oeste de São Paulo, que fará o transporte até o Rio Grande do Sul.

Nesta primeira fase, foi priorizada doações de água potável, produtos de higiene pessoal e matéria de limpeza.

Renato Ishikawa disse ainda que a ideia é, nos próximos dias, dar continuidade à campanha com o lançamento de uma segunda fase. “Vamos ver com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul quais as necessidades para coordenarmos novamente, em conjunto com o jornal e demais associações, uma nova campanha”, frisou Renato Ishikawa, afirmando que, “que mais uma vez, esperamos a solidariedade de todos nesse momento difícil que nossos irmãos do Sul estão atravessando”.

Comoção – Gaúcha e neta de imigrantes japoneses, a jornalista Carol Ayako relatou o drama que os moradores do Rio Grande do Sul enfrentam. Assim como milhares de pessoas, a jornalista teve que sair de seu apartamento, onde morava com sua mãe, no bairro São Geraldo, na capital gaúcha, e está abrigada na casa de familiares.

De acordo com o último boletim divulgado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, nesta quarta-feira (15), as fortes chuvas causaram estragos em 449 municípios gaúchos. Até o momento foram registrados 149 óbitos e 108 pessoas continuam desaparecidas.

Conforme o balanço, 538 mil moradores ficaram desalojados e 76.580 estão em abrigos.

“Felizmente estamos seguras na casa de familiares, mas a situação é muito delicada, assim como de várias famílias na região”, conta Carol, que nasceu e cresceu em Porto Alegre. Segundo ela, “priorizando a nossa segurança, saímos de casa com o mínimo necessário”.

“É um momento de muita comoção, a enchente histórica atingiu 46 bairros e afetou diretamente 157 mil pessoas em Porto Alegre, e com alto impacto também em hospitais, escolas e empresas atingidas com sede na Capital, segundo dados do mapeamento da prefeitura. Áreas jamais atingidas estão cobertas d’agua e impossibilitando o acesso e circulação na nossa cidade. Destaque para a área central, próxima a orla do guaíba com monumentos históricos como  mercado público central e a casa de cultura mário Quintana que foram severamente prejudicados”, relata a jornalista, que atua na divulgação da cultura japonesa não só no RS como também em outros Estados.

Reconstrução – Conforme publicado pelo jornal Nippon Já na semana passada, ela informou que a sede do EnkyoSul – que fica próxima ao Aeroporto Internacional Salgado Filho – foi altamente impactada com a cobertura de quase 2 metros de altura na região. Carol conta que o local costumava ser usado por outras entidades.

“Lá aconteciam ensaios, encontros e atividades da comunidade nikkei”, disse a jornalista, explicando que “impotentes diante da força natureza, aguardamos a água baixar para retomar as localidades atingidas e na esperança de reconstruir e aguardar dias melhores”.

Em contato diário com o jornal Nippon Já, Hiroshi Taniguchi presidente da Enkyosul, disse nesta terça-feira (14) que “tentou ir atrás de vítimas da comunidade, mas aparentemente não temos nenhuma novidade”. “Estamos com certa precariedade de comunicação com as áreas atingidas e muitas vezes as informações não chegam até nós. Há regiões que só tem uma família japonesa, essas, além de não termos o cadastro, muitas vezes não entram em contato conosco”, informou Hiroshi Taniguchi.

Segundo informou ao Nippon Já, a comunidade japonesa no Rio Grande do Sul “é relativamente pequena”. Ele estima que devam existir cerca de 5 mil nipo-brasileiros morando atualmente no Rio Grande do Sul. Deste total, aproximadamente 450 famílias se concentram na região da Grande Porto Alegre. “As demais estão espalhadas”, disse.

Japão – O Japão ofereceu doações de barracas de acampamento, colchonetes, cobertores, galões portáteis, lonas plásticas e purificadores de água, que foram recepcionadas pelo Comando Operacional Conjunto. A ABC/MRE está em contato com a Embaixada do Japão para dar seguimento ao processo de doação por meio da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica).

Mensagem – No dia 10 de maio, em mensagem enviada ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Japão, Yoko Kamikawa, manifestou solidariedade às vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul. Kamikawa disse que “é com profundo pesar e tristeza que tomo conhecimento de que muitas vidas preciosas foram perdidas na recente enchente provocada por chuvas torrenciais no Estado do Rio Grande do Sul, na República Federativa do Brasil”. Em sua mensagem ao chanceler Mauro Vieira, Yoko Kamikawa expressa “minhas sinceras condolências a todos os que perderam a vida e minha compaixão às suas famílias enlutadas”. E termina sua mensagem explicando que “rezo sinceramente pela rápida recuperação das pessoas afetadas, bem como pela pronta reconstrução das áreas afetadas”.

Renato Ishikawa, presidente do Bunkyo agradecimento

(Aldo Shiguti)

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