Canto do Bacuri – Escola do Caminho

 

Aos sábados eles se reuniam ali naquele mundo encantado. Eram jovens, em sua grande maioria. Uns mais, outros menos. Havia aqueles que eram os habituais, a quem, sabiamente, eram dadas tarefas para que se vinculassem aos deveres e à casa. E, justamente também aos sábados, ali compareciam os novatos. Estes eram sempre recepcionados por algum frequentador mais antigo, que pontualmente às dezoito horas os reunia em fila indiana para conduzi-los até o local da prática. Alguns destes novatos mal conseguiam permanecer os quarenta minutos iniciais mas a regra era permanecer até o final. Ficavam até o final da sessão e não retornavam. Outros, apesar das dores, voltavam. Alguns, talvez, a grande maioria, voltavam apenas por um período de tempo. Havia aqueles que voltavam sempre, iam se integrando aos mais antigos e se engajando às atividades rotineiras. Eram os considerados alunos da casa. E o bom é que também durante a semana eram oferecidas sessões tanto de manhã bem cedinho como também no final da tarde e eram abertas aos alunos que ali desejassem estar.

De tempos em tempos, também eram oferecidas oportunidades de imersão total na prática. Havia modalidades distintas de imersão. Período de um dia, três dias, cinco dias, oito dias. Para que se viabilizassem esses períodos de imersão total era necessário o envolvimento de várias pessoas, dos alunos, em maior parte e, também de alguns abnegados e antigos trabalhadores voluntários da casa.

Para viver essa imersão total vinham aspirantes de várias localidades. Além dos da própria casa vinham também de outras localidades brasileiras e estrangeiras, principalmente dos países da América do Sul. Também nestes eventos havia aqueles que participavam uma única vez. Outros vinham algumas vezes seguidas. Outros ainda, vinham apenas naqueles de determinada época do ano. Cada um, daqueles poucos privilegiados, tinha a sua temporada de grande dedicação à prática intensiva ali na casa.

Mas, em geral, a paisagem humana que se verificava ali era sempre muito variada tanto nas sessões normais como também naquelas da prática intensiva. Cada temporada, com os seus habitués e suas características próprias.

Com a chegada do Coronavírus também ali, quase tudo parou. Por dois anos, a casa deixou de receber as pessoas. Para que seus frequentadores pudessem prosseguir em suas práticas, sessões online passaram a ser oferecidas.

Neste ano, aos poucos, as atividades presenciais vêm sendo retomadas apenas aos sábados. De forma cautelosa e com inscrição prévia durante a semana, os alunos estão sendo convidados a voltar à sua prática. Mas o que se verifica é ainda uma frequência bastante tímida por parte da maioria.

De nossa parte, os que trabalhamos na preparação e organização das atividades, o que mais queremos é que o vírus pare de nos cercar e nos assombrar para que possamos voltar a receber todas as pessoas que queiram conhecer a prática. Mas, por enquanto, seguimos de forma cautelosa e restrita. Por enquanto, os portões se abrem apenas para aqueles cujo nome encontra-se na lista do porteiro.

 

 

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