Capital terá 20 candidatos orientais à Câmara Municipal; três concorrem à reeleição
Oficialmente, a propaganda eleitoral dos candidatos que disputam as eleições municipais deste ano teve início no 16 de agosto. Ou seja, está liberado o corpo a corpo com os eleitores nas ruas, espaços públicos ou privados. Na Capital, de acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), há 1.023 pedidos de registro, sendo dez de candidatas e candidatos à prefeitura, mais dez dos seus respectivos vices e outros 1.003 requerimentos de postulantes à Câmara Municipal. Desses, 20 são candidatos com ascendência oriental.
A reportagem do jornal Nippon Já ouviu os três vereadores com mandato na Câmara Municipal de São Paulo e que buscam a reeleição para saber suas expectativas nesse início de campanha.
Exercendo seu 7º mandato, Aurélio Nomura é um dos políticos mais experientes na tual legislatura. Filho do deputado federal Diogo Nomura, Aurélio conta que “termina uma eleição, já começa outra”. “Na verdade, já estamos há quatro anos fazendo campanha através da divulgação do nosso trabalho. Esse período de campanha, na realidade, a gente usa para divulgar o nosso número e do nosso candidato a prefeito. E também reafirmamos para os amigos e para os eleitores nossas bandeiras e reativamos aquelas ideias que nós temos”, explica Nomura, acrescentando que “a rede social é uma tendência natural, até mundial”.
“3s” – “A gente vê nas últimas eleições as redes sociais ganhando cada vez mais espaço. Tem candidatos que apostam tudo na rede social e, particularmente, acredito que seja uma tendência muito forte”, conta. Para ele, no entanto, a mesma rede social, recheada de fake news, favorece a volta de uma estratégia eleitoral conhecida como “3s”: suor, sola de sapato e saliva. E há quem acrescente mais um “s” – de sangue – pelo rumo que as últimas campanhas vem tomando.
Corpo a corpo – Aurélio Nomura acredita que o famoso “corpo a corpo” é a “essência de uma campanha”. “Apesar de sua importância, é muito difícil entendermos que um trabalho de Internet, de rede social, prevaleça e seja mais importante que essa relação direta com o eleitor”, afirma o vereador, que também tem priorizado expor suas ideias para grupos não muito numerosos.
Confiança – Quanto aos registros de candidatos orientais, Aurélio Nomura – que além de eleitores não descendentes trabalha também com as comunidades japonesa, chinesa e coreana – considera um número “natural”, “levando em consideração eleições em que já tivemos 30 e até 40 postulantes”.
“Isso porque houve até uma limitação. Primeiro porque você não tem a coligação e, segundo, porque o número máximo de candidatos seria 56 candidatos, ou seja, o número de vagas mais um”, diz Nomura, que acredita numa renovação em torno de 30% a 40%.
“Estamos confiantes porque fizemos nosso trabalho, tanto nas comunidades em que atuo com em outras áreas, como meio ambiente e saúde. Agora vamos submeter à aprovação da população”, explica Aurélio Nomura.
Trabalho – Também filho de um político tradicional da comunidade japonesa – o deputado estadual Jooji Hato – George Hato cumpre seu terceiro mandato na Câmara Municipal. Assim como Aurélio Nomura, ele também está confiante que terá êxito nas urnas novamente. Para que isso aconteça, aposta no seu trabalho e na imagem do “político japonês”.
“Acho que o povo japonês gosta de trabalho, de respeito e também valoriza as tradições. Eu e o Nomura temos tradição na política, nossos pais trabalharam muito pela comunidade e nós demos continuidade. Ou seja, nós temos história e acredito que a comunidade vai, sim, reconhecer todo esse trabalho, essa história e a dedicação à comunidade”, destaca George Hato, explicando que, durante a campanha, “muitas vezes renunciamos à família para estarmos visitando as nossas bases”.
Calor humano – Para ele, as redes sociais estão ganhando um espaço cada vez maior nas últimas eleições, “mas nada se compara ao calor humano”. “Nada se compara ao abraço, o olhar nos olhos do eleitor e dos amigos e passar a verdade para eles. A rede social tem muito cortes, montagens, photoshop, tem todas essas tecnologias. Mas acho que a população quer mesmo a presença do candidato, o corpo a corpo mesmo”, afirma George Hato, que também acredita que candidatos experientes levam vantagem em relação aos candidatos novos. “Acho que a renovação sempre vais existir e ela é necessária, mas quem fez um bom trabalho será reconhecido, sem dúvida nenhuma”, afirma George Hato.
Desafio – Para Rodrigo Hayashi Goulart, a preocupação com a cidade é constante. A exposição na mídia e os resultados do trabalho, portanto, dão um ar de que os vereadores estão sempre em campanha.
“Como vereador, a preocupação com a cidade é diária, seja na Câmara acompanhando e fiscalizando as ações de executivo; propondo, relatando e votando projetos de lei; e presidindo ou atuando como membro nas Comissões Técnicas Permanentes e Extraordinárias; seja nas ruas, ouvindo e atendendo demandas dos moradores. É um desafio aprimorar as políticas públicas e buscar soluções constantemente para evoluirmos como município – e estamos falando de São Paulo, a maior economia urbana da América Latina. Por isso parece que nós, vereadores, estamos sempre em campanha”, explica o parlamentar que está em seu segundo mandato.
Para o vereador e candidato à reeleição, a campanha deste ano une a modernidade com a tradição, especialmente na composição de divulgação online e offline.
Oportunidade – “Vejo a campanha deste ano como uma grande oportunidade de mesclar tradição e inovação. E não apenas falando da relação que tenho com meu pai (Antonio Goulart), vereador por cinco mandatos e, posteriormente, deputado federal. Todo candidato deve estar atento sobre a maneira de se comunicar com o eleitor. As redes sociais, com sua capacidade de conectar e engajar rapidamente, são, nesse sentido, como a trilha sonora vibrante da nossa campanha. Elas nos permitem dialogar com um público amplo e dinâmico, mantendo o ritmo acelerado das conversas e interações. Por outro lado, não podemos esquecer do ‘corpo a corpo’, que é o palco onde a magia realmente acontece. O contato direto com os eleitores, as conversas olho no olho e o aperto de mãos são como os momentos de improviso que dão vida e autenticidade à nossa jornada”, pondera Rodrigo Hayashi Goulart, explicando que “é uma grande honra poder, novamente, me apresentar como um candidato nikkei”.
(Aldo Shiguti)
Candidatos Orientais Para
Vereador – Sp Capital
André Ye – Ye Yong Yong (Psb)
Aurélio Nomura – Aurélio Nomura (Psd)
Bruno Sato – Bruno Kendy Sato (Republicanos)
Cristiane Naomi – Cristiane Naomi Tanizaki (Republicanos)
Dani Akamine – Daniele Souza Akamine (Mdb)
Dr Emerson Ramayana – Emerson Ramayana Novaes Silva de Araújo – (Federação Psol Rede)
Dra Nise Yamaguchi – Nise Hitomi Yamaguchi (União)
Edna Yamada – Edna Genésio da Silva Yamada (Federação Psol Rede)
Embaixador Paulo Kobayashi – Paulo Sussumu Kobayashi (Psd)
George Hato – George Vatutin Hato (Mdb)
Helena Suzuki – Helena Nobuco Suzuki Takadachi (Republicanos)
Ito – Rubens Massashi Ito (Solidariedade)
Kenji Palumbo – Márcio Kenji Ito (Pode)
Laura Kamia – Laura Hiromi Kamia (Psb)
Miya – Anderson Clayton Soares Miyata (Pdt)
Ota – Iolanda Keiko Miashiro Ota (Pode)
Professor Lucas – Lucas Antonio Nizuma Simabukulo (Pstu)
Rodrigo Goulart – Rodrigo Hayashi Goulart (Psd)
Takeda – Augusto Hideato Cimino Takeda (Prd)
Yudi Watanabe – Humberto Yudi Watanabe (União)