Cerimônia na Alesp celebra 30 anos do Instituto Cultural Niten e o Dia do Samurai
Uma Sessão Solene realizada no dia 10 de março, no Auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, marcou o Dia do Samurai e os 30 anos do Instituto Cultural Niten. Iniciativa do deputado Coronel Nishikawa, a cerimônia contou com a presença do fundador e presidente do Niten, Jorge Kishikawa, sua esposa e cofundadora do instituto, Mika, e os três filhos do casal (Yoshimitsu, Takemitsu e Hiromitsu); do representante chefe da Jica Brasil (Japan International Cooperation Agency), Masayuki Eguchi; do general da reserva Akira Obara; do delegado da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Maurício Lemos Freire; do comandante da Academia de Formação de Oficiais da PM do Estado, a Academia Barro Branco, Marco de Paula Barreto; do comandante da Base Administrativa de Apoio à 2ª Região Militar do CMSE, Frederico Soares de Souza e do arcebispo Kyohaku Correia, do budismo primordial, além da esposa, Mika.
O Instituto Niten é considerado a “maior instituição mundial voltada ao ensino das técnicas de combate dos antigos samurais e também a maior instituição voltada à preservação dos ensinamentos e filosofia e tradições dos antigos samurais”.
Atualmente conta com dezenas de unidades espalhadas por todo o Brasil e dojos espalhados por toda a América Latina, Estados Unidos, Europa e África.
A história do Niten se confunde com a própria história de seu fundador.
Sonho – Graduado com o 7º dan (grau) Kiyoshi, Jorge Kishikawa sagrou-se duas vezes pentacampeão brasileiro de kendô. Em seu discurso, ele lembrou que “foram três décadas: mais de dez mil dias de empenho, lutas, desafios e superação”. “Mas principalmente de muita alegria, elevação espiritual, paz e a certeza de que ao longo desses 30 anos trilhamos o caminho certo: bushidô, o caminho do samurai. O que no início era apenas um sonho ganhou contornos de realidade”, disse Kishikawa, acrescentando que, “o resgate de valores há muito abandonados, mesmo no Japão, custou anos de plena dedicação”.
“Minha, sem dúvida, mas também de minha esposa Mika e dos abnegados alunos que, desde o início, se dispuseram a me acompanhar nessa jornada”, afirmou, lembrando que o projeto “tinha tudo para dar errado por dois motivos”.
Pioneiro – “Primeiro, o concorrente, que praticamente não cobrava mensalidade – e o Niten foi o pioneiro na cobrança de mensalidade, como o judô, karatê, taekwondo e jiu-jitsu –, e segundo, no Niten era preciso o aluno investir na espada, na armadura e nos equipamentos”.
“Mas deu certo graças ao apoio que recebi nesses anos de muitos alunos e colaboradores que hoje estão aqui presente”, salientou, explicando que “muitos aceitaram o desafio, e hoje, com lealdade e honra, lutam irmanados, ao meu lado, para perpetuar o Niten e suas tradições”.
E concluiu afirmando que, “cada momento valeu a pena”.
Espírito samurai – Masayuki Eguchi lembrou que, “no Japão, já não existe mais a ocupação de samurai, mas usamos muitas vezes a palavra samurai quando nos referimos ao espírito de samurai como o sinônimo de bushidô”. “Usamos a palavra ‘do’, que significa caminho para vários esportes e artes, como judô, kendô e aikidô, em artes marciais, chadô (cerimônia de chá) e kadô (arranjo de flores). ‘Do’, que em japonês significa caminho, é a filosofia de vida. No bushidô, geralmente são sete virtudes: justiça, coragem, filantropia, decoro, honestidade, honra e lealdade (que não é obediência, mas compromisso). Me parece que todos eles tem em comum a compaixão pelos outros e o auo-sacrifício”, disse Eguchi, explicando que o espírito bushidô está presente no dia em diversas situações.
“Por exemplo, tanto na ajuda mútua em desastre do terremoto e tsunami no Japão em 2011 como na limpeza dos estádios após os jogos da seleção japonesa na Copa do Mundo”, observou, concluindo que “acredito que ‘do-caminho’ não é apenas aprender técnicas, mas também aprender os ensinamentos da vida”.
Resiliência – Proponente da homenagem, o Coronel Nishikawa lembrou que a sessão solene foi o seu último ato como deputado estadual. “Encerro meu mandato com orgulho. Tudo que fizemos tínhamos que fazer. É nossa obrigação homenagearmos esses jovens – hoje mesclado com muitos não descendentes de japoneses – que formam uma doutrina. É um legado que os japoneses deixam para dar continuidade a nossa cultura, o bushido. Nosso intuito sempre foi no sentido de salvar vidas. Parte da minha carreira foi dedicada ao Corpo de Bombeiros, onde aprendemos a ser leal, justo e ter razão e honra, mas principalmente, a resiliência. Resiliência para continuar ajudando a população, para que tenhamos um futuro que possamos nos orgulhar, orgulho de dizer somos brasileiros, mas também absorvemos outras culturas, como a japonesa, africana e europeia. Mas é importante que em nosso país a gente possa mesclar essas culturas e levar adiante aquilo que já vai se abandonando em seus próprios países de origem, como o bushido no Japão”, explicou Nishikawa, que também foi o autor da lei que instituiu o Dia do Samurai no Estado – a ser comemorado no dia 24 de abril, aniversário de Jorge Kishikawa.
Homenagens – Na ocasião, foram homenageados autoridades civis e militares em reconhecimento pela colaboração e reconhecimento de todos na divulgação da cultura samurai e seus princípios. Entre os homenageados, estavam o representante chefe da Jica, Masayuki Eguchi; o deputado estadual Marcio Nakashima (representado por seu assessor parlamentar), o arquiteto Sergio Hiroaki Ishikawa, presidente da Associação Nikkei de Atletismo São Paulo (Anasp), ex-bolsista Jica e coordenador geral do Programa Shizen Ambiental e ex-presidente da Associação Shimane Kenjin do Brasil, e o professor José Roberto Kassai.
Por fim, os presentes assistiram uma demonstração de combate com alunos do Niten.
(Aldo Shiguti)