Com Expo-Agrícola da Região de Lins, Abcel se mantém fiel às suas raízes

Com o intuito de valorizar o pequeno produtor, em especial aqueles que praticam a chamada agricultura familiar, a Abcel – Associação Beneficente, Cultural e Esportiva de Lins – realizou, nos dias 5 e 6 deste mês, em sua sede, a 65ª edição da Expo-Agrícola da Região de Lins. O evento contou com a participação de cerca de 200 produtores rurais – muitos dos quais dos programas de assentamento atendidos pelo Itesp – e aproximadamente 600 amostras de produtos. Após o evento, os produtos foram doados para diversas entidades assistenciais do munícipio: CEI São José, Creche Dom Bosco, Casa da Criança e Lar Vicentino.

Um dos destaques da programação, que contou também com uma área para venda de produtos e artesanatos, além de uma praça de alimentação, foram as palestras com o ex-secretário estadual da Agricultura do Paraná e presidente do Conselho do Sicoob Ouro Verde, George Hiraiwa, que falou sobre “Startup no Agro”, e com o agricultor Sergio Roncoleta sobre “Experiências com Hidroponia”

Abertura – Na sexta, a cerimônia de abertura contou com a presença do presidente da Abcel, Massamitu Masuda; do presidente da Comissão Organizadora, Mitiyuki Nishizawa; do secretário municipal de Desenvolvimento e Planejamento Estratégico de Lins, Juliano Munhoz Beltani; do secretário municipal de Cultura e Turismo, Ailton Pereira Torres; da secretária municipal do Meio Ambiente e Agropecuária, Mayara Moreira dos Santos (na ocasião representando o prefeito de Lins); do diretor Adjunto de Política de Desenvolvimento da Itesp, Jefferson Alexandre da Silva; do prefeito de Promissão, Artur Nogueira Franco; do prefeito de Sabino, Eder Ruiz Magalhães de Andrade; do diretor de Relações Institucionais da Cocriagro, George Hiraiwa e do diretor da EDR de Lins, engenheiro Harumi Hamamura, além de Takenobu Okaji, presidente da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste – Setor 1B e do presidente da Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Promissão, Fábio Maeda, entre outros.

Vocação e talento  – Massamitu Masuda explicou que, bastante tradicional em Lins e região, a Expo-Agrícola tem como objetivo dar visibilidade ao trabalho da agricultura familiar e resgatar as tradições buscando valorizar o setor.

Troca – Ao Nippon Já, Masuda destacou a importância da agricultura familiar. “É uma amostra de quanto os nossos empreendedores rurais têm vocação e talento para produzir alimentos de boa qualidade. São eles que trazem todos os dias verduras e frutas frescas para as nossas mesas. Além disso, movimentam a economia local, numa troca de vai e vem“, disse Masuda, acrescentando que “essa tradição não pode morrer nunca”.

“Sem o trabalho deles corremos o risco de irmos cada vez mais longe para comprar nossos alimentos”, comentou Masuda, acrescentando que, “em cidades de médio porte, o trabalho dos pequenos rurais fica ainda mais visível.

Identidade – Masuda explicou que, em parceria coma Embrapa, a Abcel também está empenhada na busca de um produto que identifique a região. Segundo ele, os estudos com o açaí já estão bastante adiantados. “É uma fruta que se adapta bem a nossa região”, disse.

Em seu discurso, Mitiyuki Nishizawa reforçou a importância do evento afirmando que a agricultura familiar “é um dos pilares que sustentam a nossa economia”. E explicou os três objetivos da Expo-Agrícola: classificação dos produtos a cargo dos agrônomos da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) de Lins; a mostra em si; e a premiação dos produtos classificados.

Locomotiva – Para o prefeito de Sabino, “se o Brasil é a terra do agro, mais da metade vem da agricultura familiar”. Eder Ruiz citou dados recentes do IBGE, que apontam que 70% dos produtos consumidos na mesa dos brasileiros vem da agricultura familiar.

Para Jefferson Alexandre da Silva, diretor Adjunto de Política e Desenvolvimento da Itesp – órgão vinculado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento e responsável pelo planejamento e execução das políticas agrária e fundiária do estado de São Paulo – “em 2023, se pegarmos somente os assentamentos atendidos pela Itesp em Promissão, Presidente Alves, Cafelândia e José Bonifácio, a renda foi muito alta”.

Locomotiva – “A gente sabe que a economia só se movimenta quando a gente tem uma agricultura forte. E nos municípios medianos, a agricultura familiar é a locomotiva que faz com que as coisas aconteçam, que fomenta a economia, gera empregos e gera renda para estes municípios”, observou o representante da Itesp.

Ex-secretário estadual da Agricultura do Estado do Paraná, George Hiraiwa disse que o momento era de “gratidão por que a história da minha família começa aqui em Cafelândia, quando meu avô resolveu migrar para o Brasil e minha mãe tinha dois anos”.

Segundo ele, sua missão no evento era explicar “o quê um sessentão faz junto com a molecada”. “Basicamente é tecnologia. Não temos mais como escapar e não podemos continuar fazendo a mesma coisa na agricultura como a gente vem fazendo, produzindo da mesma forma, não é possível mais. Alguém lá em cima está olhando e está vendo, o tempo está pedindo mudanças”, afirmou Hiraiwa.

Não desanimem – Para o secretário municipal de Desenvolvimento e Planejamento Estratégico de Lins, Juliano Munhoz Beltani, “nós sabemos a importância do alimento que nós temos e a nossa região é bastante produtiva em diversos aspectos”. Segundo o secretário, realizar uma feira como a Expo-Agrícola é “importante para mostrar para as pessoas o que está sendo produzido, mas mais importante ainda é mostrar o trabalho de vocês”.

E encerrou sua fala com um pedido aos pequenos produtores: “Não desanimem nunca porque se tem alimento a gente não vive. Se vocês pararem lá no campo, como que vai ser de nós aqui na ponta? Sem alimento a gente não vive e são vocês que fazem isso acontecer”, afirmou Juliano.

Avanço – Representando o prefeito de Lins, a secretária municipal do Meio Ambiente e Agropecuária, Mayara Moreira dos Santos, disse que a exposição vem de encontro com o trabalho da pasta, que procura incentivar e preservar a agricultura familiar. Segundo ela, recentemente a Câmara Municipal de Lins aprovou uma Lei para que 30% de todas as compras da Prefeitura sejam da agricultura familiar. “Nós consideramos que é um avanço, mas sabemos que podemos fazer muito mais”, destacou a secretária.

História – Já o presidente da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste – Setor 1B, Takenobu Okaji, falou um pouco sobre a história da imigração japonesa em Lins, saga que teve início em 1916 e cujo auge aconteceu por volta de 1939, quando a população de imigrantes chegou à casa de três mil famílias, com cerca de 20 mil pessoas, e sobre os produtos que movimentaram a economia do país, inicialmente com o café e depois com o ciclo da cana de açúcar.

“Na década de 50, a Associação Cultural Esportiva de Lins realizou a primeira exposição agrícola da região de Lins com muito sucesso”, disse, lembrando que, na década de 70, com a instalação das usinas de álcool e açúcar na região de Lins, “percebemos uma diminuição do número de expositores e produtos apresentados”.

“É de suma importância que os nossos representantes, nos níveis municipal, estadual e federal, estejam atentos para essa situação e estudem e busquem formas eficazes de apoiar e fortalecer a sustentabilidade e a produtividade nas atividades agrícolas, em especial a agricultura familiar, fundamentais para o sustento das famílias brasileiras”, finalizou Okaji.

(Aldo Shiguti)