Com homenagem a Londrina, Expo Japão registra recorde de público
Com o tema “Tradição, Memória e Cultura”, a Expo Japão 2024, realizada de 29 de maio a 02 de junho, na Acel – Associação Cultural e Esportiva de Londrina – registrou recorde de público com 39 mil visitantes em cinco dias de evento. A marca anterior, de 37 mil pessoas, havia sido alcançada em 2022, na primeira edição pós-pandemia. Este ano, a Expo Japão também bateu o recorde diário de visitantes na festa em um único dia, com a presença de 12,3 mil pessoas no sábado (01/06).
Para o coordenador da Expo Japão 2024, Luciano Matsumoto, “podemos afirmar sim, que a Expo Japão 2024 foi um grande sucesso”. “Não individual, mas sim o resultado do trabalho de mais de 300 voluntários que doam os seus talentos para que esta grande festa possa acontecer”, disse ele, explicando que, “independente dos números em si, o sucesso do evento se mede principalmente no ambiente de felicidade e satisfação dos visitantes, expositores, colaboradores e voluntários da Expo Japão”.
Além dos voluntários, Luciano Matsumoto agradeceu também os patrocinadores e apoiadores institucionais. Segundo ele, este ano foram 43 empresas e entidades que depositaram confiança no evento.
Considerado o maior evento do maior do estado do Paraná de valorização e divulgação da tradição, costumes e hábitos da cultura japonesa, a Expo Japão proporcionou aos visitantes uma rica experiência na cultura japonesa.
Durante cinco dias, o público que compareceu ao evento teve oportunidade de conhecer um pouco mais sobre essa milenar e fascinante cultura através de workshops culturais, apresentações artísticas – com danças tradicionais e modernas – artes marciais, bazaristas e, claro, uma ampla praça de alimentação com participação de vários departamentos da Acel.
Exposição Agrícola – Além disso, a Expo Japão apresentou uma amostra do potencial agrícola dos produtores do Norte do Paraná com a realização da 61ª Exposição Agrícola. A Expo Japão também abriu espaços para debates técnicos com a 11ª Agroinovatec, com palestras sobre produção de cereais com baixa emissão de carbono, tratorização, cefeicultura e fruticultura rentáveis, produção de lúpulo cervejeiro e cervejas artesanais, entre outros temas.
Ações sociais – Ao Nippon Já, Luciano Matsumoto também lembrou que a Expo Japão desenvolve três ações sociais. Uma delas é a Tarde das Crianças, que aconteceu logo no primeiro dia da feira. “Esse ano recebemos mais de 550 crianças do quinto ou sexto ano de escolas municipais que vêm passar a tarde aqui na Expo Japão. Elas participam de workshops sobre a cultura japonesa e no final recebem um lanche, além de uma lembrança. Na sexta-feira (31 de maio), a gente abriu os portões da Expo Japão para um evento muito parecido, mas desta vez com a Terceira Idade. A gente trouxe cerca de 400 idosos de asilos do centro da cidade – a maioria atendida pelos três Centros de Convivência da Pessoa Idosa (CCIs) de Londrina – Oeste, Norte e Leste -, além de abrigados na Casa do Bom Samaritano e pessoas que recebem suporte da Casa de Apoio Madre Maria Gertrudes– para uma verdadeira imersão na cultura japonesa. E a última ação social que nós desenvolvemos é em parceria com a Secretaria Municipal de Educação através do Projeto ‘Japão que Inspira’, cujo intuito é levar um pouco da cultura japonesa para dentro das escolas municipais de Londrina durante o ano todo”, conta Matsumoto, explicando que o projeto culmina no palco da Expo Japão com a premiação do concurso de redação, que este ano recebeu cerca de 1300 trabalhos e selecionou os 12 melhores.
Passado e futuro – Para Luciano, trata-se de uma ação muito importante que a Expo Japão realiza com o intuito de “preservar para o futuro e que realmente faz a diferença, faz a transformação”.
Segundo ele, a Expo Japão também tem como objetivo “lembrar e honrar a memória dos nossos pais, ditians e batians, dedicando uma pequena parcela do nosso tempo para valorizar e manter as tradições, fazendo perpetuar estes valores para as próximas gerações”.
“Essa é uma das formas de agradecermos por tudo o que passaram, sofreram e fizeram para que nós chegássemos até aqui”, explicou o coordenador, afirmando que “não somos melhores que ninguém”. “Mas temos sim a oportunidade de nos reconhecermos como nipo-brasileiros e de fazer disso um caminho para ajudar a construir uma sociedade brasileira cada vez melhor, em todos os sentidos. Agradecemos também aos brasileiros pela forma como trataram e acolheram os nikkeis e seus imigrantes”, concluiu Luciano Matsumoto, que destacou a grande presença de não descendentes de japoneses na festa.
“É um público que a gente faz questão de trazer e que não é só de Londrina. A gente fez uma pesquisa no passado para saber de onde essas pessoas vinham e constatamos que muitas delas vinham de cidades de até 50, 60 quilômetros de distância de Londrina. Recebemos também muitas pessoas do estado de São Paulo”, disse Matsumoto.
Abertura – E no feriado de Corpus Christi, segundo dia da Expo Japão, o fluxo de pessoas já era intenso, como constatou a reportagem do Nippon Já. Nesse dia, foi realizada também a abertura oficial da festa, com a presença de várias autoridades.
Estiveram presentes o cônsul geral Adjunto do Japão em Curitiba, Rei Oiwa; a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes (representando o prefeito Marcelo Belinati); o deputado estadual Tiago Amaral; os deputados federais Luiz Nishimori e Diego Garcia; os vereadores Eduardo Tominaga e Jairo Tamura; o presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná, Eduardo Suzuki; a coordenadora de Relações Internacionais da província de Hyogo no Brasil, Cristiane Ueta; o diretor da Cooperativa Integrada, Sérgio Otaguiri e o presidente do Conselho da Sicoob (Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil), George Hiraiwa, entre outros.
Para a presidente da Acel, Luzia Yamashita, o sucesso da Expo Japão deve-se também ao fato de a associação ter sua história ligada à própria cidade de Londrina. “Ainda em 1933, um ano antes da fundação da nossa cidade, surgiu a Acel, então Associação Japonesa de Londrina (Nihonjin-kai). Hikoma Udihara, nosso primeiro presidente, registrava seu nome nas páginas da história da história da colonização, que teve os capítulos iniciais ainda em 1929”, lembrou Luzia, explicando que em 1955, a fusão da Nihonjin-kai (Associação Japonesa) com o Seinenkai (Associação dos Moços) resultou na sigla atual, dando largada à Acel. “São capítulos que se misturam à cidade de Londrina. Pelos campos, quadras e salões da Acel foram construídas carreiras de grandes nomes do esporte nacional. Fortalecemos a cultura e estimulamos o empreendedorismo”, disse Luzia afirmando que os primórdios da pujante Expo Londrina também tiveram a participação da Acel.
Novos capítulos – Segundo a presidente da Acel, cabe as novas gerações preservar e honrar este legado, escrevendo novos capítulos com tecnologia, com inovações e com respeito a toda essa trajetória. “Vamos preservar tudo o que construímos e dar passos além. O futuro já chegou e urge pelo nosso lugar nessas novas páginas. Somos elementos vivos dessa transformação, valorizando o passado, mas que, efetivamente, tornando realidade as inovações deste universo desafiador que está por vir”, disse Luzia, acrescentando que “a Acel vai continuar firme e unida com seus ideais de preservar a cultura e o legado de nossos antepassados”.
“Vamos continuar sendo motivo de orgulho para quem nos trouxe aqui. A Expo Japão, mais uma vez, é uma amostra de tudo que construímos, finalizou Luzia Yamashita.
Representando o chefe do executivo, a secretária municipal de Educação frisou que “não se conta a história de Londrina sem falar da Expo Japão”. Segundo Maria Tereza Paschoal, Londrina é hoje uma cidade mais resiliente e mais justa “porque ela tem memória”. “E quem tem memória, tem justiça. Londrina é uma cidade que tem tradição, Londrina é uma cidade que tem cultura por conta dessa união, por conta desse povo tão abençoado”, disse Maria Tereza Paschoal.
Em casa – Casado com a engenheira agrônoma Juliana Tiemi Yagushi, o deputado estadual Tiago Amaral comentou que tem oportunidade de conviver e de entender a história da imigração japonesa “dentro da minha casa”. “A chegada do povo japonês não foi uma chegada fácil, foi de muito sofrimento. E quando a gente olha hoje e vê o destaque que a comunidade nipo-brasileira tem, a importância que tem hoje, a gente percebe como ela faz parte da nossa história e como ela contribuiu para a formação e a base dos princípios e valores da nossa cidade”, destacou o parlamentar.
Festa familiar – Já o deputado federal Diego Garcia falou sobre a “beleza da festividade”. “Queremos ter mais festas familiares como a Expo Japão acontecendo na nossa cidade porque aqui a gente se sente seguro, se sente em paz, num ambiente familiar, apesar de ter muita gente presente”, comentou.
O também deputado federal Luiz Nishimori observou que a Expo Japão é um dos maiores eventos de Londrina e que reúne amigos e as famílias paranaenses para cultivar a rica cultura japonesa.
Uma festa tão família que fez o cônsul Rei Oiwa sentir-se como se estivesse em sua casa, no Japão. “Aqui está cheio de coisas que eu via quando eu era criança, quando eu ia aos festivais que aconteciam perto da minha casa, em Tóquio”, lembrou. Segundo ele, “mais ainda que a gastronomia e os produtos japoneses presentes na Expo Japão, vi que estão presentes nesta festa muitos valores que os japoneses tentam preservar e que, às vezes, mesmo no Japão hoje em dia estão sendo perdidos”.
“Mas senti que aqui em Londrina todos esses valores importantes do povo japonês estão sendo preservados e transmitidos às novas gerações. Por isso estou muito impressionado e agradecido. Nesse sentido, gostaria de elogiar o trabalho muito significativo que está sendo feito pela Acel e parabenizar como representante do governo japonês esse trabalho muito importante de preservação e divulgação da cultura japonesa”, destacou o cônsul Rei Oiwa, lembrando que esteve em Londrina em 2018 como intérprete da então princesa Mako.
Fumio Kishida – “Me lembro muito bem da maneira calorosa de como a Acel e o povo de Londrina receberam a então princesa Mako e de como ela ficou muito feliz com a maneira carinhosa com que foi recebida. Por isso eu estou muito feliz em poder voltar para a Acel como cônsul, em especial em um ano muito importante em que se comemoram os 90 anos do município de Londrina”, disse Oiwa, que lembrou ainda a recente visita do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida ao Brasil.
“Infelizmente ele não passou no Paraná, mas foi uma viagem muito frutífera a São Paulo e Brasília. Ele fez questão de visitar o Brasil porque o país é muito importante para o Japão e por isso nosso Consulado também faz questão de sempre tentar fortalecer as relações com o Brasil, em especial, com a cidade de Londrina e com o Estado do Paraná”, destacou o cônsul Oiwa.
Força do campo – Por fim o presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão, Eduardo Suzuki, parabenizou toda a diretoria da Acel pela realização da Expo Japão. “Estamos comemorando 116 anos da imigração japonesa aqui no Brasil. A Acel, os expositores e seus colaboradores de Londrina vêm realizando anualmente um evento desta grandeza mantendo a tradição japonesa e, ao mesmo tempo, comprovando a força do campo e a união dos agricultores, que funcionam como impulso esse município de Londrina”, salientou Suzuki, que reforçou ainda os aspectos sociais e filantrópicos da festa.
“São eventos desta amplitude que ajudam a manter viva todas as tradições trazidas por nossos antepassados”, destacou Eduardo Suzuki.
Segundo ele, ao longo da vitoriosa história da Expo Japão, foi possível aprender, a cada edição, “que a verdadeira força motora está na capacidade do voluntariado”. É ela que proporciona não só a Acel, mas a todas as entidades parceiras desenvolver a cada edição as novas atrações e com o incomparável calor humano que valoriza a cada setor deste evento”, concluiu Suzuki.
(Aldo Shiguti)