Desafios e perspectivas em 2024 na redução da violência urbana inspirada nos Kobans

A persistência da violência urbana continua a desafiar a segurança e o bem-estar de nossas comunidades, criando uma sombra constante sobre as cidades.

No enfrentamento diário dessa complexidade como Delegada de Polícia, torna-se imperativo refletir sobre os desafios que nos aguardam em 2024 na incansável luta contra esse flagelo social.

Ao longo dos anos, enfrentamos desafios emergentes que demandam uma abordagem dinâmica e estratégica. Além disso, as disparidades socioeconômicas continuam a alimentar a criminalidade em muitas áreas urbanas, gerando um terreno fértil para a violência prosperar. Nesse contexto, é essencial que as forças de segurança atuem de maneira proativa, abordando não apenas os sintomas, mas também as raízes estruturais da criminalidade.

Podemos encontrar inspiração em um exemplo bem-sucedido no Japão com os Kobans, destacando a participação ativa da comunidade como peça-chave na segurança urbana. As ruas japonesas, famosas por sua notória segurança, têm no “Koban” um fator crucial para a manutenção da paz. O “Koban” é estrategicamente posicionado para garantir a segurança geral.

Esse modelo de sucesso refere-se a delegacias construídas em áreas-chave da cidade, como em frente a estações de trem ou em bairros comerciais. O termo “Koban” traduz-se literalmente como “revezando-se para vigiar”, indicando que os policiais estão estacionados lá o tempo todo, revezando-se em turnos (“Kotai” em japonês) para vigiar (“Ban” em japonês) 24 horas por dia.

O papel central do “Koban” é proteger a segurança da área local, envolvendo policiais em patrulha, respondendo a incidentes e acidentes, e investigando crimes. Além disso, os “Kobans” auxiliam em diversas situações, como cuidar de crianças perdidas, orientar pessoas perdidas, manter bens perdidos para os proprietários e ouvir as preocupações dos moradores locais.

O “Koban” não se limita a atuar apenas durante incidentes; sua função é ser uma presença regular na vida das pessoas, oferecendo apoio total para que vivam com segurança e proteção. Não é exagero afirmar que as pessoas no Japão desfrutam da vida cotidiana com paz de espírito devido à proximidade dos “Kobans”.

Fomentar a confiança entre a polícia e os cidadãos é essencial. Iniciativas como policiamento comunitário, programas de prevenção ao crime e diálogo aberto contribuem para fortalecer esses laços. A polícia, como uma extensão da comunidade, deve envolver os cidadãos nos processos decisórios e implementação de estratégias de segurança, enfrentando os desafios de frente e construindo uma base sólida para um futuro mais seguro.

À medida que nos aproximamos de 2024, encaramos um horizonte desafiador, mas repleto de oportunidades para transformar nossa abordagem à violência urbana. Adotando um olhar crítico, abraçando a inovação, a colaboração comunitária e a capacitação contínua, podemos construir um futuro mais seguro e justo.

A batalha contra a violência urbana é coletiva. Como Delegada de Polícia, reafirmo nosso compromisso em trabalhar incansavelmente para proteger e servir. Juntos, policiais e cidadãos, podemos moldar uma realidade onde a segurança é uma certeza para cada membro de nossa comunidade. Inspirados pelos Kobans, buscamos um caminho eficaz para um Brasil mais seguro e pacífico.

Raquel Gallinati é delegada de polícia e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil

 

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