Do sonho à realidade, Nipo de Jundiaí celebra sucesso de seu primeiro matsuri

O grupo Houkou do Nipo de Jundiaí, com 15 integrantes, foi destaque no Parque da Uva

Foi por acreditar em um sonho que a Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Jundiaí decidiu realizar, nos dias 24, 25 e 26 deste mês, no Parque Comendador Antônio Carbonari, o Parque da Uva, a primeira edição do Jundiaí Matsuri. E para que esse sonho se tornasse realidade, a Comissão Organizadora – presidida por Célio Okumura Fernandes – contou com a ajuda de muitas pessoas, voluntários, da sociedade civil, do poder público e, principalmente, de patrocinadores.

“Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade. Foi um sonho sonhado por todos nós, incluindo os ex-presidentes que estão aqui presentes. Mas foi difícil vender esse sonho porque não tínhamos nenhum material para apresentar e para fazer as pessoas acreditarem nesse evento. As pessoas acreditaram na nossa história, confiaram no histórico da Associação Nipo-Brasileira de Jundiaí e em todos os trabalhos que a gente desenvolve junto à própria sociedade e no trabalho com outras entidades também”, destacou Célio em seu discurso na cerimônia de abertura, na noite de sexta-feira, que contou com a presença do prefeito Luiz Fernando Machado; do cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana; do presidente da Fundação Japão, Masaru Suzaki e demais autoridades, lideranças nikkeis e patrocinadores, além dos ex-presidentes da associação: Mario Yamazaki, Mizuto Yamazaki e Alberto Nashiro.

Autoridades e convidados na cerimônia de abertura

Balanço – E, se depender da primeira edição, o sonho deve continuar. Realizado em parceria com a Prefeitura Municipal e com a Tasa Eventos, o evento atraiu cerca de 25 mil pessoas nos três dias.

Expectativa – Em seu discurso, o atual presidente, Pedro Ianamura, o Pedrão, lembrou que era possível constatar que o Jundiaí Matsuri era bastante diferente dos eventos que a associação costuma realizar anualmente, como o Bazar Beneficente – que acontece a cada dois meses e tem como destaque o yakisoba – a Noite do Udon e a Noite do Lámen. “Um evento deste porte, no Parque da Uva – o principal da cidade – é o primeiro. E esperamos que seja um sucesso para que possamos continuar realizando nos próximos anos”, disse Pedrão, afirmando que a expectativa era enorme.

“Estávamos sonhando realizar este evento há muito tempo. Era para ter sido realizado originalmente em 2020, mas por conta da pandemia tivemos que abortar o sonho”, lembrou o presidente.

“A primeira impressão que temos é que superou as nossas expectativas”, comemorou Pedrão na segunda-feira.

Valores – Quem também comemorou foi o prefeito Luiz Fernando Machado. Ao Nippon Já, o chefe do executivo disse que a realização do Jundiaí Matsuri “significa a valorização das tradições”. “A comunidade japonesa tem uma grande responsabilidade no desenvolvimento do Estado de São Paulo desde quando aqui aportou o primeiro navio trazendo sua cultura, a disciplina, esse auxílio que deu a nossa agricultura e tudo aquilo que fez para o desenvolvimento do Estado de São Paulo e do Brasil. E para Jundiaí, que tem uma grande colônia japonesa, poder receber um evento dessa magnitude é razão de muita felicidade para todos nós, especialmente a minha, na condição de prefeito abrigar um evento tão lindo como esse preservando as raízes e tradições da cultura japonesa junto conosco”, destacou o prefeito, acrescentando que a festa agrega não só cultura e movimenta a economia como agrega também “os valores que os japoneses trouxeram”.

Abençoada – “A cultura japonesa, especialmente os valores, estão concentrados na nossa sociedade, estão próximos das nossas vidas e isso é razão de ser comemorado quando nós podemos olhar para trás e compreender que a colônia japonesa tem uma grande responsabilidade pelo desenvolvimento do nosso Estado e por nossa cultura ter sido tão abençoada com aquilo que os senhores compartilharam de valores e oportunidades conosco em nossa cultura paulista e na cultura do Estado de São Paulo”, disse o prefeito, destacando que Jundiai é a quinta maior economia do Estado e 15ª do país. “Mas esses dados não são suficientes para nós. Aquilo que mais nos encanta é sermos o 4º índice de desenvolvimento humano de SP e o 11º melhor índice de desenvolvimento humano do país”, afirmou, acrescentando que “sociedade boa não é sociedade que enriquece excluindo, sociedade boa é sociedade que prospera dividindo as suas riquezas com a sociedade”.

Takao, cônsul, prefeito e Masaru Suzaki

Imersão –Fechando os discursos, o cônsul Ryosuke Kuwana disse que “ao celebrar este ano 115 anos da imigração japonesa aqui no Brasil, este festival traz uma gama muito ampla das distintas áreas da cultura japonesa, desde as culturas tradicionais, tais como taiko, ikebana, bonsai, origami, etc, até as mais modernas, como mangá, anime e cosplay”.

Segundo ele, “também não podemos esquecer uma grande variedade de culinária japonesa, como yakisoba, tempura, takoyaki e lamen”. E destacou ainda a presença da Fundação Japão com o projeto Sky Bridge, um programa de vídeo em VR (Realidade Virtual) sobre o tema da amizade entre o Japão e o Brasil. “Acho que este Festival proporciona realmente uma imersão profunda da cultura japonesa”, concluiu o cônsul, que concluiu seu discurso com votos que o evento “seja amado por toda a população de Jundiaí desta região e que perdure por muitos anos”.

Essa, pelo menos, é a intenção da Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Jundiaí.

Novos membros – “Vamos conversar corrigirmos eventuais falhas para que possamos projetar as próximas edições. O mais importante é que todos saíram felizes. E como primeira edição, isso nos deixa muito motivado”, garantiu Pedro Inamura, explicando que o Jundiaí Matsuri faz parte de uma ação da associação para tentar atrair novos membros.

“Atualmente estamos com 350 famílias associadas, mas há cerca de dez anos já tivemos 600 famílias. Esse número caiu para 200 e agora estamos tentando fazer novamente um trabalho para aumentar o quadro de associados”, disse Pederão.

E, no que depender do prefeito, as próximas edições já estão garantidas. “Esperamos que este seja o primeiro de muitos. O Parque da Uva  já está reservado para que a gente tenha pelo menos mais algumas edições pela frente”, disse Luiz Fernando Machado.

A festa – Dividido em três Pavilhões – Cultural, Artísitico e Comercial – além da Praça de Alimentação, o Jundiaí Matsuri apresentou uma programação variada para a família, com shows com cantores tradicionais da comunidade nipo-brasileira, como Joe Hirata e Karen Ito, workshops de mangá, origami, bonsai, entre outros. Na área gastronômica os visitantes tiveram à disposição comidas típicas, como os tradicionais sushis, sashimis e ramen, além da yakissoba, tempurá e o takoyaki, além de doces. Os fás de anime e mangá também tiveram espaço com a cultura pop presente no desfile de cosplays e nos comércios de artigos dedicados à cultura oriental.

(Aldo Shiguti)

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