Encontro Internacional divulga ações dos jovens nikkeis na América Latina e fortalece rede

Autoridades e participantes do Encontro Internacional de Jovens Nikkeis; ao lado, os representantes das entidades organizadoras

Com o objetivo de divulgar importantes ações realizadas pela comunidade nikkei em diferentes países da América Latina e compartilhar estas experiências  como boas práticas que podem ser adotadas em outros países, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão (MOFA), Associação Brasileira de Ex-Bolsistas do Gaimusho Kenshusei e JCI Brasil-Japão, com apoio do Consulado Geral do Japão em São Paulo realizaram, no dia 24 de março, em formato online, a primeira edição do Encontro Internacional de Jovens Nikkeis da América Latina.

Participaram representantes da Argentina, Brasil, México, Paraguai e Peru.

Na abertura, discursaram Kentaro Uesugi, vice-ministro parlamentar para Assuntos Estrangeiros do Japão; o presidente do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social), Renato Ishikawa, e o embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi.

Uesugi lembrou que a comunidade nikkei na América Latina soma mais de 2,2 milhões de pessoas, o que representa 60% de todos os nikkeis no mundo. “A postura perante a vida, bem como a trajetória dos imigrantes e dos nikeis, superando incontáveis dificuldades com trabalho, honestidade e seriedade, destacando-se nas mais diversas áreas ao longo de mais de um século, constituíram a fundação sobre a qual encontram-se o respeito, a confiança e a amizade dos países da América Latina pelo Japão e pelos japoneses”, destacou o diplomata, explicando que recebe informações das autoridades de vários países latino-americanos, “inclusive chefes de estado sobre a diversidade das contribuições dos nikkeis, cujo sucesso também faz com que nós japoneses que vivem no Japão, tenhamos muito orgulho pelas  senhoras e senhores”.

Kentaro Uesugi “Temos muito orgulho pelas senhoras e senhores”

Uesugi lembrou que é de Fukushima, região afetada pelo grande terremoto e pelo acidente na usina nuclear em 11 de março de 2011, e agradeceu a comunidade nikkei “não só o apoio à reconstrução com o qual nos honraram imediatamente após o desastre até o momento atual de recuperação, mas também as mensagens carinhosas, as condolências, os incentivos repletos de sentimentos e os tantos votos de apoio que recebemos”.

Disse ainda que o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão tem auxiliado as atividades nikkeis em ações para o enfrentamento da covid e que, por meio da Jica, tem atuado na prevenção do contágio em instituições médicas e de assistência social subsidiando despesas para permitir a continuidade de suas atividades além de outras ações”.

Representantes do MOFA, senhores Minoya e Toyota

 

Progredir, liderar e inspirar juntos – O embaixador Teiji Hayashi explicou que os eventos online e híbridos também serão úteis na pós-pandemia e a importância de trocar conhecimentos com outras organizações nikkeis, “inclusive sobre como organizar tais eventos”.

Embaixador Teiji Hayashi “Continuaremos apoiando os jovens”

“A cooperação de vocês, geração mais jovem, é essencial para essa nova iniciativa. Vocês são responsáveis em transmitir a cultura e os valores nikkeis para próxima geração”, afirmou o embaixador, reforçando que “gostaria de continuar dando o máximo de apoio as gerações mais jovens de nikkeis em estreita colaboração com as Embaixadas e Consulados Gerais para o desenvolvimento futuro da comunidade nikkei”.

Por fim, Renato Ishikawa, presidente do Bunkyo, destacou que, “em nossa gestão, inspirado nos princípios do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, focamos nossas ações de acordo com três princípios: progredir juntos, liderar juntos e inspirar juntos”,

Segundo ele, uma das prioridades de sua gestão tem sido a de fortalecer o relacionamento do Bunkyo com as entidades nikkeis de todo o Brasil e do Exterior. Além disso, conta que tem buscado estimular o protagonismo dos jovens, valorizando a atuação deles na coordenação de novos e de eventos tradicionais da entidade.

“Ficamos bastante otimistas com os belos resultados conquistados pelos jovens como também pela agilidade deles em estabelecerem parcerias com entidade irmãs”, explicou o presidente do Bunkyo, que listou alguns projetos com a participação dos jovens. Para ele, “a iniciativa de valorizar a atuação dos jovens será importante para o futuro das nossas entidades e para o intercâmbio Brasil-Japão”.

 

Palestra – Um dos destaques foi a palestra da diretora do MOFA para Assuntos da América Latina e do Caribe, Maki Kobayashi, que falou sobre a política diplomática do Japão para a América Latina. Bacharel em Direito pela Universidade de Kyoto e com uma carreira de mais de 30 anos no Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, ocupando diversos cargos – trabalhou em países como França e Malásia – ela iniciou sua palestra destacando o que considera “três grandes problemas atuais”: as ameaças em relação ao clima e as mudanças climáticas; a pandemia e o estado de direito e como o Japão está lidando com essas questões.

Maki Kobayashi lembrou que a relação do Japão com a América Latina é antiga e que esses laços foram intensificados em 2014 com a visita do então primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

 

Kakehashis – Ela comentou que essas relações não podem ser descritas por meio de palavras e sim sentidas por laços de afeto e de espírito. “Consideramos ‘kakehashis’, pontes de ligações entre os nossos países”, disse Maki, que usou o exemplo do beisebol. Para ela, mesmo sendo de países latino-americanos, que tem outros esportes como “preferência nacional”, como o futebol, muitos descendentes de japoneses ainda praticam o beisebol, mantendo uma tradição herdada dos pioneiros.

Maki citou ainda quatro formas de intensificar essa relação de cooperação entre a América Latina e o Japão: através do intercâmbio de pessoas; da disseminação de informações sobre o Japão, como os Festivais do Japão – que ela considera uma oportunidade valiosa que permite as pessoas sentirem um pouco do Japão mesmo estando em seus países – ; a colaboração de negócios na área de business e a cooperação com outras comunidades nikkeis. Como atividades para promover esse estreitamento, Maki destacou os programas de visitas, networking e encontros de jovens nikkeis. E também ressaltou a cooperação do governo japonês por intermédio da Jica, a Agência de Cooperação Internacional do Japão – a diversas entidades nikkeis no enfrentamento à Covid-19.

 

Painéis – O terceiro bloco foi dedicado a três painéis. O primeiro, sobre as “Ações da comunidade nikkei durante a Covid-19”, contou com a participação da chef Telma Shiraishi, idealizadora do Movimento Água no Feijão. Realizado em parceria com a JCI Brasil-Japão, Abeuni, ABJICA, Comissão de Jovens do Bunkyo, Aliança Cultural Brasil-Japão, KIF Brasil e Asebex, o movimento distribuiu, de maio a dezembro de 2020, mais de 63 mil refeições. Em 2021, foram cerca de 25 mil refeições distribuídas para famílias em situação de vulnerabilidade.

 

Peru, Ganbare – Membro do Conselho de Administração da Associação Peruana Japonesa (APJ), o ex-bolsista Cesar Shimizu Oliva destacou o “Ganbare Nikkei” (Peru, Ganbare), uma campanha de solidariedade que mobilizou também a sociedade peruana e que, segundo ele, não ficou apenas no aprendizado, “mas que proporcionou uma oportunidade de manter valores criados a partir das primeiras gerações, como humildade, generosidade, respeito e solidariedade”.

Vitor Shimizu Oliva, da APJ “Manutenção dos valores herdados”

Da Argentina, Carlos Arasaki destacou a premiação instituída pelo Centro Nikkei Argentino e a presidente da Associação Mexicana de Ex-Bolsistas do Gaimusho do México, Vania De La Vega Shiota destacou a experiência vivida em seu país.

O Painel 2, sobre “Networking e Empreendedorismo” mostrou os cases da REN Brasil, das Mulheres Nikkeis do Paraguai e do Festival de Outono Akimatsuri, evento realizado anualmente pela Associação Cultural de Mogi das Cruzes e que costuma atrair cerca de 80 mil pessoas em quatro dias de programação.

Mulheres Nikkeis do Paraguai Encontro Internacional deve contribuir para inspirar outros projetos

O terceiro e último painel teve como tema “Matsuris/Atuação dos Jovens Nikkeis e Novas Lideranças da Comunidade Nikkei” destacou entre, outros exemplos, o Festival do Japão realizado pelo Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil) e o Pavilhão Japonês, localizado no Parque do Ibirapuera e mantido pelo Bunkyo.

Inspiração – No encerramento, o cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana disse que o evento foi muito relevante. “Conhecemos novos projetos e iniciativas interessantes, todos organizados pelos jovens nikkeis desses países. Mesmo que as realidades das comunidades nikkeis de cada país sejam diferentes, estou certo que este evento foi uma grande oportunidade e inspiração para compartilhar experiências e conhecimentos e fortalecer os laços entre todos nós”, disse o cônsul.

 

Ryosuke Kuwana “Oportunidade para compartilhar experiências”

Para o presidente da Associação Brasileira de Ex-Bolsistas do Gaimusho Kenshusei, Leandro Hattori, “apesar do tempo curto de preparo, acredito que conseguimos reunir um material bem rico com diversos projetos da comunidade nikkei da América Latina”. “Esperamos que esses projetos e os debates que foram realizados no evento possam inspirar mais nikkeis na América Latina a desenvolverem outros projetos para fortalecer ainda mais nossa comunidade”, finalizou

Quem perdeu e quer conferir como foi o evento, basta acessar:

Portuguêshttps://youtu.be/OGoROAJazDM

Japonêshttps://youtu.be/7WAWuZly8nE

Espanhol https://youtu.be/LgkDI_-BXOc

Deixe uma resposta