Erika Tamura – A importância do voto

Estamos em 2022, ano de eleições presidenciais. Para quem mora no exterior, é a única vez que temos a obrigação eleitoral para o voto (votamos apenas para presidente).

Trabalhando na área de assistência aos brasileiros no Japão, me deparei com uma realidade no mínimo curiosa: é impressionante o número de cidadãos brasileiros com o título de eleitor irregular. Uma das consequências da irregularidade do título, por conta de pendência eleitoral, está a dificuldade na renovação do passaporte.

Realmente fico triste com tudo isso, afinal, o voto é a arma mais poderosa que nós temos para ajudar (ou atrapalhar) no desenvolvimento do país. O dia que o brasileiro se der conta da importância do voto, o eleitor será a pessoa mais importante no cenário político do Brasil. Aí, sim, o país será comandado de acordo com o consenso da sua população.

Mas o constante descaso com o fator eleição tem mostrado uma realidade preocupante, pois quem não sabe votar, passará por alguns problemas políticos com graves sequelas sociais.

Nas eleições brasileiras no Japão, trabalhei como mesária em Tóquio, onde há uma grande concentração na demanda de eleitores. E olha, tem um fator preocupante nesse meio todo, pois vi vários eleitores que não falam português, que não sabem nada do Brasil, e votando para a escolha de um presidente do Brasil! São jovens brasileiros nascidos e criados no Japão, mas não são japoneses, são brasileiros e que têm como obrigação o comparecimento eleitoral. Me preocupa porque é uma parcela significativa participando de uma decisão de suma importância.

Isso sem contar os eleitores que não comparecem ou votam em branco ou nulo, realmente um desperdício.
Digo mais, a pessoa que deixa de votar de forma válida e consciente, é obrigada a aceitar SEM RECLAMAR, o candidato eleito! Você que não vota de forma consciente, terá a sua representatividade nula, sendo representada por aqueles que votam.

Não existe voto certo ou errado, existe voto! E vale ouro!

Eu sempre quis ter o poder de voto, lembro-me que quando completei 16 anos, a primeira coisa que fiz foi ir ao cartório eleitoral e requerer o meu título de eleitor, foi algo fascinante. Senti-me tão poderosa!

Uma vez, participando de um encontro de políticos na Embaixada do Brasil em Tóquio, me perguntaram o que eu acho que falta para que o brasileiro sinta-se integrado à sociedade japonesa. Respondi que, na minha opinião, a comunidade brasileira só subiria de patamar se tivesse direito ao voto no Japão. Votar em políticos japoneses, já que moramos no Japão, faria com que tivéssemos voz e respeito.

Como nos Estados Unidos, onde a comunidade brasileira passou a ser respeitada e politicamente organizada e engajada, depois da liberação do voto. A chance de poder votar é muito poderosa! Escrevam isso! Façam disso um mantra, pois tudo poderá mudar. Não admito que nenhum brasileiro que não votou nas últimas eleições reclame da realidade política do Brasil. Não escuto e não dou credibilidade! Afinal, não quer votar mas quer dar pitaco? Para cima de mim não, não aceito!

No passado, quantas mulheres lideraram uma campanha e brigaram para que hoje nós, mulheres, pudéssemos ter o direito de votar? E depois de tudo isso, ainda vejo mulheres com total desinteresse na escolha de um líder político.

Você pode não gostar de política, mas precisa ter o mínimo de consciência para escolher o seu governante, porque depois não adianta reclamar.

Eu não vivo no Brasil atualmente, mas sou muito ligada às minhas raízes brasileiras, não existe a menor chance de eu me desvincular do meu Brasil. Já tive oportunidades diversas em me naturalizar no Japão, mas o meu orgulho de brasileira não admite isso, carrego como meu princípio primordial. E eu sei que vou retornar em breve…

Mão na consciência antes de votar, por favor!

Quem não vota, tem que aceitar o que vier…

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