Erika Tamura – Dólar chega a ¥126 no Japão

Essa semana o dólar chegou ao valor de ¥126, o mais alto desde 2002.

Shunichi Suzuki, ministro das finanças no Japão, declarou que toda essa movimentação cambial é muito problemática, e que tem observado toda essa variação com muito cuidado.

O que isso interfere na nossa vida? Tudo! Já que com essa desvalorização do iene frente ao dólar, inflacionam o mercado de combustíveis e matérias-primas, ocasionando o aumento do custo de vida no Japão.

Para os brasileiros que vivem no Japão, o aumento dos preços reflete diretamente no dia a dia, já que os salários continuam estagnados. E no caso de necessidade de remessas financeiras ao Brasil para manutenção familiar, a coisa se complica ainda mais, afinal o câmbio não está favorável nem no Japão e nem no Brasil, pelo menos para nós.  Mas não podemos reclamar, pois o dólar a mais de 4 reais já é um ótimo negócio, eu cheguei no Japão na época do 1 para 1 (1 dólar = 1 real, aproximadamente).

Faz exatamente 20 anos que o dólar não chegava nesse valor de 126 ienes, o que pode afugentar alguns investidores no Japão, sem contar que o Japão depende muito da importação de vários produtos. O que acontece no momento é que com a perspectiva de aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, bem como a estratégia do Banco do Japão em manter as taxas baixas, proporcionou a queda da moeda japonesa em relação ao dólar.

Ainda temos a guerra da Rússia x Ucrânia, que contribuiu e muito para a inflação ocasionada com a alta dos combustíveis, gás e seus derivados. Tudo isso em meio a um cenário de pandemia mundial, no qual ainda não foi findada.

O Japão sempre manteve uma peculiaridade econômica, que era a deflação. Poucos economistas sabem lidar com uma nação que possui deflação, mas atualmente isso é uma realidade extinta, visto que o Japão deve bater recordes no número de inflação. Os dados mostram que o índice de preços de bens corporativos, que é o índice que mede o preço que as empresas cobram uma das outras, subiu 9,5% em março em relação ao mês de março do ano passado.

O ano fiscal no Japão termina sempre no mês de março e se inicia em abril, o que significa que esses dados sobre a alta da inflação não apareçam e não interfiram tanto no balanço final anual da economia japonesa, o que não significa que não há inflação.

O que nos resta é aguardar e continuar vivendo, no balanço cotidiano de medidas sócio econômicas que o mundo vive. E o Japão não está imune às variações financeiras e mercadológicas globais. Torcendo para que o Japão não entre em uma espiral financeira, onde na oscilação econômica, cada número puxa outro.

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