Érika Tamura – Violência doméstica no Japão

Dia 8 de março foi dia internacional da mulher. Por conta da simbologia que envolve essa data, uma amiga minha, que também trabalha na área assistencial aos brasileiros no Japão, lançou a ideia de fazermos uma live na rede social para abordarmos o tema da violência doméstica no Japão. O intuito foi de trazer para a discussão o tema da violência contra as mulheres e poder passar informações com orietações de todos os passos a serem dados.
É um assunto delicado, porém necessário de ser abordado, e mais ainda neste momento onde vejo os números de casos aumentando disparadamente.
O Brasil possui a delegacia da mulher, bem como a lei Maria da Penha, mas e o Japão? Aqui no Japão, as vítimas também estão respaldadas em leis, porém o que dificulta é a falta de conhecimento do idioma e do processo em si.
O governo do Japão disponibiliza abrigos para as vítimas de violência doméstica, contando com o acolhimento caso a caso.
Eu que trabalho em uma ONG, percebo o quão difícil é todo o trâmite, é um longo caminho a ser percorrido, e é também doloroso, pois a vítima já está muito abalada psicologicamente, as feridas físicas nem doem tanto, contudo as feridas na alma, essas sim são dilacerantes, e sangram por muito tempo.
Apesar do tema da live ser um assunto “pesado”, fiquei feliz com o resultado, pois conseguimos passar as informações de forma objetiva sem ser cansativo.
Participaram da live: eu, Erika Tamura, presidente da NPO SABJA, Lilian Mishima – fundadora do grupo SOS Mamães no Japão, Rúbia Infanti -psicóloga da NPO SABJA, Camila Santos – psicóloga do Projeto Tsuru, Marcia Regina Arai – advogada licenciada no Japão, Lais Ricci – influenciadora digital e a mediadora Elisa Maia – vice cônsul geral do Brasil em Nagoia.
Para quem quiser visualizar, a live ficou salva na página do facebook do Conselho de Cidadãos de Tóquio e na página do facebook do Consulado Geral do Brasil em Nagoia.
Participei da live como presidente da ONG em que atuo, mas também como membro do Conselho de Cidadãos de Tóquio, na qual faço parte. Lílian e a Dra. Márcia são membros do Conselho de Cidadãos de Nagoia.
Uma live composta somente de mulheres para mulheres, é essa a representatividade que precisamos no Japão, é importante para a comunidade brasileira que haja identificação com as pessoas que se propõe a ajudar.
Mas o mais importante de tudo é poder transmitir o nosso trabalho de acolhimento! Poxa vida, já é tão difícil morar fora do nosso país, em um lugar tão longe com culturas inversas e desconhecidas, o sentimento de solidão é um tormento para as vítimas de violência doméstica, e saber que podemos prover tal acolhimento com seriedade, na língua materna, e o mais importante com segurança e sigilo, faz de nós , responsáveis da felicidade humana. Mesmo em meio de tanta dor, não é justo que ninguém sofra sozinho, principalmente a vítima de violência doméstica. Estamos aqui para acolher, amparar e acompanhar cada mulher que nos procurar pedindo ajuda.

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