Famosa no Brasil nos anos 90, igreja de reverendo Moon nega ligação com assassino de Shinzo Abe

Autor dos disparos, Tetsuya Yamagami acreditava que Shinzo Abe tinha ligações com Igreja da Unificação

 

Após ter seu nome ligado ao assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, a Federação da Família para a Paz Mundial e Unificação (FFWPU, em inglês), chamada de “Igreja da Unificação”, emitiu um comunicado para a imprensa mundial, pedindo para que a mídia “mantenha seu compromisso profissional com a precisão, a imparcialidade e a objetividade”.

No Brasil, a igreja ganhou repercussão nacional após, nos anos 90, o líder da instituição, Sun-Myung Moon, reconhecido como “reverendo Moon”, dar início ao seu projeto de transformar a cidade de Jardim, no Mato Grosso do Sul, em uma “Nova Coreia”. Ao adquirir uma fazenda, centenas de fieis fixaram residência no local, consolidando-se em um grande centro religioso. Com o crescimento, Moon logo expandiu a atuação para outros setores, incluindo agropecuária e adquirindo times de futebol. Também eram frequentes os casamentos coletivos entre membros, em cerimônias que reuniam milhares de casais.

O fundador da igreja chegou a ser investigado em uma CPI na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul em 2002. Na época, a igreja já havia comprado cerca de 80 mil hectares para suas instalações. Foram oito audiências, em que prestaram depoimento membros da comunidade e funcionários e pessoas que haviam vendido as terras.

Polêmico, Moon faleceu na Coreia do Sul aos 92 anos, deixando um filho como sucessor e milhões de seguidores pelo mundo.

Assassinato de Shinzo Abe – Em meio às polêmicas do fundador, a Igreja da Unificação viu seu nome mais uma vez envolvida em uma crise, desta vez ao ser ligada ao assassino do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, morto a tiros na última quinta-feira (07). Tetsuya Yamagami, autor dos disparos contra o político, era contra o grupo religioso já há 20 anos, desde que sua mãe faliu depois de fazer grandes doações ao grupo. Ele também acreditava que o ex-premiê tinha ligação com a instituição religiosa.

Em nota divulgada à imprensa na terça-feira (12), a Igreja da Unificação enviou “sinceras condolências à família do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe e ao povo do Japão que está de luto pelo trágico assassinato do Sr. Shinzo Abe”. Segundo o comunicado, Shinzo Abe não tinha ligação com a instituição, tendo feito “pequenas referências a dois eventos on-line, que tratavam sobre temas de paz na Ásia”, em 2021.

Já Tetsuya Yamagami “não é membro da FFWPU, e não consta em nenhum de nossos registros como tendo sido membro anteriormente. No entanto, nossa própria investigação interna confirmou que a mãe dele é membro da FFWPU e participa ocasionalmente de atividades da igreja.  A alegação do Sr. Yamagami de que as doações feitas por sua mãe à FFWPU causaram problemas familiares é um assunto a ser investigado pela polícia. Quaisquer que sejam as queixas do Sr. Yamagami, nós condenamos veementemente a violência e o assassinato”, acrescenta a nota.

A igreja confirma que, na noite anterior ao crime, Yamagami “testou sua arma caseira  em um edifício que costumava abrigar uma igreja da FFWPU. Felizmente, ninguém se machucou”. “Além de perguntas preliminares sobre a associação do Sr. Yamagami com a FFWPU, a polícia ainda não nos contatou sobre esta investigação criminal. Os representantes locais da FFWPU cooperarão totalmente com quaisquer questionamentos por parte das autoridades e disponibilizarão informações relevantes à imprensa conforme apropriado”, complementa.

A Igreja da Unificação termina o comunicado informando que redobrará seus esforços na promoção de um mundo de paz duradoura. “Mais uma vez, estamos profundamente tristes com a perda de um dos maiores estadistas do mundo. Que a graça e as bênçãos de Deus estejam com o falecido primeiro-ministro, sua família, o povo japonês e aqueles que estão de luto em todo o mundo”, finaliza nota.

 

 

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