‘História do Bairro da Liberdade’ homenageia Hirofumi Ikesaki
Em evento realizado na noite desta segunda-feira (27), em sua sede, a Acal (Associação Cultural e Assistencial da Liberdade) lançou o livro “História do Bairro da Liberdade”, um registro histórico do Bairro Oriental e de personalidades que ajudaram a construi-lo. De autoria dos jornalistas Francisco Noriyuki Sato e Helder Horikawa, a obra foi feita “sob encomenda” do então presidente da Acal, Hirofumi Ikesaki, que faleceu em 1º de maio de 2022. Não à toa, o empresário participa como “coautor” da obra.
Estiveram presentes na cerimônia de lançamento o cônsul para Assuntos Políticos e Gerais do Consulado Geral
do Japão em São Paulo, Hiroyuki Ide; os vereadores Rodrigo Goulart e George Hato; o vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, Roberto Mateus Ordine, a viúva de Ikesaki, dona Michiyo, e os filhos,
Carlos, Roberto, Ricardo, Márcia e Suzi, além da nora, Celina, netas, e diretores da Acal, entre
eles, o ex-presidente, Tetuya Fujimoto, e o presidente do Conselho Deliberativo, Yataro Amino
Com patrocínio do Proac (Programa de Ação Cultural de São Paulo), Ikesaki Cosméticos e Honda, e apoio da Fundação Kunito Miyasaka e Delb, História do Bairro da Liberdade, como não poderia deixar de ser, é dedicado ao empresário Hirofumi Ikesaki, que durante 25 anos presidiu a Acal e cuja trajetória se confunde com a própria
história do bairro.
Pesquisas – Francisco Sato explica que o livro “demandou muitas pesquisas” e , segundo ele, “não existe outro bairro que atraia tantos turistas como a Liberdade, graças as suas características peculiares”. Características essas, conta, conquistadas através de lideranças que trabalharam com afinco, entre eles, citou Yoshikazu Tanaka, do Cine Niterói – que viria a ser o primeiro presidente da Associação Confraternização de Lojistas
do Bairro da Liberdade (antiga denominação da Acal); de Tsuyoshi Mizumoto – e, mais recentemente, do próprio
Hirofumi Ikesaki, que deu continuidade ao trabalho de seus antecessores, tornando o bairro ainda mais atraente para os turistas.
Vitalidade – De acordo com Yataro Amino, a constituição da Liberdade testemunhou muitos nomes de ruas ligados à abolição da escravidão, como, por exemplo, Aflitos, Enforcados, e outros referentes à independência brasileira, como Independência, Lavapés, Glória e Liberdade
“Neste livro, é possível sentir a vitalidade dos japoneses nesses 100 anos de história desde que passaram a viver no bairro da Liberdade, inicialmente nas ruas Conde de Sarzedas e Tabatinguera, trabalhando como jardineiros, marceneiros e pedreiros, e posteriormente com outros ofícios e serviços como lavanderia, pensão, bar e restaurante, enfrentando dificuldades que sequer podemos imaginar”, explicou Amino.
Segundo ele, “o livro também relata o desenvolvimento da Associação de Confraternização de Lojistas do Bairro da Liberdade, começando com o Cine Niterói, em 1953 e, dentro da história de 70 anos até se tornar a atual Acal, além de detalhar o processo de transição de Bairro Japonês para Bairro Oriental”
Em seu discurso, o cônsul Ide disse que o Bairro da Liberdade “é um dos principais símbolos da comunidade
japonesa e um espaço especial para todos nós”. “Estar aqui nos faz sentir um pouco mais próximo
do Japão”, afirmou
Documento histórico – Falando em nome da família Ikesaki, Carlos, filho primogênito do casal Hirofumi e Michiyo, destacou que “o livro foi pensado como um documento histórico do bairro que passou como local
de castigo para escravos até se tornar o símbolo da comunidade oriental, onde acontecem vários festivais que atraem turistas de todo o Brasil”
E, em nome do pai, “que certamente está orgulhoso pelo lançamento da obra”, agradeceu a cada um que, direta ou indiretamente contribuiu para que o projeto saísse do papel. “Sei que foram muitos e só meu pai poderia citá-los”, comentou Carlos, que parabenizou a Acal, grupo de financiadores da obra, a Proac, a comunidade nikkei, as autoridades públicas, os funcionários da loja, aos terceirizados de Marketing, às secretárias e netos, que passavam longos dias revisando os textos, enfim, aos amigos do senhor Ikesaki que estão aqui ou aqueles que já se foram ao longo destes anos”
E lembrou ainda o empenho para mudar o nome da Praça da Liberdade para Praça da Liberdade-Japão, e também da estação de Metrô, que ganhou o acréscimo de Japão. “Muitos se sacrificaram para tornar este
bairro o que ele é hoje. Não vamos deixar isto se perder, vamos conservá–lo, vamos melhorá-lo”, solicitou Carlos, lembrando que o livro será distribuído para bibliotecas, escolas, universidades, kenjinkais e escolas japonesas”.
(Aldo Shiguti)