Idealizada por Aurélio Nomura, Esplanada, Liberdade prevê investimento de R$ 333 mi
Reivindicação antiga do vereador Aurélio Nomura, a Esplanada Liberdade deve, enfim, sair do papel. A apresentação do projeto, que promete revolucionar a região, foi apresentada no dia 4 de setembro, no Pequeno Auditório do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – na Liberdade, com a presença do secretário chefe da Casa Civil, Fabrício Cobra; da secretária municipal de Urbanismo e Licenciamento, Elisabete França; da secretária municipal de Cultura, Regina Célia da Silveira Santana; do secretário adjunto de Governo, Clodoaldo Pelissioni e do subprefeito da Sé, Coronel Alvaro Batista Camilo.
Também estiveram presentes a equipe da SPParceria: Paulo Galli (presidente); Marcela Santos (diretora), Guilherme de Paula (gerente de Projetos) e Kevin Alves de Carvalho (arquiteto), além do diretor de Desenvolvimento Urbano da SPUrbanismo, Rafael Castelo, que fez um balanço do programa Ruas Abertas Liberdade.
Fabrício Cobra explicou que a Esplanada Liberdade é uma das ações da atual administração com o intuito de revitalizar o centro de São Paulo. “São projetos urbanísticos para desenvolver o centro de São Paulo – além do retrofit, que visa revitalizar os prédios ociosos – que visam trazer 200 mil visitantes para a região central. E a Esplanada é um dos projetos que tem em sido desenvolvido dentro da gestão com esse intuito”, disse o secretário, lembrando que o projeto foi aberto para consulta pública no dia 3 de setembro, fase em que são colhidas sugestões da população e de empresas interessadas na concessão. O prazo termina no dia 18 de outubro. Uma audiência pública está marcada para o dia 9 de outubro.
Magnífico – A secretária municipal de Cultura, Regina Santana explicou que é uma oportunidade de conhecer “esse magnífico projeto”. “É uma grata satisfação saber que nessa região nós teremos mais esse grande empreendimento”, disse a secretária, acrescentando que há 24 anos mora na Aclimação, que fica próxima à Liberdade.
O secretário adjunto de Governo, Clodoaldo Pelissioni, destacou importância do projeto. “A Liberdade hoje é um bairro turistico mas tem uma importância histórica muito grande, um passado com a comunidade negra – por isso se chama Liberdade – e que depois recebeu a comunidade japonesa – a maior comunidade japonesa fora Japão. Este projeto vai trazer um novo centro cultural, uma nova proposta para a região e atrair pessoas, maximizar o turismo, trazendo mais receitas e mais rendas, além de uma proposta de melhoria urbana”, disse Clodoaldo.
Multicultural – Para o subprefeito da Sé, o projeto é “bem-vindo”. “Como subprefeito do centro, todos os projetos que melhorem o centro de São Paulo, que atraia gente, que atraia movimento, traga segurança e traga qualidade de vida são bem-vindos”, explicou o Coronel Camilo, acrescentando que a Esplanada Liberdade “é um projeto multicultural”. “É para todo mundo, para todas as pessoas que vivem e frequentam o centro, que gostam do centro. É um projeto que vai qualificar melhor o bairro da Liberdade e vai trazer uma possibilidade maior de fomentar o turismo e gerar emprego, gerar negócios”, disse o subprefeito, lembrando que o “projeto pode não sair exatamente como a gente quer”. “Às vezes a gente tem ceder um pouquinho para que aqueles que estão próximos da gente também possam opinar”, disse.
Diversas raízes – A apresentação do projeto ficou a cargo de Guilheme de Paula, gerente da SP Parcerias, que se referiu à Esplanada da Liberdade como um projeto “muito querido, um projeto que parte de um lugar de muito respeito, de profundo amor que nós temos para a cidade de São Paulo e de respeito pela história da Liberdade”. “É um projeto do aual nós nos orgulhamos e que reflete muito o que é de fato a Liberdade, esse grande caldeirão de diversas raízes e diversas heranças diferentes e que juntas constituem essa base, essa fundação que é a cidade de São Paulo, uma cidade que é tão cosmopolita, tão diversa e tão única por causa disso”, disse Guilherme, explicando que a Esplanada Liberdade é um “projeto icônico” que conectará os viadutos Guilherme de Almeida (na Avenida Liberdade); Cidade de Osaka (na Rua Galvão Bueno); Mie Ken (na Rua da Glória) e Shuhei Uetsuka (na Rua Conselheiro Furtado) por meio de uma laje sobre a Radial Leste.
Investimento – O projeto prevê um volume total de investimentos para a implantação de cerca de 333 milhões de reais com um custo operacional de aproximadamente 21 milhões de reais por ano. O prazo do contrato é de 30 anos e vai ser feito na modalidade menor contraprestação mensal, o que significa que quem apresentar uma proposta que dê maior desconto para a Prefeitura sobre a implantação, vai ser sagrado vencedor.
Guilherme explicou que o projeto será viabilizado e executado por meio de uma Parceria Público Privado (PPP). “Isso não significa que a Esplanada será um empreendimento privado. É um espaço público que vai ser viabilizado com recursos públicos e privados. Significa que que a concessionária será responsável pela implantação e construção das quadras e pela implantação de todos equipamentos obrigatórios, como sanitários, um teatro, um Centro de Cultura e Memória da Liberdade e uma série de investimentos públicos e acessíveis”, disse, esclarecendo que “alguns investimentos opcionais poderão ser feitos ou não pela concessionária”.
Polo gastronômico – Guilherme disse que a empresa vencedora ficará responsável pela manutenção, zeladoria, vigilância e pela conservação de todo equipamento que for implantado na Esplanada Liberdade. “Além disso, a concessionária ficará responsável também pela realização da ativação cultural da área da concessão, ativação por meio de atividades de interesse coletivo gratuitos e acessíveis a todos, sem a cobrança de ingressos, como exposições e salas de atividades para que toda a população possa usufuir”, explicou o gerente da SP Parcerias, lembrando que o projeto prevê ainda uma área para um polo gastronômico e multicultural.
Segundo ele, a área da concessão que compreende a área que será implantado o projeto “fica próximo de vários pontos icônicos do bairro, como o Memorial dos Aflitos, que é um patrimônio histórico da cidade de São Paulo e não está incluido nesse projeto justamente por causa de suas particularidades”.
Preocupação – Uma das preocupações do projeto, explicou, foi justamente “reconhecer essa importância histórica do bairro da Liberdade”. “Desde os povos que criaram e desbravaram o planalto paulista, passando pela memória de resistência dos povos escravizados do antigo bairro da Pólvora, passando por todas imigrações que se sucederam no século 20, como a chegada de novos imigrantes europeus, novos imigrantes asiáticos como chineses, coreanos e, claro, a enorme comunidade japonesa, que junto com todas essas outras pessoas que vieram para São Paulo, ajudaram a construir com suor – e muitas vezes com sangue – essa cidade que vivemos hoje”.
Guilherme de Paula frisou que o projeto ainda pode ser melhorado e evoluir. Ele lembrou que, durante a etapa da PMI, foram apresentados uma série de projetos e todos foram avaliados durante cerca de um ano, tanto nos aspectos arquitetônicos quanto estruturais. “Durante todo esse processo de avaliação alguns elementos foram escolhidos e trazidos para o projeto e no final de todo esse processo vai ocorrer a remuneração eventual dos parceiros que tiveram os tabalhos mais aproveitados.
Para o arquiteto Kevin Carvalho, o maior desafio do projeto foi justamente a criação de espaços que hoje não existem, ou seja, sobre o vão livre da Radial Leste. Segundo ele, será permitida à concessionária a construção de empreendimento associado para baratear o projeto e também a exploração de outros equipamentos comerciais.
Boulevard – Aurélio Nomura lembra que a Esplanada Liberdade teve sua origem na Lei número 11.867/95, de sua autoria, que criou o Boulevard Liberdade com o objetivo de revitalizar o bairro da Liberdade e incrementar sua vocação turística e comercial. “Na gestão do então prefeito Bruno Covas, falei com ele sobre o projeto que iria unificar o bairro. Ele achou a ideia bastante boa e pediu para reunir todo material disponível. Chamamos o pessoal da SP Urbanismo e a Secretaria de Governo e o projeto avançou, entrou no Plano Diretor e na revisão da Operação Centro. Chegamos a um denominador comum que não caberia um boulevard na liberdadee que seria mais viável uma esplanada. Nesse interim, infelizmente, o Bruno Covas veio a falecer e o projeto ficou um tempo parado. Voltamos a falar com o prefeito Ricardo Nunes que achou aideia fantástica e pediu para dar continuidade”, explicou o parlamentar, afirmando que a ideia é, até dezembro apresentar a empresa vencedora para que as obras tenham início ainda este ano. “A ideia é alavancar o turismo na região e todos serão beneficiados”, garantiu o vereador.
(Aldo Shiguti)