No Bunkyo, presidente da Jica afirma que quer fortalecer laços com a comunidade
Em sua terceira visita ao Brasil – a segunda como presidente da Jica (Japan International Cooperation Agency) – Akihiko Tanaka disse que constatou como as comunidades nikkeis cresceram e se espalharam por todo o Brasil, o que o fez sentir a importância de manter laços com essas entidades. Durante recepção no Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – nesta segunda-feira (12) e que contou com a presença do presidente da entidade, Renato Ishikawa, do cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana, do representante chefe do Escritório da Jica Brasil, Masayuki Eguchi; do presidente da Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), Toshio Ichikawa; do presidente da Enkyo (Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo), Paulo Saita; do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil, Yuki Kodera e do presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão, Eduardo Yoshida, além de membros da Diretoria e diretores regionais do Bunkyo – Tanaka lembrou que esteve pela última vez no Brasil como presidente da Jica em 2013 – nesse período ele ficou até 2015 na Presidência e reassumiu o cargo em abril de 2022.
Segundo ele, nesse intervalo de dez anos, “as condições do mundo mudaram drasticamente”. Citou como exemplos a recessão econômica no Brasil desde 2015, a pandemia da Covid-19 e a a guerra na Ucrânia. E disse entender que todos, que de certa forma comandam alguma associação, tiveram que superar adversidades por conta das circunstâncias da vida de cada pessoa que mudou rapidamente devido a tais eventos.
Tanaka ressaltou que a Jica sempre tem enfatizado o desenvolvimento de recursos humanos bem como sua antecessora, responsável pela emigração de cerca de 53 mil japoneses prestando apoio para sua fixação e estabilidade.
Ponte – Ele explicou que atualmente a Jica está trabalhando para colaborar com as comunidades nikkeis para que elas se tornem uma ponte entre o país de destino e o Japão. E finalizou explicando que, por ocasião da celebração de 115 anos da imigração japonesa no Brasil, a Jica continuará expandido sua cooperação na região da América Latina com o foco na colaboração com as comunidades nikkeis e que a ideia é promover ainda mais a cooperação para aprofundar os laços com as comunidades nikkeis.
Prodecer – Em seu discurso para relatar a importância da Jica e sua atuação no Brasil, o presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa, destacou que a visita ocorre em um momento de “relevante significado para a comunidade nipo-brasileira” e lembrou que a cooperação econômica da Jica com o Brasil teve início em 1959. Desde então, explicou, a agência japonesa vem participando de diversos “Projetos Nacionais”, representados pelos Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrado (Prodecer), que foi o início de diversas cooperações na área agrícola, pela implantação da Siderúrgica Usiminas e o financiamento para projetos de desenvolvimento de recursos naturais, como a refinaria Alumínio da Amazônia.
“Hoje, graças a este apoio da Jica, o setor agro representa 30% do PIB brasileiro, além do posto de terceiro maior exportador de frutas – atrás somente da China e da Índia”, explicou Renato Ishikawa, acrescentando que, no Estado de São Paulo, a Jica atuou também no projeto de rebaixamento da calha do Rio Tietê, projeto de aproveitamento de água e esgoto em São Paulo e Paraná.
Subsídios – Ele lembrou que, em 2020, “o mundo foi seriamente impactado pelos efeitos nefastos da propagação do Coronavírus provocando milhares de mortos, graves sequelas e crise econômica. “Neste cenário de crise e desânimo da comunidade nipo-brasileira, surgiu uma luz no final do túnel”, disse, referindo-se aos programas de ajuda às entidades nikkeis criados pelo governo japonês por meio do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão e da própria Jica.
“Graças a estas generosas contribuições podemos afirmar que já em 2022 ressurgiram os eventos presenciais ainda que timidamente, pois foram necessários procedimentos de segurança sanitária, e neste ano, em 2023, os eventos estão sendo realizados com entusiasmo de forma híbrida, contando com um número cada vez maior de voluntários e grande afluência de público”, explicou Renato, afirmando que também o Bunkyo foi agraciado com subsídios pela Jica.
Segundo ele, parte desses recursos foram aplicados para melhorias das instalações da entidade, principalmente nas questões de acessibilidade. “Além disso, com essas melhorias, ficamos credenciados a firmar parceria com a Prefeitura Municipal para receber os recursos para implementação das atividades do atendimento das pessoas idosas através do Centro de Convivência de Idoso”, explicou, acrescentando que “outras partes do subsídios foram destinadas as nossas atividades culturais, alguns inovadores, como o projeto TV Bunkyo e a montagem do Museu de Arte Virtual”.
“Enfim, foram recursos que deram ao Bunkyo, salto de qualidade em sua infraestrutura em suas atividades culturais e assistenciais. Somos imensamente gratos ao governo do Japão, neste ato representado pelo cônsul geral Ryosuke Kuwana, e a equipe do escritório da Jica em São Paulo chefiado pelo senhor Masayuki Eguchi pelo empenho com que buscaram viabilizar as nossas solicitações e subsídios possibilitando-nos participar dos programas implantados em razão da pandemia da Covid-19”, comentou, afirmando que, em reuniões online “com uma grande parte das mais de 400 associações nipo-brasileiras existentes em todo o Brasil, uma das reivindicações que mais tem recebido é a de solicitar à Jica o envio de professores para escolas de língua japonesa mantidos por essas entidades, pois sem o conhecimento do idioma japonês difícil será preservar e difundir as artes da cultura japonesa no Brasil”.
Em seguida, Akihiko Tanaka visitou as redações da Associação Brasil Nippou e do jornal Nippon Já, no sexto andar do Edifício Bunkyo.
Tanaka também proferiu uma palestra na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e participou da Sessão Solene na Câmara dos Deputados em comemoração aos 115 Anos da Imigração Japonesa no Brasil.
(Aldo Shiguti)