‘O Legado Tampopo’: livro traduzido por filha conta a trajetória de um ‘Cotia Seinen’
Entre os anos de 1955 e 1968, existiu um movimento batizado pela comunidade nipo-brasileira como “Jovens de Cotia”, ou mais conhecido como “Cotia Seinen”. Tratava-se de um movimento que recrutavam jovens japoneses entre 18 e 25 anos solteiros para migrarem ao Brasil e trabalharem na agricultura. Essa parceria estabelecida entre as Coopertivas Agrícolas do Japão com a Cooperativa Agrícola de Cotia, em São Paulo, trouxe mais de 2 mil jovens japoneses para a terra brasileira. O Cotia Seinen ainda motivou um outro movimento de imigração, desta vez, de mulheres japonesas para se casarem e estabelecerem uma família no Brasil, as chamadas de “Hanayome Imin” (“Noivas Imigrantes”).
“O Legado Tampopo” conta a trajetória de um desses “Jovens de Cotia”, Kei Kurogi, natural da província de Miyazaki, no sul do Japão. A obra é uma tradução e releitura da autobiografia publicada em agosto de 2014, quando Kei e sua esposa Misako, uma das “Noivas Imigrantes”, comemoravam 55 anos de casados.
O que torna o livro ainda mais especial é que a responsável por essa adaptação foi a própria filha de Kei, Emi Kurogi Imasato. “O maior objetivo pelo qual meu pai transformou a sua história em livro era deixar o legado aos filhos, netos e bisnetos, gerações que já não entendem muito bem o idioma japonês”, explicou Emi sobre a sua motivação por ter traduzido do japonês para o português a autobiografia de seu pai.
Emi não só traduziu a obra original de seu pai, como também fez uma releitura, como ela explica na apresentação do livro, “o personagem Kei está na terceira pessoa, e a composição dos textos originais, bem como a ordem cronológica foram alteradas para melhor se adaptarem na tradução e na compreensão da leitura”.
O título “Tampopo” significa flor dente-de-leão, e foi escolhido pelo autor Kei para simbolizar a coragem e a liberdade da sua esposa Misako e inspirado na frase da sua sogra (mãe da Misako) antes dela partir para o Brasil: “Vá e voe livre como tampopo”.
Para a Emi, foi a primeira experiência como tradutora e escritora, mas conta que decidiu enfrentar o desafio em homenagem à coragem dos seus pais que migraram para o Brasil, uma terra tão distante e desconhecida.
Mais um fator que deu o empurrão que faltava para o lançamento da versão em português do “Tampopo” foi o convite que Emi recebeu do seu primo Rui, sócio fundador da editora UICLAP. A UICPLAP é uma startup exclusiva de autopublicação de livros impressos totalmente gratuita para o autor, que pretende quebrar paradigmas do cenário editorial.
“Estou extremamente feliz em realizar o meu sonho de deixar o legado para as gerações futuras”, diz Kei orgulhoso de ter a participação da Emi para a adaptação em português e o apoio de toda a família para o lançamento dos livros. O pai e a filha já estão trabalhando para o “Tampopo 2”.
Interessados podem adquirir o livro através do site: https://loja.uiclap.com/titulo/ua22715/
(Lika Shiroma)