Reeleito, Renato Ishikawa propõe deixar legado para as futuras gerações
Como era de se esperar, a 162ª Reunião Ordinária do Conselho Deliberativo do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – ocorreu de forma tranquila. O atual presidente da entidade, Renato Ishikawa, foi reeleito por aclamação para mais um mandato (2023-2025) frente à entidade. Realizada no dia 29 de abril, no Hall do Grande Auditório da entidade, a reunião contou com a participação de 53 conselheiros (sendo 42 de forma presencial e 11 por procuração).
A reunião teve início com uma homenagem ao ex-vice-presidente da entidade, Marcelo Hideshima, que faleceu em fevereiro deste ano, aos 53 anos de idade e reconhecidamente o principal líder dos jovens.
Além da eleição dos novos dirigentes, também estava em pauta o exame e aprovação do relatório de atividades e das demonstrações financeiras da administração relativos ao exercício de 2022, bem como do parecer do Conselho Fiscal.
E em seu discurso inicial, Renato Ishikawa já deu a boa notícia: o Bunkyo, que sempre esteve deficitário, fechou 2022 com um resultado inédito, conseguindo reverter um déficit de cerca de R$ 650 mil em 2021 para fechar o balanço de 2022 com um superávit de quase R$ 500 mil.
Antes, o presidente do Conselho Deliberativo, Jorge Yamashita, falou como “as várias crises mundiais” – como a pandemia e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia – afetaram o mundo e também a comunidade nipo-brasileira, trazendo “problemas críticos” para a maioria das entidades nikkeis. Apesar disso, Jorge Yamashita ressaltou que o Bunkyo não paralisou suas atividades, mantendo-se firme na condução de seu papel, realizando todos os eventos, “graças ao admirável empenho de sua Diretoria Executiva, comandada pelo atual presidente, Renato Ishikawa’”
Balanço – Como parte do roteiro, o secretário geral, Hugo Teruya, apresentou o relatório de atividades de 2022 dos quatro Comitês, subdivididos em comissões. No Núcleo de Apoio Administrativo (NAA), destacou as participações no 1º Conservatório Nikkei Internacional, em Lima, no Peru, e a viagem do presidente Renato Ishikawa, e do então vice-presidente, Marcelo Hideshima, ao Japão, em novembro, para contatos com órgãos governamentais daquele país e encontros com lideranças brasileiras residentes no Japão.
Aprovado com salva de palmas, coube ao tesoureiro Wilson Otsuka fazer uma detalhada explicação da parte financeira e as mudanças na apresentação na classificação das despesas e receitas, separando em ordinárias e não ordinárias. Mudança, aliás, muito elogiada não só pelos conselheiros como também pelo próprio presidente Renato Ishikawa, que apontou a área contábil como uma das antigas deficiências da entidade.
Em resumo, Wilson Otsuka destacou que a situação financeira do Bunkyo melhorou consideravelmente em 2022, com um superávit de quase 500 mil. Kenji Kiyohara leu o parecer favorável em nome do Conselho Fiscal.
Trabalho, trabalho… – Com um intervalo de 15 minutos, Kihatiro Kita, presidente da Comissão Eleitoral, deu início ao segundo bloco com a realização do processo eleitoral. Anunciou que houve apenas uma chapa registrada e, por esse motivo, sugeriu que a aprovação se desse por aclamação. Reeleito e empossado para o seu terceiro mandato, Renato Ishikawa prometeu “trabalho, trabalho e trabalho” em sua nova gestão – a última, aliás, já que o estatuto do Bunkyo permite apenas duas reeleições.
Novas prioridades – Ishikawa destacou que, mais que o resultado financeiro – inédito – diga-se de passagem – o mais importante foi “o empenho pessoal, da Diretoria, dos voluntários e principalmente dos jovens nesse período bastante difícil pós-pandemia que nós passamos”. “Isso foi fundamental para manter o Bunkyo com todas as atividades programadas”, disse ele, afirmando que “não deixamos de realizar nenhum evento que estava programado, ao contrário, todos foram realizados de forma bastante positiva”.
Citou, como exemplo, o Sakura Matsuri do ano passado, que apresentou um resultado “extraordinário, superando as edições anteriores em todos os aspectos”. Mas ressaltou que “esse superavit, que nós estamos nos referindo, trata-se do superávit relacionado às pessoas”. “Ter esse pessoal engajado nos alegra muito”, afirmou, que em seu discurso explicou que gosta de usar a palavra “juntos” – do discurso feito pelo ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe em sua visita ao Brasil, em 2014 – e que, por sua própria conta, faz uma pequena mudança com o acréscimo de “seremos mais fortes”. “Juntos seremos mais fortes”.
“Por isso escolhi essa palavra para identificar a chapa, mas espero que não seja apenas mais uma palavra, mas que ela possa ser efetivamente praticada”, comentou Renato Ishikawa, que também anunciou novas prioridades para o próximo mandato.
Diálogo– Além de reforçar a questão do protagonismo dos jovens e do trabalho de relacionamento, ele disse que gostaria também de discutir, “de forma interativa e intensa, para que mais e mais consigamos atingir as mais de 400 entidades nikkeis espalhadas pelo país”. Adiantou que existem duas formas para isso: pessoalmente ou através das 31 Regionais. A ideia, conta, é unir cada vez mais a comunidade nikkei.
“Sei que dentre essas 400 entidades, muitas estão passando por dificuldades, sejam dificuldades de pessoas, sejam elas financeiras. Queria propor nesta nova gestão de pegarmos, como exemplo, três ou quatro entidades que estejam em enorme dificuldades e socorrê-las. Dinheiro nós não temos, mas temos um pessoal voluntário que pode contribuir com suas experiências, cada um em sua área”, disse Renato Ishikawa, que citou nomes como os advogados Massami Uyeda Júnior e Marco Túlio Toguchi, de Goiânia.
“É papel do Bunkyo ajudar essas entidades. Se tivermos êxito, a notícia vai se espalhar e podemos ajudar muitas outras entidades”, disse o presidente, que apresentou a nova Diretora de Comunicação, Cristina Zoriki (ex-Ford).
Ele também falou sobre os três equipamentos administrados pelo Bunkyo – o Museu da Imigração Japonesa no Brasil – “considerado o melhor do mundo do gênero” – o Pavilhão Japonês – que ganhou “dinamismo com o novo presidente da Comissão, Claudio Kurita – e o Parque Bunkyo Kokushikan – que até pouco tempo atrás era considerado o “patinho feio” e hoje é uma “referência”.
Sobre o Kokushikan, Renato Ishikawa fez questão de se desculpar pelo atraso na construção do Pavilhão “Kazuo Harasawa”, seja em função da pandemia, seja por falta de verbas. Mas afirmou que, com a Lei de Incentivo Fiscal espera poder terminar as obras em seu mandato.
Modernização da fachada – “Será uma de nossas metas”, garantiu o presidente, que também elegeu como meta nesta gestão modernizar a fachada do prédio do Bunkyo”.
“Graças ao engenheiro Silvio Iamamura, que também é nosso diretor de Patrimônio, conseguimos uma verba da Prefeitura que poderá ser aplicado para a reforma do prédio. A ideia é darmos outra cara para a fachada, além de promover melhorias no Grande Auditório”, disse Renato Ishikawa, explicando que “trata-se de dinheiro marcado”, ou seja, que poderá ser usado única e exclusivamente para essa finalidade.
Ao Nippon Já, ele disse que o prédio do Bunkyo, “de certa forma é tombado”. “Como não podemos mais construir por causa do tombamento, a Prefeitura nos renumera essa parte em dinheiro, que vai dar entre 2 e 3 milhões. Esse dinheiro é marcado, isto é, só poderá ser usado dentro da área permitida”, explicou, acrescentando que “prioritariamente, pretendemos reformar o Grande Auditório”. “Queremos colocar alguns equipamentos que são básicos e, reformar as poltronas. Enfim, equipar melhor, além de dar uma melhor aparência para a fachada, que está com o visual cansado”, disse.
Bunkyo 2030 – E finalizou seu discurso explicando que, “tudo que fazemos são coisas pontuais”. “Temos que deixar algo para o futuro, deixar um legado e o Bunkyo tem que ter um objetivo grande. Gostaria de desenhar o Bunkyo 2030, por exemplo. Como será daqui para frente? Como podemos nos tornar autossustentável? Precisamos ter ambições para 2030. Acho que isso que é importante. É o que eu chamo de legado, nosso grande trabalho, além do trabalho do dia a dia”, disse, explicandopque, para isso, pretende organizar um grupo de trabalho com a participação dos assessores da Presidência para que eles elaborem uma proposta nesse sentido para Diretoria e para o Conselho para que consigamos oficializar isso e, claro, de forma transparente e interativa com os conselheiros”.
(Aldo Shiguti)
DIRETORIA
Presidente: Renato Ishikawa
1º Vice-Presidente: Roberto Yoshihiro Nishio
2º Vice-Presidente: Valter Takeo Sassaki
3º Vice-Presidente: Rodolfo Eiji Wada
4º Vice-Presidente: Lídia Reiko Yamashita
5º Vice-Presidente: Silvio Hidemi Iamamura
6º Vice-Presidente: Massami Uyeda Jr.
7º Vice-Presidente: Oston Itiro Suga Hirano
Diretor Secretario Geral: Hugo Takeji Teruyra
Diretor Tesoureiro Geral: Wilson Toshihiko Otsuka
DIRIGENTES DO
CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente: Jorge Yamashita
1º Vice-Presidente: Tomio Katsuragawa
2º Vice-Presidente: Henrique Shiguemi Nakagaki
3º Vice-Presidente: Osamu Matsuo
1º Secretário: André Tatsuhiko Korosue
2º Secretário: Erisson Thompson Lima Jr.
3º Secretário: Rumi Kusumoto
CONSELHO FISCAL
Efetivos:
Taqueshi Ishikawa
Kenji Kiyohara
Reimei Yoshioka
Suplentes:
Takao Yamada
Lidia Reiko Ogassawara Shimizu
Ricardo Luís Nishimura