‘Segredo da lengevidade’: como Dragon Ball continua faturando milhões de dólares com quase 40 anos

Longa de Dragon Ball lançado em junho: audiência e faturamento impressionantes (Foto: Divulgação)

 

(Por Tiago Uehara)

A franquia Dragon Ball mostra que está longe de entrar em declínio. Pelo contrário: o icônico mangá e animê faturou nada menos do que 940 milhões de dólares somente neste ano, um salto de dez vezes em comparação a 10 anos atrás. A saga de Goku e companhia continua sendo uma das obras japonesas de maior lucro no mercado criativo, chegando, até o momento, ao seu pico.

Toda a história começou em 1984 na revista Jump, contando a busca de esferas do dragão por um menino para realizar seus desejos. O tempo passou e a obra tem 38 anos de existência, mas sempre buscou se renovar (e acompanhar as tendências). Prova disso foi o lançamento do novo longa no mês passado, cujo número de espectadores, só no Japão, ultrapassou um milhão e duzentas mil pessoas, com uma arrecadação impressionante de 1,6 bilhão de ienes (mais de 11,5 milhões de dólares).

O longa traz inovação tecnológica, contando com o uso inédito de animação digital, mas sem perder o estilo original do criador Akira Toriyama. Reproduz, com fidelidade, as lutas explosivas do anime. Com uma demografia vasta de público, de crianças a adultos de quarenta anos, o animê consegue passar por gerações sem perder o encanto.

 

Musculatura – Para entender o quanto a série é valiosa, o faturamento com propriedade intelectual, que é controlada pela empresa Bandai Namco HD, foi de 127 bilhões de ienes (944 milhões de dólares), o maior faturamento de propriedade intelectual da companhia. Em segundo lugar vem a série de robôs gigantes Gundam, com 101 bilhões de ienes (752 milhões de dólares). Somente as duas franquias chegam na marca de 100 bilhões de ienes.

Depois figuram, em terceiro lugar, a franquia do mangá One Piece, com 41 bilhões de ienes, seguido do herói de tokusatsu Kamen Rider (29 bilhões de ienes) e o ninja Naruto (23 bilhões de ienes). Os dados mostram, portanto, que a franquia Drangon Ball tem o triplo do atual mangá mais vendido do mercado (One Piece) e o quádruplo de um dos maiores heróis japoneses (Kamen Rider).

Mas isso não quer dizer que a franquia tenha sido um sucesso de lucro por todo esse tempo. O faturamento de 127 bilhões foi do ano passado. Olhando os últimos números de dez anos, a franquia nem sempre teve esse número exorbitante. Em 2011 faturou 11 bilhões de ienes; em 2012, caiu para 8,9 bilhões; e em 2013, 11,4 bilhões. De lá para cá, a franquia teve uma curva de crescimento expressiva: 10 vezes no faturamento.

 

Foco nos games – A explicação para um mangá que acabou em 1995 continuar tendo tanto sucesso pode ser creditado aos jogos de videogame. Diferentemente de Gundam, cuja sustentação comercial se dá através de vendas de bonequinhos dos robôs, em Dragon Ball a aposta vem dos games. Exemplos são o jogo lançado em 2018 para Playstation 4, “Dragon Ball Fighter Z”, bem como o jogo lançado em 2016 para fliperama, “Super Dragon Ball Heroes”, no qual o jogador compra cartas para jogar.

Mas é no mobile que a empresa encontrou a “mina de ouro”, com “Dragon Ball Z Dokkan Battle” lançado em 2015 para smartphones. Freemium (grátis para jogar, mas pago em algumas funcionalidades, como itens), tem uma jogabilidade fácil e imagens atrativas, e foi à época uma grande novidade para os fãs do mangá. Inclusive, a própria série cresceu de forma vertiginosa após o lançamento do jogo, pois usuários do mundo todo baixavam o game. Os números impressionam: o game está presente em 170 países, teve mais de 350 milhões de downloads – algo equivalente a três vezes a população japonesa – e mais de 70% do público era de fora do Japão.

Dragon Ball, portanto, é um exemplo de como uma animação pode atravessar décadas sem perder o encanto. Afinal, a geração que cresceu assistindo o animê, hoje são pais e mães. E os seus filhos também estão crescendo e acompanhando a história, mostrando que a franquia, que fará 40 anos daqui dois anos, ainda tem “muita lenha para queimar”.

 

 

 

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