Jornalista Jorge Okubaro assume presidência do CENB e estabelece prioridades

Jorge Okubaro e Leiko Matsubara (ao centro, sentados), com os novos Diretores da CENB e membros dos Conselhos Fiscal e Consultivo modernização

 

O jornalista Jorge Okubaro tomou posse como novo presidente do Centro de Estudos Nipo-Brasileiros (CENB) – ou Jinmonken, em japonês – em cerimônia realizada no dia 4 deste mês, no salão nobre do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – no bairro da Liberdade, em São Paulo. Editorialista do jornal O Estado de S.Paulo e autor, entre outros, dos livros ‘O Súdito (Banzai, Massateru!)’ (Editora Terceiro Nome) e ‘O automóvel, um condenado?’ (Editora Senac, 2000) e ‘Alguns retalhos’ (Abram Szajman – A construção de um homem e de seu legado) (coedição Fecap/Editora Gente, 2012), Okubaro  assume no lugar de Leiko Matsubara Morales, que presidiu o CENB de 2020 a 2022.

A solenidade contou com a presença da cônsul em exercício, Chiho Komuro; do representante chefe da Jica (Japan International Cooperation Agency) Brasil, Masayuki Eguchi; do  diretor-presidente da Japan External Trade Organization (Jetro); Hiroshi Hara; do diretor geral da Fundação Japão, Daigo Tamura; do presidente da Fundação Kunito Miyasaka e vice-presidente do Bunkyo, Roberto Yoshihiro Nishio; do presidente da Fundação Katsuzo Yamamoto, Sadao Kayano, e do vereador Aurélio Nomura.

Na plateia estavam personalidades como o ex-desembargador Kazuo Watanabe; o presidente da Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), Toshio Ichikawa e o presidente da Aliança Cultura Brasil-Japão, Eduardo Yoshida, além de professores e pesquisadores.

Importância – Antes dos discursos presenciais, foram apresentadas mensagens do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Luiz Paulo Teixeira, e do embaixador e presidente honorário da Japan House São Paulo, Rubens Ricupero. Luiz Paulo falou sobre as relações bilaterais e da contribuição dos japoneses para o desenvolvimento da agricultura brasileira enquanto Ricupero desejou uma ótima gestão ao novo presidente.

Roberto Nishio disse acreditar que a nova diretoria dará continuidade ao trabalho das gestões anteriores, além de implementar pesquisas voltadas também para as segundas e terceiras gerações e para a comunidade brasileira residente no Japão.

Já o diretor geral da Fundação Japão, Daigo Tamura espera poder continuar apoiando o intercâmbio de informações como já ocorrera no passado.

Voluntários – Reconhecendo a importância do Jinmonken, o representante chefe da Jica Brasil, Masayuki Eguchi, lembrou que há décadas a agência japonesa de cooperação tem colaborado com a instituição, seja através de financiamentos de pesquisas ou envio de voluntários. Ele revelou que, para janeiro de 2024, a Jica está planejando o envio de voluntários para a área de museologia e também pretende selecionar envio de voluntários na área de Sociologia e Antropologia Cultural, além de estudar a possibilidade de mais um para área de Biblioteca.

Eguchi lembrou que, durante a pandemia, a Jica também apoiou a manutenção e desenvolvimento das atividades do CENB com instalações de arquivos, escaneadores e computadores. “Acredito que este papel de estudo e pesquisa desenvolvido pelo Jinmonken sobre a história passada e sobre o estudo e análise da sociedade contemporânea fornecerá subsídios para que possamos continuar trabalhando e colaborando com o Jinmonken para a evolução e futuro da sociedade nipo-brasileira”, disse o representante chefe da Jica, que parabenizou a pesquisadora Leiko Matasubara Morales, que assumiu a presidência em plena pandemia e cumpriu muito bem seu papel, passando o bastão para a nova diretoria.

Contribuições – A cônsul Chiho Komuro também agradeceu a ex-presidente “por sua dedicação contínua e liderança” e parabenizou o novo presidente, “que assume a presidência desta respeitada instituição que há mais de meio século reúne pesquisadores que investigam e refletem de forma crítica sobre a imigração japonesa, as trajetórias e contribuições da comunidade nikkei para o desenvolvimento da sociedade brasileira e a relação bilateral Japão-Brasil.

Segundo ela, o próprio governo japonês, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, “sempre tem recorrido aos estudos do Jinmomken sobre a situação e conjuntura da comunidade nipo-brasileira”. Chiho Komuro destacou que “as valiosas contribuições de cada membro ao longo das décadas têm sido essenciais para a identificação e divulgação do legado, bem como para a preservação da memória da maior comunidade nipo-brasileira e descendentes do mundo”.

“Desejo que o Centro de Estudos Nipo-Brasileiros continue seu brilhante trabalho durante a gestão do doutor Okubaro, promovendo a pesquisa, a educação, os intercâmbios acadêmicos e a compreensão da história da comunidade nikkei brasileira. Nesse sentido, o Consulado Geral do Japão em São Paulo está de portas abertas para colaborar com a instituição e todos aqueles que buscam envolver pesquisas de excelência e o compartilhamento público do conhecimento que permeia os laços entre os povos do Japão e do Brasil”, afirmou a cônsul Chiho Komuro.

Jorge Okubaro com representantes da comunidade nipo-brasileira na cerimônia de posse

 

Falta de memória – Aurélio Nomura, por sua vez, destacou a “a falta de memória, principalmente do povo brasileiro”, que, segundo ele, “é muito grande”. “Nesse sentido, o trabalho realizado pelo Centro de Estudo Nipo-Brasileiros é extremamente importante, porque para nós, descendentes de japoneses, a continuidade do estudo, o aprofundamento da pesquisa e a busca da saga dos imigrantes muito nos honra, mas com outro fator também, é importante que cada um nós, descendentes de japoneses, além de sentir o orgulho, tenhamos também o dever e a responsabilidade de manter acesa a chama daqueles pioneiros da imigração japonesa”, explicou o parlamentar.

Apagamento – Em seu discurso de agradecimento, Leiko Matsubara Morales destacou o momento “significativo e especial para a história do Jinmonken”. Agradeceu a todos as pessoas e colaboradores que a apoiaram sua gestão, em especial, a Fundação Kunito Miyasaka e Fundação Katsuzo Yamamoto, e expressou sua profunda gratidão na pessoa do ex-desembargador Kazuo Watanabe, “que sempre me deu preciosos conselhos”.

Desejou sucesso ao novo presidente para a continuidade do trabalho que os pioneiros começaram desde a época do Doyo-Kai, que antecede a formação do CENB, e salientou que sua missão será, “junto ao presidente e apoiando esse seu trabalho, continuar a fomentar a pesquisa, que é muito cara, para a nossa comunidade”.

“Um país em que ainda são escassos espaços públicos, que a pesquisa sobre os imigrantes – todos devem ter conhecimento da situação que nós estamos passando na USP – , possa conseguir garantir o espaço público para pesquisar sobre a história dos imigrantes, a preservação da memória e também a valorização dos valores dessa comunidade nipo-brasileira”, disse, acrescentando que “temos que garantir esse espaço em outros lugares”.

“A gente sabe que, por exemplo, no estudo de bilingualismo, é sabido que se uma comunidade não se mobiliza, a língua de herança que vem dos nossos ancestrais se apagará em três gerações. Apenas em três gerações tudo isso pode ser apagado pela sociedade majoritária que absorve”, disse, acrescentando que durante a sua gestão tentou fortalecer as parcerias com o Centro de Estudos Japoneses da USP e com o Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa, único programa que tem uma área de concentração que estuda o Japão no Brasil”. E concluiu afirmando que “é somar esforços para nós continuarmos produzindo história e não cair no apagamento”.

Metas – Em seu primeiro discurso como presidente do Jinmonken, Jorge Okubaro disse que em sua gestão pretende “não apenas manter, mas também reforçar e expandir o que o Centro de Estudos Nipo-Brasileiros tem feito de melhor”.

Lembrou que o CENB é uma entidade sem fins lucrativos, “e por isso depende da colaboração de instituições públicas e privadas”, e explicou que, pelo Centro, passaram alguns dos principais estudiosos da imigração japonesa no Brasil, entre eles, “com risco de omissão”: Zempachi Ando, Kiyoshi Yamamoto, Tomo Handa, Hiroshi Saito, Takashi Maeyama, Teiichi Suzuki, Tetsuya Tachiri, José Yamashiro, Katsunori Wakisaka, Sussumu Miyao, Antônio Nojiri, Fumio Oura, Chiyoko Mita e Koichi Mori, entre tantos outros.

Frutos – Entre os frutos das pesquisas do Jinmonken, explicou que a “monumental obra Epopeia Moderna: 80 anos da imigração japonesa no Brasil”, é a que mais se destaca em língua portuguesa.

“Tornou-se leitura indispensável para quem estuda a presença japonesa no Brasil”, afirmou, lembrando que o CENB também possui um acervo precioso sobre a imigração japonesa no Brasil e em outros países. “Por isso tem acolhido acadêmicos e pesquisadores do Brasil e do Exterior, além de manter também programas de bolsas de estudo para pesquisadores nos níveis iniciação científica, mestrado e doutorado”.

Acervo – Coautor, com Ignácio de Loyola Brandão, de Desvirando a página (A vida de Olavo Setubal) (Global Editora, 2008) e ex-membro da Comissão Editorial organizada pelo Instituto Brasil-Japão de Integração Cultural e Social que coordenou uma série de obras sobre a imigração japonesa no Brasil – Jorge Okubaro explicou que uma das metas da nova gestão é tornar o acervo do CENB mais acessível a pesquisadores, estudiosos e interessados na presença japonesa no Brasil.

Modernização – “Boa parte deste acervo está em japonês e, por isso, um dos programas que pretendemos desenvolver é a tradução e a edição em português dos principais trabalhos do Centro. É um programa que dependerá de apoio de instituições públicas e privadas”, salientou, acrescentando que “a modernização da infraestrutura de comunicação do Centro, hoje muito modesta, será indispensável para facilitar o acesso ao seu acervo e por isso também está no nosso programa de atividades”.

Segundo o jornalista, a ampliação do horizonte de temas sobre os nipo-brasileiros “é outra das preocupações que esta gestão pretende trazer para dentro do Jinmonken”.

“Para isso buscaremos estreitar contatos com pesquisadores e estudiosos que vem se dedicando a novos assuntos”, frisou Okubaro, que concluiu sua fala reforçando o pedido para que todos mantenham apoio à instituição.

O jornalista e novo presidente do CENB com familiares

Nova Diretoria do Jinmonken

Presidente: Jorge Okubaro

1ª Vice-Presidente: Leiko Matsubara Morales

2º Vice-Presidente: Masaki Furusugi

1ª Secretária: Marisa Kazue Shirasuna

2ª Secretária: Tamiko Hosakawa Ogawa

1º Tesoureiro: Wilson Toshihiko Otsuka

2º Tesoureiro: Samuel Yoshio Buyo

Diretores: Tae Suzuki, Sunao Sato, Rodolfo Eiji Wada, Ritsuko Fujii Sakaguchi, Mie Kato Yokomizo e Suely Utsunomiya

Conselho Fiscal: Lidia Reiko Yamashita, Herberto Macoto Yamamuro, Akinori Sonoda e Yoshikazu Niwa

Conselho Consultivo: Tuyoci Ohara, Shigeaki Ueki, Roberto Nishio, Helena Sumiko Hirata, Akio Ogawa e Kazuo Watanabe

(Aldo Shiguti)

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