51ª edição homenageia ex-ministro Alysson Paolinelli e o agricultor Masanori Ito

O agricultor Masanori Ito, que atualmente produz pera, com familiares e convidados

“Por uma feliz coincidência, com o intervalo de algumas décadas” – conforme destacou o presidente da Comissão Bunkyo Rural/Kiyoshi Yamamoto, Nelson Kamitsuji, em seu discurso de abertura da cerimônia de outorga do 51º Prêmio, realizado na noite de 28 de outubro, no salão nobre do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – no bairro da Liberdade, em São Paulo, a edição deste ano celebrou o sucesso do Cerrado, com o ex-ministro Alysson Paolinelli, e do alho cultivado na região pelo agricultor Masanori Ito. Impossibilitado de estar presente, o ex-ministro foi representado pelo advogado Manoel Mário de Souza Barros.

“A história dos dois homenageados desta edição se cruzam no cerrado mineiro: o visionário ex-ministro da Agricultura e engenheiro agrônomo, Alysson Paolinelli, que sob sua liderança fez do Cerrado brasileiro o celeiro de produção de alimentos para o Brasil e para o mundo, iniciando em São Gotardo – juntamente com a Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC) o projeto Padad (Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba), semente do Prodecer [Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados] e, agora neste mesmo Cerrado, temos o cultivo do alho Ito, produzido pelo agricultor Massanori Ito e cuja produção corresponde hoje a quase 60% das áreas cultivadas nas regiões de Minas e Goiás, segundo a Anapa (Associação Nacional dos Produtores de Alho)”, disse Kamistuji, acrescentando que o país “caminha para a auto suficiência na produção de alho graças a contribuição deste senhor”.

“Não à toa, São Gotardo e região, que fazem parte do Cerrado, é atualmente o maior produtor de alho no Brasil. Uma feliz coincidência”, destacou Nelson Kamittsuji.

 

Transmitido também pelo Canal do Bunkyo Digital, a cerimônia contou com a presença do cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana; do presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa; do representante chefe da Jica Brasil, Masayuki Eguchi; do secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco Maturro; do ex-ministro Roberto Rodrigues; do vereador Aurélio Nomura; do presidente da Associação Cultural Brasil Japão de Núcleo Celso Ramos, Yuji Kobayashi; do prefeito de Frei Rogério (SC), Jair da Silva Ribeiro; Américo Utumi, do ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, do presidente da Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap), Marcos Miyasaki; e do presidente do Colegiado Estadual dos Secretários Municipais de Agricultura e da Pesca de Santa Catarina – Cosapesc, Itamir Gasparini.

 

Passado, presente e futuro – Aurélio Nomura disse que o momento era de enaltecer o presente e o futuro mas também de reverenciar o passado “na pessoa do senhor Kiyoshi Yamamoto, que veio ao nosso país e com muito trabalho e muita dedicação, implantou grandes experiências na Fazenda Tozan”. O parlamentar lembrou que a fazenda foi administrada por seu tio e destacou a importância dos homenageados. “Graças a pessoas como vocês, hoje o Brasil alcança – e tem buscado alcançar – um patamar que todos nós esperávamos em relação ao nosso pais em relação à agricultura”.

O secretário Francisco Maturro explicou que, antes de assumir a pasta – comandada anteriormente por Itamar Borges – recebeu dois pedidos de Roberto Rodrigues: conseguir recursos para pesquisas e a regularização ambiental do Estado de São Paulo. Segundo ele, hoje o maior volume de recursos do tesouro do Estado de Pão Paulo investido na pesquisa foi nesta gestão, com a entrega de R$ 102 milhões.

“Recursos que não pagam salários de pesquisadores, não pagam viagens nem hospedagens: são investidos diretamente em pesquisas”, assegurou o secretário, explicando ainda que, “fomos além e avançamos também nas parcerias”.

Manoel Barros (D) representou Paolinelli

Crescimento – “Quem investe em pesquisa assegura o futuro. A cada R$ 1 investido, R$ 2,5 retorna para a sociedade. É o dinheiro se multiplicando e a iniciativa privada participando e até direcionando melhor a pesquisa “, disse o secretário, acrescentando  que o agronegócio paulista apresentou um crescimento do valor bruto de produção de 28, 64% em 2021, superior ao resultado alcançado no pais, de 10,11%. Em relação à regularização ambiental, Maturro lembrou que o Código Florestal completou dez anos em 2022 “e nenhum Estado havia feito ainda o processamento e a análise do CAR (Cadastro Ambiental Rural)”. “São Paulo já concluiu 100% das declarações das 406 mil propriedades rurais do estado e, nesse momento, encontra-se em fase de aceite pelo produtor – fase em que o produtor rural declara se concorda ou não com as informações previamente cadastradas no sistema.

 

Compromisso – Roberto Rodrigues afirmou que o Prêmio Kiyoshi Yamamoto “mostra um compromisso do Bunkyo com a história do país, a influência nipo-brasileira e, sobretudo, como esta entidade se preocupa em premiar quem realmente merece”. “Os homenageados desta noite são exemplos desta maravilhosa obstin/ação do Bunkyo em premiar aqueles que realmente merecem”, disse o ex-ministro, lembrando que “sou do tempo em que os agricultores brasileiros, especialmente os de São Paulo, diziam: ‘Cerrado, Deus me livre, Cerrado nem dado nem herdado’. Niguém queria saber, de tão ruim que a terra era”.

“Mas graças a persistência do Alysson Paolinelli, o Cerrado foi domado e se transformou no Maracanã da Copa do Mundo da alimentação. “E nós vamos ganhar esta Copa porque ninguém tem um estádio como o nosso, que é o Cerrado brasileiro. E nós devemos isso ao Alysson Paonilleli”, garantiu.

 

Significado especial – Já o presidente do Bunkyo disse que o Prêmio possui um significado muito especial pois remete a uma das personalidades mais respeitadas entre os imigrantes japoneses. “Me refiro ao engenheiro agrônomo formado pela famosa Universidade de Tóquio, Kiyoshi Yamamoto, que foi administrador da Fazenda Tozan, na região de Campinas, onde desenvolveu importante pesquisa em conjunto com institutos agronômicos da região no combate a broca dos cafezais”.

Renato Ishikawa lembrou ainda o importante papel de Kiyoshi Yamamoto durante a Segunda Guerra Mundial e nos conflitos que se seguiram no pós-guerra. “Graças aos  seus esforços que, em 1955, participou da fundação do Bunkyo, sendo seu primeiro presidente e grande incentivador do estudos e pesquisas agrícolas”.

 

Contribuições – Já o cônsul Ryosuke Kuwana disse que “muitos brasileiros reconhecem as numerosas contribuições que vem sendo feitas pelos imigrantes e descendentes de japoneses para o desenvolvimento do setor agrícola do Brasil, pois são contribuições presentes nas mesas das refeições diárias dos brasileiros e que resultaram na grande confiança desfrutada pela comunidade nikkei no que tange à produção de alimentos de qualidade”.

“Mas o impacto significativo dos nikkeis para o desenvolvimento da cultura alimentar brasileira vai além da diversidade hortifrutigranjeira cultivada abrangendo também o desenvolvimento do plantio no Cerrado, das Cooperativas, das indústrias de máquinas, da logística e das indústrias alimentícias. As transformações pioneiras que a  agricultura brasileira empreendeu nas últimas décadas só foram possíveis graças a dedicação de muitas pessoas, entre elas, muitos nikkeis, e tem contribuído para o progresso deste vasto país”, concluiu o cônsul.

 

Os homenageados – Este ano, dos seis candidatos indicados pelas entidades, foram escolhidos o ex-ministro Alysson Paolinelli que, entre seus feitos, em sua gestão foi implantado o Projeto Cerrado que tem na região de São Gotardo (Goiás), um dos polos de maior prosperidade, e o agricultor Masanori Ito, do município de Frei Rogério (Santa Catarina), responsável pelo desenvolvimento de uma variedade de semente de alho roxo e que hoje é uma das mais cultivadas no país e que tem São Gotardo como uma das regiões de maior produção dessa variedade.

(Aldo Shiguti)

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