Novo produto do Sesc SP valoriza cultura e comunidade do Vale do Ribeira

Lançamento na Unidade do Sesc em Registro, no Vale do Ribeira, contou com cerimônia do chá – Fernando Okuhara

O Sesc São Paulo da Avenida Paulista, na Capital, apresenta nesta quinta-feira (25), um novo produto em lojas da rede. É a caixa de chá artesanal, orgânico e agroflorestal produzido no Vale do Ribeira por duas tradicionais famílias de descendentes de imigrantes japoneses da região de Registro (SP), o Sítio Shimada e o Sítio Yamamaru. Com edição limitada, o produto foi lançado na unidade do Sesc em Registro no dia 13 de abril.

Trata-se do primeiro item de uma nova linha de produtos que tem como foco a valorização do trabalho de comunidades, de técnicas artesanais e de saberes tradicionais que compõem os diferentes territórios em que as unidades do Sesc São Paulo estão inseridas.

Por sua atuação com comunidades tradicionais do Vale do Ribeira, a unidade de Registro inaugura a série apresentando o chá produzido com as folhas da Camellia sinensis (a planta do chá), cultura que marca a história regional e se entrelaça com a trajetória de imigrantes japoneses que ao Vale chegaram no início do século XX.

A criação da caixa de chá se conecta às ações do Sesc SP desenvolvidas nas áreas de Valorização Social e Educação para a Sustentabilidade. O novo produto também fortalece a parceria entre unidades Sesc, como as de Registro e da Avenida Paulista, ambas com trabalhos e proximidade a comunidades, espaços e instituições relacionadas à cultura japonesa e ao chá.

Valor conceitual – A gerente do Sesc Registro, Débora Rodrigues Teixeira, afirma que muito mais do que um item de mercado, o novo produto carrega um valor conceitual, histórico e cultural. “Este é um chá com contexto, que traz à tona e valoriza o trabalho artesanal de pessoas que resgataram e deram continuidade à tradição cultural e produtiva de toda uma comunidade da região”, destaca. “É um produto que conta histórias e mostra os cuidados das famílias Shimada e Yamamaru com a produção de um chá com aromas, sabores e terroir distintos, característicos de uma região cercada por Mata Atlântica como o Vale do Ribeira”, completa.

Embalagem – A embalagem, uma caixa de madeira, contém sachês de chás verde e preto, cuidadosamente embalados, rotulados e identificados pelas próprias famílias Shimada e Yamamaru para montagem de cada unidade. Acompanha o material um encarte/livreto com pesquisa e texto da jornalista Isabelle Moreira Lima, contando a história do chá no Brasil e no Vale do Ribeira, a relação do cultivo com a cultura japonesa, a história das famílias produtoras, a importância do terroir do chá de Registro, além de orientações sobre o preparo do chá, a harmonização com outros alimentos e os usos culinários do chá.

Compõem também o encarte/livreto as seis receitas com chá – doces e salgadas – especialmente criadas pelas chefs Telma Shiraishi, representante oficial da gastronomia japonesa no Brasil, e Vivianne Wakuda, reconhecida por seu trabalho em confeitaria de São Paulo; o registro fotográfico feito pelo premiado fotógrafo Filipe Redondo (SP), realçando as pessoas, os ambientes, os utensílios e as paisagens que envolvem a cultura do chá; e as ilustrações de Carla Takushi, designer da cidade de Registro, fazendo referências às tradições e à cultura japonesa, à história do chá e ao modo artesanal de colheita e beneficiamento do produto.

Caixa de chá Ideia é valorizar trabalho de comunidades

Lançamento | Caixa de Chá

Idealização e Realização: Sesc São Paulo.

Onde:

Sesc Avenida Paulista

Data:

25 de abril, quinta, 11h

Produto disponível somente nas lojas do Sesc Registro e Sesc Avenida Paulista.

Preço: R$160,00.

Edição limitada.

SESC AVENIDA PAULISTA

Avenida Paulista, 119, Bela Vista, São Paulo

Fone: (11) 3170-0800

Transporte Público:

Estação Brigadeiro do Metrô – 350m

Horário de funcionamento da unidade:

Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, das 10h às 19h30. Domingos e feriados, das 10h às 18h30.

A Capital do Chá e famílias produtoras: breve história

A cultura do chá, empreendida por imigrantes japoneses e seus descendentes, teve significativa participação na história e na economia de Registro e região. O pioneiro que plantou as primeiras sementes de Camellia sinensis no Vale do Ribeira é o imigrante Torazo Okamoto, que chegou à região em 1919. O auge produtivo se deu entre as décadas de 1970 e 1980, com o chá dominando a paisagem regional, com a presença de mais de 40 fábricas e Registro se tornando grande exportador do produto. Em 1984, uma lei aprovada na Assembleia Legislativa do Estado reconheceu a cidade como Capital Estadual do Chá. Mas, a partir dos anos 1990, conjunturas econômicas interna e externa levaram ao declínio do cultivo e da produção.

As famílias Shimada e Yamamaru retomaram as tradições que ligam a cultura do chá à colônia japonesa na região. No Sítio Shimada, a missão de resgatar o chá tradicional de Registro foi abraçada pela matriarca Elizabeth Ume Shimada, em 2014, então com 87 anos de idade. Hoje, aos 97, ela ainda brinda o público com sua presença em eventos de colheita dos brotos da Camellia sinensis, mas quem coordena todo o trabalho é a filha Teresinha Shimada Ferreira, principalmente a produção artesanal do Chá da Obaatian (vovó, em japonês), em sistema orgânico.

No sítio dos Yamamaru, propriedade que fica na divisa entre os municípios de Registro e Sete Barras, os irmãos Kazutoshi e Miriam lideram o processo de recuperação e cultivo do chazal local e de difusão do Chá Agroflorestal ali produzido, mais de trinta anos depois de seus antepassados terem cessado o antigo cultivo. Com apoio e incentivo de projetos promovidos por organizações não governamentais na região, desde 2014 a família adotou o sistema agroflorestal, onde a plantação de Camellia sinensis convive na mesma área com árvores nativas, como a palmeira-juçara, espécie símbolo da Mata Atlântica por sua importância para a manutenção da biodiversidade do bioma.

Gratidão – “Ter a história familiar e do chá na região contada em um belo material junto com o nosso chá orgânico criou a maior expectativa na família”, conta Teresinha Shimada Ferreira. “A iniciativa do Sesc é uma forma de divulgar ainda mais a cultura, a história e o nosso Vale do Ribeira!”, destaca. Para Miriam Yamamaru, a parceria com o Sesc São Paulo motiva as famílias a continuarem investindo na cultura do chá. “É uma grande satisfação poder oferecer essa bebida de qualidade, tão saudável e repleta de benefícios para a saúde. Temos uma profunda gratidão ao Sesc por reconhecer o valor de nosso produto e esperamos que mais pessoas adotem o hábito de consumir os chás da Camellia sinensis de nossa região”.

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