Presidentes de entidades falam sobre importância de eleger representantes nikkeis

Tradição e representatividade marcam relações entre parlamentares e lideranças da comunidade

 

“Vamos apoiar nossos candidatos que defendem a redução e racionalização do uso do dinheiro público, que lutem contra a corrupção e promovam o aumento da oferta de crédito justo nas empresas, agricultura e comércio reduzindo a burocracia e defendendo a liberdade de empreender”. O “recado” é de Renato Ishikawa, presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social.  Como dirigente daquela que é considerada a principal entidade representativa da comunidade nipo-brasileira, Renato Ishikawa manifesta sua preocupação em relação às eleições deste domingo.

A preocupação tem explicação. “Coerentes com a tradição milenar de disciplina e trabalho do povo japonês”, o Bunkyo deixa claro, em relação à eleição para nova legislatura, que apoia os candidatos nikkeis “que defendem um modelo econômico liberal e que, efetivamente, esteja empenhado em realizar as tão necessárias reformas tributárias e administrativas, que vão reduzir o chamado Custo Brasil, que tanto tem prejudicado e dificultado a vida de quem paga impostos e gera empregos”. Mais que isso, quer despertar a necessidade de se eleger representantes nikkeis em todas as esferas, “seja ela municipal, estadual ou federal”.

“A ideia é contribuir para um país melhor, mais justo e que enfrente os grandes desafios do futuro. Afinal, somos todos brasileiros”, diz Renato Ishikawa.

 

Polarização – Para Toshio Ichikawa, que preside outra importante entidade nipo-brasileira, a Kenren – Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil – que reúne os kenjinjais das 47 províncias do Japão, “a atual eleição é muito diferente dos demais processos ocorridos no Brasil”. “Divulgam-se, a título de escolha de direita ou esquerda, uma polarização nunca vista, onde a imprensa, que deveria divulgar a verdade ou pelo menos, informar sem tendências ou viés, ela age de forma dirigida, em prejuízo daqueles menos atentos a essa ‘globalização’”, diz Ichikawa, acrescentando que, “na esteira dessa polarização política ocorrem as eleições dos senadores, dos deputados federais e estaduais, e que afeta de alguma forma nas suas campanhas”.

“Não podemos esquecer como se dá a ‘participação dos associados dos kenjinkais na integração política dos nikkeis deste estado’, pois boa parte dos dirigentes foram estudantes com poucos recursos financeiros, ficavam concentrados nos estudos, sem se envolver na política e nem no social, pois o objetivo da maioria era serem profissionais qualificados e respeitados para terem a ascensão social”, lembra Toshio.

 

Mudança de paradigma – Segundo ele, as principais características das associações das comunidades, “reflexos dos seus estatutos, é não se envolver em política e assuntos religiosos”. “Por essa razão não há demonstração de apoio aos políticos nas atuais campanhas eleitorais. Porém, procuram os políticos quando há necessidade de apoio do estado, na busca de algum benefício na construção de benfeitorias ou nas comemorações especiais, ou nas ocasiões de visitas oficiais de alguma autoridade do Japão”, destaca, afirmando que, “precisamos conscientizar e promover a mudança de paradigma, ou seja, a comunidade nikkei precisa ter quem defenda os interesses coletivos da sua comunidade”.

“Outras comunidades já construíram e fazem muito bem, de forma organizada. Além disso, os ‘nossos políticos’ têm que conhecer as necessidades e demandas das comunidades nikkeis. E, considero fundamental, que os nikkeis estejam mais engajados no que acontece na sociedade. Mas, para termos os nossos deputados [federal e estadual], são necessários votos, portanto, se os nikkeis quiserem (e precisamos) ter seu representante na Câmara Federal ou na Assembleia Legislativa, é necessário, primeiro, que votem nos seus prováveis parlamentares, de forma dirigida e objetiva”, concluiu Toshio Ichikawa.

 

Identificação – Para o presidente do Instituto Cultural Nipo-Brasileiro de Campinas, Tadayoshi Hanada, “as comunidades formadas por descendentes japoneses precisam ter um representante no estado, pois nós nikkeis, nos identificamos pela cultura e pela história dos antepassados”. “É necessário ter alguém que tenha nossas semelhanças para representar os interesses das comunidades nipônicas. Alguém que lute e defenda nossos interesses e assista às necessidades da cultura japonesa”, diz Hanada.

Presidente da Uces (União Cultural e Esportiva Sudoeste), Silvio Furukawa entende como “muito importante termos representantes que conheçam os problemas dos Bunkyos”. Para ele, representantes nikkeis tanto nas Assembleias Legislativas como na Câmara dos Deputados “seriam mais sensíveis às necessidades dos kaikans e teriam mais condições de auxiliar as entidades ligadas à colônia japonesa”.

(Aldo Shiguti)

 

 

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