Erika Tamura – O mundo dos fertilizantes

Com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, nunca se falou tanto em fertilizantes como agora.

O agronegócio é o movimento econômico que carrega o Brasil nas costas, em meio a tantas crises, foi o agronegócio que conseguiu manter o país em pé.

E agora, ouvimos falar a todo momento sobre o uso de fertilizantes russos e ucranianos, e percebemos o quanto o Brasil é dependente da importação desses produtos. Mas não é somente o Brasil, outros países também utilizam os fertilizantes oriundos da Rússia e Ucrânia, mas acredito que o Brasil seja um dos maiores consumidores de tais países nesse quesito.

E falar sobre esse assunto é delicado, existe perspicácia e conhecimento, coisa que não tenho, mas tenho lido muito a respeito, e o cenário que prevejo não é animador, pois acredito que implicará (já está acontecendo) em aumento de preços para o consumidor final, no caso eu.

O Japão também depende de fertilizantes vindos do mercado externo, mas o Japão entendeu (há um tempo), que não seria viável depender de outros países para ter acesso aos fertilizantes, com isso tratou de desenvolver técnicas apuradas para desenvolver o seu próprio fertilizante. Nesse ponto, acredito que não caiba a comparação entre Brasil e Japão, são mundos totalmente diferentes, o Brasil tem produção agrícola de perspectiva macro, já o Japão, por ter uma extensão territorial menor, a produção agrícola se resume a micro produções, o que não significa que esteja isento da crise causada pela guerra.

O Japão possui terras que necessitam de muito estudos e adaptações, por isso as tecnologias entraram para poder ajudar na produção agrícola vigente. Ressaltando que o Japão não possui recursos minerais significativos para a produção do próprio fertilizante. E então, como o Japão consegue produzir o fertilizante para o uso interno? As empresas japonesas produtoras de fertilizantes, compram terras ricas em potássio em países na África e na América do Sul, utilizando-se assim dos recursos manufatureiros e produzindo o suficiente para suprir a demanda interna.

O Brasil tem condições de produzir o próprio fertilizante? Sim, mas não a curto prazo.

Li essa semana, um artigo do professor e mestre em agronegócio Marcos Jank, onde ele ressalta a importância de um projeto a longo prazo para o Brasil poder produzir a sua própria demanda e não ficar nas mãos das oscilações do mercado externo. O fato do Brasil utilizar uma grande porcentagem de fertilizante importado, faz com que os preços dos alimentos oscilem e fiquem cada vez mais caros, visto o câmbio monetário vigente.

Ainda sobre o artigo, Jank escreve exatamente assim: “A redução da dependência não ocorrerá no curto prazo, mas é prioritário que esse planejamento seja levado a cabo com seriedade, mesmo quando a fase mais aguda passar. Uma política agrícola sobre o tema deve também considerar instrumentos de incentivo a práticas agrícolas sustentáveis e regenerativas e a utilização de bioinsumos”.

Até os mais leigos no assunto, como eu, conseguiram entender a gravidade da situação atual, e se nada for feito agora, poderemos comprometer o futuro no Brasil. Pois a falta de alimentos já é uma realidade em alguns países.

Os alimentos no Japão são quase todos importados, não é um país altamente produtivo no setor agrícola, mas por ser um país com grande poder de compra, não temos falta de alimentos, porém é tudo muito caro.

Fecho o artigo, com um pensamento de Confúcio, e que Marcos Jank também fez uso em seu artigo: “Apesar das muitas conquistas, a humanidade deva a sua existência ao sol, às chuvas e aos primeiros vinte centímetros de solo”.

Para refletir!

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