Canto do Bacuri – Desrazão

Sabe aquele trecho de música que às vezes “cola” em você e fica por muitas horas rodopiando em sua mente?  Fazia tempo, não me ocorria isso. Mas hoje o dia todo, na realidade, desde ontem de noite. E nem é trecho de música alguma.  Apenas a palavra.

Num primeiro momento, a tentativa de  justificativa é fácil. Desrazão é a falta da razão, da racionalidade, do bom entendimento. Creio que bom entendimento entrou aí, apenas por minha vontade. Mas, penso que a palavra me ronda por estar cansada, às vezes, irritada até, devido aos últimos acontecimentos.

É fato. A vida por aqui não tem sido fácil, na verdade, tem sido cada dia mais difícil viver por aqui. Não bastassem as mazelas trazidas pelo desgoverno dos últimos anos, agora temos o conflito Rússia e Ucrânia. De vinte dias para cá, o país se revelou dotado de enorme quantidade de estudiosos da geopolítica mundial especializados ainda na referida região do planeta. Como se estivessem diante de alguma partida esportiva ainda fazem suas defesas e apostas. A grande maioria, parece adotar um lado. O lado dos marionetes do senhor das guerras dos últimos anos. Tristes dominados e embrutecidos entregam seus punhos aos algozes.

A situação anda tão ridícula que teve até restaurante tirando o strogonoff de carne   de seu cardápio. Parece que a história não deu certo e os donos do estabelecimento acabaram voltando atrás em sua decisão. Também a mostra de cinema russo e sovietico que aconteceria no Cinesesc de São Paulo foi adiada, não sei para quando.  As universidades também irão cancelar ou adiar seus estudos relacionados à cultura russa e soviética? A pandemia faz com que eu não ande mais pelas livrarias, aliás cada vez mais escassas, só espero que gerentes aloprados não resolvam tirar de suas prateleiras os amados autores russos que tanto li em certo período de minha vida. Penso que é uma boa oportunidade para voltar a ler alguns  deles novamente.

Por aqui, no campo da pandemia temos novidades. A variante Deltacron,  já marcou presença em corpos brasileiros. E, apesar do ainda grande número de novos casos diários da Covid, tem gente querendo caracterizá-la como doença endêmica. Como se decretos fossem capazes de banir os vírus e suas novas variantes do país. Acredita? Temos mais. Nossa gasolina é a mais cara no planeta. Exportamos o petróleo bruto e consumimos o produto refinado que vem de fora e tem seu preço atrelado ao dólar. E isso, não é  por conta do  conflito. Vem de antes. Recorrendo à razão, a origem também está ali ligada aos mesmos senhores da guerra.

Se a gasolina e derivados do petróleo  estão caros, o que dizer então do resto da cadeia para nossa sobrevivência? Basta ir aos centros de abastecimento.

Triste o caminho que nos trouxe até aqui. Neste ano teremos eleição para presidente.

O que queremos? A manutenção da barbárie ou a esperança de dias melhores para todos?

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