Bunkyo realiza Cerimônia de Agradecimento à Jica e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão
A Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Bunkyo – reuniu diretores e representantes de comissões no último dia 19 para uma Cerimônia de Agradecimento ao governo japonês através da Jica, a Agência de Cooperação Internacional do Japão, e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão (Mofa) pela ajuda recebida por intermédio dos programas de apoio às entidades nikkeis durante a pandemia.
Estiveram presentes o presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa; o cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana; o representante chefe da Jica, Masayuki Eguchi; a representante sênior, Reiko Kawamura; o coordenador dos projetos governamentais e vice-presidente do Bunkyo, Valter Sassaki e o presidente do Conselho Deliberativo da entidade, Jorge Yamashita, entre outros.
A programação teve início no Grande Auditório com o descerramento da placa de agradecimento no elevador que dá acesso ao palco. Em seguida, foi feita uma breve visita à Sala de Exposições, local onde é realizado atualmente as atividades do Centro de Convivência de Pessoas Idosas e que recebeu banheiros de acessibilidade.
Ações – Os discursos e as homenagens foram realizados no Salão Nobre, onde também foi exibido um vídeo com os projetos subsidiados pela Jica e pelo Mofa que o presidente do Bunkyo fez questão de elencar cada um deles.
Começou falando sobre o Modoritai, projeto que fez parte do programa “Apoio aos Japoneses Residentes no Exterior e aos Nikkeis – por meio das organizações no exterior” do Mofa – Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão.
Realizado em formato online pela Comissão Network, o Modoritai reuniu especialistas e jovens decasséguis que retornaram do Japão durante a pandemia da Covid-19 com o intuito de identificar suas necessidades para auxiliá-los na recolocação profissional no mercado de trabalho brasileiro.
Renato Ishikawa destacou ainda as obras de acessibilidade – como o elevador e o piso tátil – e o Centro de Convivência para Pessoas Idosas (CCPI) – ambos financiados pela Jica. Lançado no dia 1º de outubro de 2021, o CCPI consiste em atividades voltadas para a terceira idade. “O sucesso foi tão grande que já tem fila de espera”, disse Renato.
Outros projetos de sucesso financiados pela Jica foram a TV Bunkyo, o Museu Virtual de Artes, a 14ª Grande Exposição de Arte e o Bunka Matsuri – Edição Verão – este último realizado no Parque Bunkyo Kokushikan, em São Roque.
Renato Ishikawa explicou que a TV Bunkyo produziu mais de 20 programas semanais com temas diversos da cultura japonesa. Foram abordados temas como o bairro da Liberdade, arquitetura, mangás, gastronomia, saquê, longevidade, artes marciais e empreendedorismo, que totalizaram mais de 30 mil visualizações no canal criado no YouTube.
Museu Virtual – Lançado em dezembro de 2021, o Museu Virtual de Arte Bunkyo, na ocasião, foi considerado pelo próprio Masayuki Eguchi, um dos mais importantes projetos solicitados pelo Bunkyo em 2021. Como explicou na oportunidade a presidente da Comissão de Administração do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil e coordenadora do projeto, Lídia Yamashita, “trata-se de uma galeria de arte que permite uma experiência única de um passeio virtual pela exposição de respeitados artistas nipo-brasileiros”.
14ª Grande Exposição – Realizado entre 6 e 20 de fevereiro deste ano pela Comissão de Arte Koguei em conjunto com a Comissão de Artes Plásticas, a 14ª Grande Exposição de Arte Bunkyo reuniu 279 obras – sendo 107 de artes plásticas e 172 de arte koguei – de 147 artistas. Subsidiado pela Jica por meio do Programa de Concessão de Subsídios às Entidades de Imigrantes, a edição teve como destaque uma homenagem especial ao artista Kazuo Wakabayashi (falecido em 2 de dezembro de 2021) e obras de sumiê do embaixador do Japão, Teiji Hayashi e de seu professor.
Por fim, Renato Ishikawa comentou sobre o Bunka Matsuri – Edição Verão realizado com grande sucesso no Parque Bunkyo Kokushikan, em São Roque.
Desafios – “Nesta retomada, onde os desafios continuam imensos, esperamos continuar contando com o apoio de órgãos japoneses, que são de extrema importância para nós”, disse Ishikawa, lembrando que para o Bunkyo, “como ocorreu com outras entidades em todo o país, angustiadas com os recursos financeiros escassos, decorrente da crise sanitária, o subsídio oferecido pelo Mofa e pela Jica foram relevantes para impulsionar os nossos passos e criar um novo ânimo para continuidade do nosso trabalho”.
Kusare-en – Masayuki Eguchi disse estar “muito satisfeito que o programa de subsídios da Jica tenha sido altamente avaliado pelos diretores do Bunkyo”. E destacou que, Sadako Ogata, ex-presidente da Jica de três gestões anteriores, costumava dizer que “o Japão tem um espírito de ajuda mútua que, quando estamos em apuros, somos um ao outro”.
“Embora o mundo tenha enfrentado uma crise sem precedentes nos últimos dois anos devido ao coronavírus, penso que o apoio às entidades nikkeis no Brasil diante das dificuldades em contiuuar as atividades por meio de programas de subsídios foi uma consequência natural que o Japão vem realizando após a Guerra”, explicou Eguchi, acrescentando que, “no Japão, há uma palavra, ‘laço podre’ (kusare-en), que, na etmologia original é laços em corrente, uma relação que não pode ser cortada como uma corrente”.
“Às vezes, é usada em um sentido ruim como numa relação que não pode ser facilmente cortada mesmo se você quiser cortá-la, mas às vezes é usada em um bom sentido, de amizade”, disse ele, que lembrou ainda que “Jica e o Bunkyo viveram sob o mesmo teto, entre 1978 e 1995, quando a agência japonesa manteve seu escritório de representação no sexto andar do Edifício Bunkyo.
Um ao outro – Segundo ele, com o passar dos anos, a Jica mudou de endereço, de nome e de personalidade jurídica, além de se expandir. “Por outro lado, nossa relação com o Bunkyo tem sido capaz de manter um laço podre de uma maneira boa”, disse, afirmando que, “algum dia, quando a Jica ou o Japão estiver em apuros, o Bunkyo e a comunidade nikkei no Brasil poderão nos ajudar”.
E concluiu: “Acredito que a Jica e o Bunkyo podem continuar trabalhando juntos para sempre para o desenvolvimento da comunidade no Brasil”.
Lições – Já o cônsul Ryosuke Kuwana observou que, durante a pandemia, foi possível “aprendemos muitas lições e através da solidariedade e da força de todos a comunidade nikkei pôde superar o momento mais agudo da pandemia”.
E mais do que isso, acredito que a comunidade saiu dessa crise sem precedentes ainda mais unida e fortalecida. O Bunkyo liderou a comunidade na divulgação de informações sobre a covid-19 e promoveu mudanças inovadoras que inspiraram outras associações nikkeis”, ressaltou.
Para o cônsul, a principal entidade representativa da comunidade nipo-brasileira cumpriu seu papel ao comandar a realização de eventos híbridos, “possibilitando que a comunidade nikkei de todo o Brasil incluindo muitos idosos, participassem virtualmente das mais diversas reuniões e celebrações”.
“Isso também atraiu as novas gerações e promoveu sua participação nas atividades e na liderança da comunidade”, disse Ryosuke Kuwana, que parabenizou a todos, “tanto os jovens como os não jovens por sua disponibilidade e boa vontade que possibilitaram essa mudança positiva na comunidade”.
Parceria – “Para nós, do Consulado Geral do Japão, será sempre uma alegria poder trabalhar junto com o Bunkyo e a Jica nos projetos que fortaleçam a comunidade e intensifiquem a cooperação e amizade entre o Japão e o Brasil”, concluiu o cônsul.
Após os discursos, o presidente do Conselho Deliberativo, Jorge Yamashita comandou o brinde. No fim, os convidados puderam saborear o obentô preparado pela Comissão de Gastronomia Japonesa do Bunkyo.