Chegou nossa hora’, diz presidente da CBBS após conquista histórica

Seus nomes serão sempre lembrados como os heróis que marcaram uma geração, assinalou o empresário venezuelano Giovanny Cordero em carta aberta à CBBS – Carol Coelho

 

Talvez nem o brasileiro mais otimista esperasse que a Seleção Brasileira de Beisebol chegasse tão longe nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023. A expectativa era, quem sabe, repetir a classificação dos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, em 1963, quando o Brasil ficou em quinto lugar – até então sua melhor participação em se tratando de Jogos Pan-Americanos.

Mas a Seleção Brasileira de Beisebol ousou ir mais longe e entrou para a história ao conquistar a medalha de prata em Santiago 2023. Após uma campanha irrepreensível na primeira fase, onde derrotou potências como a Venezuela, por 3 a 1, Cuba, por 4 a 2, e a própria Colômbia, por 8 a 7, o Brasil garantiu uma vaga no Super Round ao lado do Panamá, Colômbia e México.

A seleção garantiu uma vaga na final ao derrotar o Panamá, por 5 a 3, e conheceu sua primeira derrota diante do México, na última rodada, já com a classificação garantida para a grande decisão.

Na disputa pelo ouro, a Colômbia levou a melhor. A derrota, no entanto, não tirou o brilho da participação do Brasil em Santiago. Ao contrário, encheu de brio e orgulho todos que torcem pelo esporte.

Presidente da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS), Jorge Otsuka disse ao jornal Nippon Já que “toda a delegação, desde a comissão técnica até os jogadores sabem que foi uma conquista inédita para o beisebol brasileiro”.

Mas admitiu, no entanto, que eles não conseguem mensurar “o tamanho de tal conquista”. “Essa vitória conseguimos mais pelo clima, pelo entrosamento e pela união dos atletas”, disse o dirigente, que enalteceu o trabalho do chefe da missão, Márcio Irikura, e do trio de técnicos comandado pelo Ramon Ito, Thiago Caldeira e Thiago Magalhães. “E ainda contamos com a imprescindível ajuda do preparador físico Felipe Godinho”, destacou Otsuka, acrescentando que “conseguimos mesclar atletas novos com os mais veteranos”. “Todos deram o seu máximo e chegamos onde nunca havíamos chegado.   Acredito que com essa conquista o beisebol nacional será mais respeitado e não será mais conhecido como esporte de japonês”, conta, explicando que metade da equipe são de não descendentes.

“Temos que aproveitar e agradecer ao COB [Comitê Olímpico Brasileiro] pela compreensão em nos atender em tudo que precisávamos. Tivemos condições de treinamento, alimentação, transporte, uniformes etc”, disse Otsuka.

Passar o prato – Segundo ele, “agora chegou a nossa hora”. “Acredito que começarão a aparecer mais atletas querendo jogar beisebol e também mais patrocinadores, pois até o momento temos que passar o prato pedindo ajuda aos amigos e conhecidos. Espero que com isso possamos profissionalizar mais a administração do beisebol nacional”, afirmou Otsuka, acrescentando que “a prata é nossa e ninguém nos tira”. Muito obrigado a todos que ajudaram e ainda ajudam o nosso beisebol”, concluiu o dirigente.

Carta aberta – A conquista histórica da Seleção Brasileira repercutiu também no exterior. Giovanny Cordero, empresário venezuelano radicado nos Estados Unidos, enviou uma carta aberta à CBBS agradecendo o “grupo de heróis”. “Este grupo não apenas conquistou a primeira medalha na história do esporte no Brasil, por cima de prata, mas está também mudando a história de uma comunidade. O time me mostrou um dos maiores feitos que já vi em toda minha carreira no beisebol mundial”, disse Cordero, afirmando que “é um grupo de heróis que não só fez história, como alcançou a glória”.

“Seus nomes serão sempre lembrados como os heróis que marcaram uma geração com essa demonstração de luta, sonho e resiliência. O time tinha apenas 1% de probabilidade, que era o que os movia todos antes até a chegada do torneio, e vejam o que conseguiram com esses 99% de fé! Sem dúvida fizeram história”, diz Cordero em sua carta à entidade.

De acordo com o site da CBBS, além da conquista da inédita medalha nos Jogos, a grande campanha da seleção trará pontos importantes no ranking mundial da modalidade, divulgado e atualizado pela WBSC (Confederação Mundial de Beisebol e Softbol). Atualmente o Brasil ocupa a 24ª posição, atrás 149 pontos da China (23ª).

Jorge Otsuka (c) com membros da Comissão Técnica e médico ortopedista Mateus Saito – Carol Coelho

 

(Aldo Shiguti)

Os heróis

Arremessadores  – André Rienzo (Medicina USP – BRA), Daniel Missaki (Nippon Blue Jays – BRA), Douglas Takano (Maringá – BRA). Enzo Sawayama (Yamaha – JAP), Eric Pardinho (Toronto Blue Jays – CAN), Felipe Natel (Yamaha – JAP), Felipe Fukuda (Marília – BRA), Gabriel Barbosa (Colorado Rockies – EUA), Murilo Gouvea (Atibaia – BRA), Oscar Nakaoshi (Anhanguera – BRA)

Receptores – Gabriel do Carmo (Montigny Cougars – FRA), Raphael Parra (Marília – BRA), Salomon Koba (Nippon Blue Jays – BRA)

Defensores Internos – Felipe Mizukosi (Gecebs – BRA), Lucas Rojo (Atibaia – BRA), Lucas Sakay (Ibiúna – BRA), Osvaldo Carvalho Jr (Marília – BRA), Pedro Ivo Okuda ((Marília – BRA), Victor Coutinho (Marília – BRA)

Defensores Externos – Ariel Frigo (Anhanguera – BRA), Fabio Murakami (Marília – BRA), Jean Tomé (Marília – BRA), Paulo Orlando (Anhanguera – BRA)

Comissão Técnica – Ramon Ito (Técnico), Thiago Caldeira (Auxiliar técnico – Arremessadores), Tiago Magalhães (Auxiliar técnico – Rebatedores), Felipe Godinho (Preparador Físico), Márcio Irikura (Chefe da Delegação)

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