Com presença do governador da província, Ehime Kenjinkai celebra 70 anos

Cerimônia do Kagami Wari com a cônsul Chiho Komuro, o governador Nakamura, Odinete, Yasuhito Takayama e Yoshifumi

 

Com presença do governador da província, Ehime Kenjinkai celebra 70 anos

Um acontecimento especial merece um evento à altura. E foi o que aconteceu com a Associação Cultural Ehime Kenjin do Brasil, que preparou uma grande festa para celebrar seu 70º aniversário de fundação. Realizada no dia 12 de novembro, na Associação Hokkaido de Cultura e Assistência, na Vila Mariana, zona Sul de São Paulo, a cerimônia comemorativa contou com a presença de uma comitiva da província-mãe formada por 31 pessoas, sendo 20 membros da delegação oficial – entre eles o governador Tokihiro Nakamura e o presidente da Assembleia Legislativa de Ehime, Yasuhito Takayama – além de 11 pessoas do Ehime Ken Kaigai Kyokai.

Além da comitiva japonesa, o Dispositivo de Honra do Cerimonial foi composto pela presidente do Kenjinkai, Odinete Keiko Nagayama; o presidente da Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), Toshio Ichikawa; o presidente da Enkyo (Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo), Paulo Saita; os vereadores Aurélio Nomura e George Hato; a assessora da Secretaria de Relações Internacionais  da Cidade de São Paulo, Júlia Borges (representando o prefeito Ricardo Nunes); e os assessores parlamentares Oscar Hiramatsu (deputado estadual Márcio Nakashima) e Massah Fujimoto (diretor do Escritório Regional de Marília, Walter Ihoshi), além da cônsul Chiho Komuro.

Na ocasião, foram prestadas diversas homenagens, como a entrega do Prêmio de Realização da Província de Ehime, a honraria máxima concedida pelo governo da província de Ehime, a Toshisada Fujiwara.

Antes das execuções dos hinos nacionais do Japão e do Brasil, foi prestado um minuto de silêncio em memória às almas dos pioneiros de Ehime.

 

Mudanças conceituais – Abrindo a série de discursos, a presidente do Ehime Kenjinkai lembrou que, “da província de Ehime aqui vieram os primeiros imigrantes antes de 1953, trazendo consigo muitos sonhos e esperanças e com o intuito de um dia retornarem ao seu país de origem”. “No entanto, começaram a trabalhar com afinco e foram constituindo famílias, desafiando as diferebtes culturas e etnias, aprendendo a nova língua, o ‘português’, formando sujeitos plenos e, no final de 1953 deu-se a fundação do Kenjinkai com o intuito de servir de apoio aos imigrantes de Ehime, mantendo contato com a terra natal, formando, assim, um forte vínculo com o governo de Ehime e esta associação, que hoje completa 70 anos”, disse Odinete.

Ela explicou que nesses três anos que está à frente do kenjinkai, ocorreram “várias mudanças conceituais, pois, durante a pandemia tivemos que nos adaptar a uma nova realidade, com reuniões on-line e nos encontros presenciais, tivemos que seguir os protocolos vigentes naquele momento”.

“Também iniciamos a nova gestão com um esvaziamento dos associados. Para buscar a causa raiz, realizamos pesquisa envolvendo amplo questionário com a participação da maioria dos associados, com o objetivo de nortear as futuras ações do Kenjinkai”, disse Odinete, acrescentando que “as respostas foram compartilhadas com Kentyo, de onde recebemos apoio e, baseado nos dados obtidos, tivemos a oportunidade de discutir internacionalmente o futuro dos kenjinkais de outras localidades como a Argentina, Paraguai, Havaí, Sul da Califórnia, Kentyo e Kenjinkai do Brasil via on-line, e cuja repercussão nos deixou extremamente otimistas”.

 

Desafios – Segundo Odinete, “o grande desafio foi conciliar o antigo conceito de gestão com a nova, alterando para uma construção coletiva participativa em que todas as gerações pudessem ter uma interlocução, formando um novo princípio e conceito: todos opinando, ouvindo e criando novas regras, conceitos e princípios do Kenjinkai”. Como resultado, conta Odinete, “tivemos, de imediato, a participação de muitos bolsistas que estavam afastados e, atualmente podemos realizar eventos tradicionais e encontros envolvendo todos os associados, fortalecendo cada vez mais os laços e nos tornando em uma grande família”, destacou a presidente, afirmando que os descendentes vem demonstrando interesse e estão cada vez mais interessados nas atividades e nas suas origens”.

“Graças ao programa de bolsas que Ehime Ken nos oferece, muitos jovens procuram o Kenjinkai e tem despertado o interesse em estudar o idioma e a cultura com o objetivo de estudarem na terra dos ancestrais”, esclareceu Odinete.

 

Intercâmbio – Já o governador de Ehime relembrou a trajetória dos imigrantes e se solidarizou com os esforços dos pioneiros que, apesar de enfrentarem todos os tipos de adversidades, superaram os obstáculos e, com ajuda mútua, venceram em uma terra estranha e hoje ocupam papel de destaque em diversas áreas da sociedade brasileira”.

Tokihiro Nakamura lembrou que, apesar do tempo “bem apertado” – chegou no sábado e embarcaria de volta na segunda – estava ansioso em conversar com os ex-bolsistas e ex-intercambistas.

Disse que esteve no Brasil em outras ocasiões e, em uma delas, como prefeito da cidade de Matsuyama, participou de uma cerimônia do Kenjinkai na qual lembrou que o pai foi um dos imigrantes de Ehime para o Brasil, onde trabalhou em fazenda de café. E ouviu do seu tio que ele tinha primos no Brasil.

“Tenho orgulho de ver que os esforços de muitas pessoas que imigraram de nossa província estão contribuindo para o desenvolvimento do Brasil”, disse, explicando que, “em relação à Associação Ehime Kenjin do Brasil, seus associados estão desempenhando o papel de ponte de intercâmbio  entre a nossa província e o Brasil”.

“Para este fim, temos convidado estudantes bolsistas para a nossa província desde 1971, e estagiários técnicos bolsistas desde 1977 para ajudá-los a melhorar seus conhecimentos e habilidades”, destacou, acrescentando que “fico muito feliz em saber que, após retornar ao Brasil, cada bolsista tem atuado com sucesso em suas respectivas áreas, aproveitando a rica experiência adquirida na província de Ehime”.

Significado especial – Presidente da Assembleia Legislativa de Ehime, Yasuhito Takayama pediu para que a Associação Ehime Kenjin do Brasil continue a difundir a cultura japonesa, transmitindo às próximas gerações. “A Assembleia Legislativa da Província de Ehime gostaria de aprofundar ainda mais a sua cooperação com o Ehime Kenjinkai e promover fortes laços entre o Brasil e a província de Ehime, além de concentrar os esforços cada vez maior na promoção da amizade e continuidade do bom relacionamento”.

Toshio Ichikawa parabenizou a presidente Odinete e membros da Diretoria “pelo incansável esforço nas atividades do Ehime Kenjinkai e na organização desta bonita festa”. Para o presidente da Kenren, “esta comemoração de 70 anos de fundação da Associação Cultural Ehime Kenjin do Brasil, com a presença do governador, Tokihiro Nakamura, e do presidente da Assembleia, Yasuhito Takayama, e uma enorme comitiva composta de ilustres representantes da província, tem um significado importante para todos os membros da comunidade nikkei de Ehime Kenjinkai porque mostra que podemos retomar e fortalecer as relações internacionais da província-mãe com os provincianos de Ehime Kenjin do Brasil”.

Haiku – O vereador George Hato falou que nutre um carinho especial por Ehime, pois foi lá que seu ditian nasceu e destacou a relação da província com as artes. Lembrou que esteve no Japão recentemente e constatou o quanto os japoneses recebem bem os brasileiros.

Aurélio Nomura lembrou que, como todos os pioneiros que vieram ao Brasil, os primeiros imigrantes de Ehime trouxeram na bagagem sonhos e experiências de uma vida melhor. “Passaram por todos os tipos de adversidades, a começar pela língua e costumes completamente diferentes e alimentos que nunca tinham visto. Porém, com muito trabalho, muita dedicação, com sangue, suor e lágrimas, venceram todas as dificuldades, tornando-se também protagonistas da história da imigração japonesa para o Brasil, que é admirada por toda a sociedade brasileira”, destacou o parlamentar, que finalizou seu discurso com um poema de haiku, de autoria do senhor Masaoka Shiki, nascido em Ehime, que diz: ‘Ornai terra natal com a flor do coração’, em referência ao sentimento de saudade dos imigrantes da longínqua terra natal. Parabéns!”, finalizou o vereador.

Samba – Em seguida foram prestadas homenagens, trocas de presentes e contribuições ao Bunkyo, Enkyo e Kenren.

Como toda festa de aniversário, o “parabéns pra você” embalou o corte do bolo – a cargo da presidente Odinete, do governador Tokihiro Nakamura e do presidente da Assembleia, Yasuhito Takayama.

O tradicional kagami wari e o “kampai”, com o presidente da Associação de Prefeitos de Ehime, Kuninori Takechi, encerraram o primeiro bloco da programação.

Após o almoço teve início as apresentações com direito a ritmistas e passistas da escola de samba Nenê da Vila Matilde.

 

(Aldo Shiguti)

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