Em visita à Acal, cônsul geral destaca importância do bairro da Liberdade

Cônsul geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu, e a consulesa Junko Shimizu posam ao lado do presidente da Acal, Pedro Yano, e demais diretores – Aldo Shiguti

Nesta segunda-feira, 5, em visita à sede da Acal – Associação Cultural e Assistencial da Liberdade – no bairro da Liberdade, um dos principais centros turísticos da capital paulista, o cônsul geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu destacou a importância da região para os japoneses. Acompanhado da consulesa Junko Shimizu, o cônsul explicou que “o nome da Liberdade é sinônimo de saudade para muitos japoneses, embora muitos sequer conheçam o Brasil”.

Isso se deve, segundo Toru Shimizu, à presença de muitos turistas japoneses no bairro, em especial muitas autoridades que visitam o Brasil – como alguns ex-primeiros-ministros, entre eles Shinzo Abe, Junichiro Koizumi e Ryutaro Hashimoto. “Eles visitaram o Brasil e tiveram oportunidade de conhecer o bairro da Liberdade. Na volta ao Japão, eles falaram sobre a importância do Brasil e da comunidade nikkei de São Paulo. Por isso uma das primeiras coisas que vem à cabeça dos japoneses é o nome do bairro Liberdade quando alguém fala alguma coisa sobre o Brasil”, disse o cônsul, acrescentando que “talvez seja o lugar mais importante para a sociedade nikkei”.

Jardim Oriental – Durante a visita à Acal, o cônsul e a consulesa foram recepcionados pela Diretoria da entidade. Estiveram presentes o presidente Pedro Yano, os vice-presidentes Tamaki Yamamoto, Roberto Takamoto e Danilo Fujita e o presidente do Conselho Deliberativo, Yataro Amino. Também acompanharam a visita o diretor Jurídico Maurício Kobayashi; o diretor de Eventos Massayoshi Furuno; a diretora Administrativa Nair Yano e o assessor de Assuntos Presidenciais, Carlos Ikesaki (filho do empresário Hirofumi Ikesaki, que presidiu a Acal de 1997 até 2022 – ano de seu falecimento) e o subprefeito da Sé, Coronel Álvaro Camilo.

O cônsul e a consulesa chegaram por volta das 11h30, meia hora antes do programado, Lá, eles conheceram o Jardim Oriental e as dependências internas da entidades, onde são realizados cursos e workshops.

Desafios – Antes do almoço, coube ao vice-presidente Danilo Fujita apresentar um histórico da Acal, desde a sua fundação, em 1965, sob a denominação de Associação de Confraternização dos Lojistas do Bairro da Liberdade até os desafios da nova diretoria, como preservar a cultura japonesa através de festivais orientais; oferecer programas de educação que explorem a cultura japonesa como aulas de língua japonesa, artes marciais, danças, ikebana e instrumentos musicais; fortalecer parcerias com o poder público; ser um agente estratégico para melhorar a infraestrutura visando a atração de mais turistas e, por fim – e considerado por Danilo Fujita como o principal deles, a atração de novos voluntários e associados para fortalecer a realização de projetos.

Danilo lembra que a Acal já chegou a ter 250 associados e hoje conta com apenas 80 contribuintes. Ele explicou ainda que a entidade é responsável pela realização de quatro grandes eventos anuais – Hana Matsuri, Moti Tsuki, Tanaba Matsuri e Toyo Matsuri – e destacou alguns marcos importantes como a inauguração do Monumento em Homenagem aos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil e as mudanças dos nomes da estão do Metrô – de Liberdade para Japão-Liberdade – e da praça – primeiro para Liberdade-Japão e depois para Liberdade-África-Japão, com o intuito de resgatar a memória negra de São Paulo.

Pujança – Em seu discurso, Pedro Yano exaltou a contribuição do ex-presidente da Acal, Hirofumi Ikesaki, “que, com seu amor e dedicação pelo bairro deixou este legado cultural muito importante”. Ele lembrou que, entre os acordos bilaterais de cidades-irmãs, São Paulo mantém convênio com Osaka – cidade natal do cônsul atual. E encerrou sua fala prometendo trabalhar para o fortalecimento da cultura japonesa no bairro – em especial na área da educação – e em prol de uma Liberdade cada vez mais “pujante”.

Koban – O Coronel Álvaro Camilo agradeceu a visita do cônsul à Subprefeitura da Sé e destacou o curso de 15 dias que fez no Japão em 2010, à época como Comandante Geral da PM paulista. “Foram os momentos mais felizes da minha vida”, assegurou o subprefeito, lembrando que passou uma semana em Tóquio e uma semana em Mie “aprendendo sobre policiamento comunitário”.

“Foi do Japão que a Polícia Militar de São Paulo trouxe o sistema Koban que é utilizado até hoje, que são as bases comunitárias de segurança. E também trouxemos de lá as bases comunitárias, que nós chamamos aqui de bases comunitárias distritais e que no Japão leva o nome de Chuzaishos. Isso ajudou a reduzir a criminalidade e São Paulo só ganhou com essa parceria”, afirmou o Coronel Camilo, acrescentando que “trouxe muita coisa importante do Japão”.

Respeito – “Tudo que a gente trabalha aqui na Polícia de São Paulo, ou que eu usei no meu comando, eu trouxe de experiências adquiridas no Japão, o espírito comunitário, o respeito pelas pessoas, o respeito aos mais idosos, aos mais experientes, tudo isso a gente aprendeu lá no Japão. E eu faço questão de falar isso aonde nós vamos”, garantiu.

“A Polícia de São Paulo também tem uma tradição muito grande com o Japão. Hoje, na frente do Comando Geral da Polícia Militar tem um jardim que se chama Jardim da Amizade. De um lado representa o lado japonês e o outro, o lado brasileiro. Justamente para demonstrar essa união que temos”, disse o Coronel Camilo, que também agradeceu a parceria com a Acal.

Restaurantes japoneses – Por fim, o cônsul explicou que tinha muita vontade de trabalhar em São Paulo quando ainda servia na Embaixada do Japão, em Brasília, entre 2004 e 2007. “Na época, muitos colegas da Embaixada frequentavam São Paulo para saborear a comida japonesa dos muitos restaurantes que existem aqui e eu desejava muito algum dia ter uma oportunidade de trabalhar aqui em São Paulo”, disse Toru Shimizu.

“Desta vez, felizmente, consegui realizar o meu sonho de voltar ao Brasil como cônsul geral de São Paulo. Isso significa que eu estou sempre disposto para fortalecer nosso vínculo entre o Japão com a sociedade nikkei, com a Prefeitura de São Paulo e com a Subprefeitura da Sé”, concluiu o cônsul, lembrando que em 2025 a Acal completa 60 anos e o programa de bolsa do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão (MOFA) também estará completando seis décadas.

“Além disso, no ano que vem estaremos celebrando também os 130 anos do início das relações diplomáticas entre o Japão e o Brasil. Isso significa que teremos um ano muito intenso e teremos muitas atividades para fortalecer nossos laços de amizade”, frisou o cônsul.

O encontro contou ainda com a apresentação da sensei Yasue Hasui e de taiko formado por integrantes dos grupos Mika Taiko e Vila Ré.

O presidente do Conselho Deliberativo, Yataro Amino comandou o brinde.

Apresentação de taikô com os tocadores dos Grupos da Vila Ré e Mika Taiko

(Aldo Shiguti)

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