Etec Takashi Morita, na Zona Sul de SP, celebra centenário do patrono da escola

Mais que um patrono, Takashi Morita é um ídolo para os estudades e professores da Etec – Divulgação

A Escola Técnica Estadual (Etec) de Santo Amaro (zona Sul de São Paulo), criada em 2009, passou a se chamar Etec Takashi Morita, em 2019, como homenagem a Takashi Morita, sobrevivente da bomba atômica lançada sobre a cidade de Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945. Na sexta-feira (1º) Takashi Morita visitou a instituição acompanhado de outro sobrevivente, Kunihiko Bonkohara, de 83 anos.

A recepção contou com a presença de toda a comunidade escolar e de figuras públicas como o cônsul geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu e parlamentares – os vereadores George Hato e Celso Giannazi, bem como o deputado estadual Carlos Giannazi.

A diretora-superintendente do Centro Paula Souza (CPS), Laura Laganá, enviou uma mensagem lida na ocasião, em que diz, entras passagens emocionadas: “Ao olharmos para trás, vemos os capítulos de uma vida rica em significado e realizações. Desde a juventude até os dias de hoje, o senhor testemunhou momentos históricos e transformações que marcaram o mundo. Suas vivências nos fazem refletir sobre o passado e o que precisamos fazer para construir um futuro melhor.”

Personagem ilustre – Takeshi Morita é um hibakusha – pessoa afetada pela explosão – termo em japonês escolhido no lugar de “sobrevivente”. Ele permaneceu em Hiroshima por doze anos, empenhado na reconstrução da cidade onde haviam morrido, apenas no ano da explosão, mais de 60 mil pessoas. Nos anos posteriores, a contagem chegou a 130 mil mortos.

Em 1956, com a mulher, dois filhos e um diagnóstico de leucemia, ele embarcou rumo ao Porto de Santos e de lá rumou para a capital.

Há 40 anos, fundou a Associação Hibakusha Brasil pela Paz, que reuniu também as vítimas de Nagasaki, onde outra bomba atômica explodiu três dias depois de Hiroshima. Em sessão solene, Morita recebeu o título de Cidadão Paulistano em 2015. Ao lado de outros dois hibakushas, foi homenageado, em 2019, na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Livro – Morita escreveu o livro A Última Mensagem de Hiroshima: O que Vi e Como Sobrevivi à Bomba Atômica, em 2017. “A edição é repleta de fotos que só ficaram intactas porque Morita as deixou em Tóquio, quando fez sua preparação para ser um soldado da Guarda Imperial. Com isso, as imagens escaparam da explosão”, conta André Lopes Loula, professor de História na Etec e amigo de Morita.

Estudantes em festa – Flores naturais, mil tsurus (pássaros de origami) formando um buquê, um desenho feito à mão e outras lembranças foram presenteadas pelos alunos para o mestre que não dá aulas, mas para os jovens é também um professor, de quem recebem lições sobre a importância de defender um mundo pacífico. “Aprendi que nunca mais deveria pensar em alguém como inimigo. A lógica da guerra não dá espaço para a dignidade humana”. O conceito proposto pelo patrono ilustra cartazes nas dependências da Etec.

O pacifista Takashi Morita é mais que um patrono, é um ídolo para estudantes e professores, que sobreviveu à explosão e às consequências nefastas. A leucemia, doença que tratou por duas vezes antes de sair do Japão, em terras brasileiras não se manifestou.

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