Haicai Brasileiro – Temas de Agosto
O Jornal Nippon Já publica aqui os haicais enviados pelos leitores. Haicai é um tipo de poema que se originou no Japão. Seu maior expoente é Matsuo Bashô (1644-1694). O haicai caracteriza-se por descrever, de forma breve e objetiva, aspectos da natureza (inclusive a humana) ligados à passagem das estações. Hoje, no mundo inteiro, pessoas de todas as idades e formações escrevem haicais em suas línguas, atestando a universalidade dessa forma de expressão.
A seleção é feita pelos haicaístas Edson Iura e Francisco Handa.
Escreva até três haicais de cada tema sugerido (o tema deverá constar do haicai), identificando-os com seu nome (mesmo quando preferir usar pseudônimo), endereço e RG. Cada pessoa pode participar com apenas uma identidade.
Os trabalhos devem ser enviados exclusivamente para o e-mail ashiguti@uol.com.br, com o assunto: “Haicai Brasileiro”.
TEMAS DE AGOSTO
Vento Frio – Rosa de Inverno — Tricô
rosa de inverno
pelo jardim ressecado
quase nada resta
Carlos Viegas
Brasília, DF
com lãs coloridas
sapatinhos de tricô –
o mimo da amiga!
Clarice Villac
Campinas, SP
Caminho na trilha –
Um vento frio acompanha
as passadas lentas.
Cristiane Cardoso
São Paulo, SP
balanço da rede
tricotando um casaquinho
vovó adormece
Débora Novaes de Castro
São Paulo, SP
Sob ponte de rua
abrigo do vento frio,
Pessoas encolhidas.
Didi Tristão
São Paulo, SP
No altar da família
as rosas de inverno brancas –
Perfumam a sala
George Goldberg
Londres, Inglaterra
Noite alta –
Entre as frestas da janela
sinto o vento frio.
Jaíra Presa
Santos, SP
Saudade dos filhos
que cresceram e se foram
Blusas de tricô
Jonas Reis
Vitória, ES
ah, rosa de inverno!
todos desejam saber
sobre o seu vigor
José Marins
Curitiba, PR
janela fechada –
vento frio força a passagem
na junção dos vidros
Madô Martins
Santos, SP
Previsão do tempo
o frio chegando do sul –
A vovó no tricô.
Mario Isao Otsuka
São Paulo, SP
Blusa de tricô…
Um cheiro de naftalina
no corpo da moça
Matusalém Dias de Moura
Iúna, ES
Só dois papelões
e o pedinte na marquise –
Som do vento frio.
Mônica Monnerat
Santos, SP
Casa de repouso –
Pela vidraça do quarto
a rosa de inverno
Regina Alonso
Santos, SP
Vento frio na praça –
Nos tabuleiros de jogos,
Solitário ancião.
Reneu Berni
Goiânia, GO
ah, um vento frio –
a limpeza do barquinho
pode esperar
Rose Mendes
Ilhabela, SP
Casa abandonada –
Esperando o novo dono
a rosa de inverno
Taís Curi
Santos, SP
A casa em silêncio –
O tricô inacabado
Ficou na poltrona.
Zekan Fernandes
São Paulo, SP
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Temas de setembro (postar até 10 de agosto)
Ipê – Filhote de gato – Queimada
Temas de outubro (postar até 10 de setembro)
Sabiá – Folhas novas – Catavento
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Cata-vento (tema para outubro)
Por Edson Iura
Trata-se de brinquedo antigo e tradicional, do qual constam registros desde o ano 400 a.C. na China. Na Europa, seria conhecido pelo menos desde o século 15. Sua construção pode ser tão elementar quanto uma folha de papel cortada e dobrada em hélice, presa com um alfinete sobre uma haste de madeira. Ao expô-lo ao vento ou soprar sobre ele, a hélice adquire impulso e gira. Essa simplicidade é desproporcional ao enorme encantamento e à satisfação duradoura que provoca nas crianças. Elas podem experimentar as diferentes rotações provocadas pelo vento mais forte ou mais fraco. Também podem brincar com o resultado de suas interações com o cata-vento, como correr, parar ou simplesmente soprá-lo. Vendedores de cata-ventos multicoloridos podem ser encontrados em locais de grande afluência de crianças, como na entrada de parques e jardins zoológicos. A visão dos cata-ventos presos em uma base de isopor, girando simultaneamente ao vento suave, desperta sentimentos de nostalgia da infância.
O neto nos ombros
não para de gritar “corre!”—
Cata-vento gira.
Ken’ichi Nakamura