Hideto Honda é reconduzido ao cargo de presidente e vê novos desafios
Depois de um mandato (2021-2022) praticamente todo voltado para garantir a sobrevivência das associações durante o período mais crítico da pandemia, Hideto Honda foi reconduzido ao cargo para um segundo mandato (2023-2024) em que terá novos desafios à frente da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste. Um deles será o de buscar parcerias com as cerca de 30 associações de 27 cidades filiadas à Federação. “A ideia é vermos as necessidades de cada uma e, com a ajuda do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social) e do Consulado Geral do Japão tentarmos realizar mais eventos com o intuito de captar recursos”, disse Hideto Honda, que deve contar com quase todos os mesmos diretores da gestão passada, com Wilson Hironiti Takayama como vice-presidente, Kazoshi Shiraishi como presidente de honra e Shinichi Yassunaga como representante regional da Noroeste junto ao Bunkyo. Já os presidentes dos setores devem ser indicados por cada setor nos próximos dias.
A Assembleia Geral Ordinária que elegeu a nova diretoria foi realizada no último dia 19, na sede da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste, em Araçatuba, com a presença do cônsul-geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana; do cônsul para Assuntos Políticos e Gerais, Hiroyuki Ide; da vice-prefeita de Araçatuba, Edna Flor; do presidente da Comissão de Relações Institucionais do Bunkyo (representando o presidente da entidade, Renato Ishikawa), Tomio Katsuragawa; do presidente da Comissão Bunkyo Rural/Kiyoshi Yamamoto, Nelson Kamitsuji; do presidente da JCI Brasil-Japão e secretário geral do Bunkyo, Hugo Teruya; do coordenador do Fórum de Lideranças 2023 da JCI em Lins, Roger Okura; do diretor de Esportes do Bunkyo, Roberto Tanaka; do prefeito de Alto Alegre, Carlos Sussumi Ivama e do presidente da Associação Cultural Nipo-Brasileira da Alta Sorocabana, Toshio koketsu, entre outros.
Língua japonesa – Antes, foi realizada a Assembleia do Centro de Difusão de Língua Japonesa da Noroeste. A presidente Masako Nakaba lamentou o fechamento de alguns departamentos de língua japonesa nas associações. Segundo ela, hoje são apenas cinco departamentos de nihongaku em toda Noroeste que, no final da década de 1960, chegou a contar com cerca de 60 departamentos de idioma japonês. “Praticamente todos os bairros das cidades filiadas à Federação contavam com nihongaku”, disse Nakaba, lembrando que hoje a situação é “um pouco melhor” em Araçatuba, que está com 85 alunos. Para ela, é preciso criar atrativos para atrair novos alunos.
Monumentos invisíveis – Presente na abertura da Assembleia da Federação, Carlos Ivama, prefeito de Alto Alegre, destacou a importância dos valores nikkeis na política explicando que, como chefe do executivo de uma pequena cidade, sente os efeitos de um pós-governo que deixou uma geração de intolerantes e extremistas que “têm que ser combatidos com valores herdados dos nossos ancestrais”.
Seu discurso pela busca de uma sociedade mais tolerante através de valores que a comunidade japonesa tanto preza, foi reforçado pela vice-prefeita de Araçatuba, Edna Flor.
Ela destacou ainda a importância de monumentos “invisíveis, que não são perceptíveis aos olhos”. “São valores que nos trazem respeito, a tolerância, o respeito às diferenças, valores de superação e humildade que caracterizam a cultura japonesa”, explicou a vice-prefeita.
Palestra – O cônsul-geral, que aproveitou sua estadia na região para visitar a Comunidade Yuba e as associações da 1ª Aliança, Pereira Barreto e Mirandópolis (leia à pág 4), fez uma explanação com o tema “Diplomacia Japonesa e Comunidade Nikkei – Conexões com a comunidade nikkei”, ressaltando os três principais pilares que sustentam as relações Japão-Brasil: 1) comunidade nikkei; 2) economia e 3) compartilhamento de valores básicos comuns.
Kuwana também destacou o apoio do governo japonês – quer através da Jica (Japan International Agency Cooperation) quer através do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão – à comunidade nikkei durante a pandemia, e lembrou as recentes visitas da deputada Yuko Obuchio – que representou o governo do seu país na posse do presidente Lula como Embaixadora em Missão Especial – e do ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Yoshimasa Hayashi ao ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira, a primeira realizada por Chanceler estrangeiro desde as cerimônias de posse do atual Governo.
Também fizeram uso da palavra: Nelson Kamitsuji, Tomio Katsuragawa, Roberto Tanaka, Hugo Teruya e Roger Okura.
Foram discutidos ainda outros assuntos como as apresentações do relatório de atividades e o financeiro de 2022; o valor da anuidade – que ficou estabelecido em R$ 6,00 por cada associado – além do 49º Encontro de Agricultores da Noroeste – que deve ser realizado em Guararapes ou Araçatuba (como segunda opção) e o 55º Bon Odori da Noroeste, a ser realizado no dia 19 de agosto, no Recinto de Exposições – caso seja confirmado para Araçatuba.
Crescimento – Ao jornal Nippon Já, Hideto Honda disse que a Federação está de “portas abertas” para tentar ajudar todas as associações, em especial aquelas que estão encontrando dificuldades, como os casos de Bilac e Bauru. “No caso de Bauru, pelo que ficamos sabendo, eles estão tentando encontrar uma fórmula para não fecharem as portas. Queremos conversar com cada uma para sabermos de que forma podemos ajudar”, explicou Hideto, acrescentando que uma alternativa é a realização de eventos nesses kaikans para ajudar na captação de recursos.
“Está sendo um recomeço para todas as associações, mesmo paras escolas de língua japonesa. Só peço para que os presidentes de cada associação foquem esforços para trazer os sócios que eventualmente se afastaram durante a pandemia e também trabalhem para tentar trazer os jovens, que estamos sentindo bastante”, destacou.
Para Hideto Honda, a ordem agora é “tentar crescer”. E uma das ações em estudo é a realização de um Festival do Japão na região. “Não é impossível, mas para isso precisamos contar com o apoio de todas as cidades”, afirmou.
Jovens – E um primeiro passo com o objetivo de atrair jovens, inclusive não descendentes de japoneses – o que o cônsul Ryosuke Kuwana define como “nikkeis de coração” (não descendentes de japoneses que, apesar de não ter o sangue japonês amam a cultura japonesa) – foi dado após o término da Assembleia, com a realização de um bate papo coordenado pelo presidente da JCI Brasil-Japão, Hugo Teruya, com jovens da região Noroeste. Ele iniciou a conversa justamente com os temas sobre a participação dos não descendentes nas atividades nikkeis e a atuação dos jovens (de forma geral) nos eventos nikkeis.
(Aldo Shiguti)