Ireisai homenageia falecidos na guerra e imigrantes japoneses do Brasil

Cerimônia xintoísta pelo sacerdote Kazuo Osaka

 

O grupo Brasil Yasukuni Heian no Kai realizou, no dia 20, depois de dois anos interrompidos pela pandemia, o Ireisai, Cerimônia Memorial em homenagem aos falecidos na guerra e imigrantes japoneses no Brasil, no Salão Nobre da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social (Bunkyo), localizado no bairro da Liberdade em São Paulo. Neste ano, além de participantes de longa data, tiveram também a presença do grupo de jovens da Academia do Futuro, do Nippon Country Club, dando ainda mais vivacidade e energia para a cerimônia.

Regido pelo mestre de cerimônia Carlos Yukito Miyazaki, o evento se iniciou com as palavras das autoridades presentes. Presidente de honra do Brasil Yasukuni e presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa, expressou felicidade em ver público jovem na plateia e ressaltou a importância de rezarmos e trabalharmos pela paz e harmonia, dizendo que “na guerra, não há ganhador, todos perdem”. Ressaltou a importância de recordar dos nossos antepassados, pelas dificuldades que eles passaram nos primórdios da imigração japonesa no Brasil, e agradeceu pelos trabalhos dos falecidos Hachiro Shimomoto e Hirofumi Ikesaki, dois integrantes do Brasil Yasukuni que tiveram grandes contribuições com o grupo.

Em seguida, o presidente do Brasil Yasukuni, Koshiro Nishikuni, deu as palavras de abertura, agradecendo Renato Ishikawa e toda a diretoria do Bunkyo pela cessão do espaço para a realização da cerimônia. Em seu discurso, Nishikuni enfatizou que os conflitos que acontecem atualmente, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, “não é problema alheio, uma vírgula errada pode acontecer conosco, com nossos filhos e netos”. Disse ainda que “a conscientização e a oração de cada um pode mudar o mundo”. Nishikuni também fez uma homenagem póstumas para Hachiro Shimomoto, que sempre atuou como grande líder do Brasil Yasukuni, e Hirofumi Ikesaki, que cedia o salão da Associação Cultural Assistencial da Liberdade (Acal) todos os anos para a realização do Ireisai.

Presidente do Brasil Yasukuni, Koshiro Nishikuni

 

Saimon – Ainda na abertura, uma mensagem do sumo sacerdote do Santuário Yasukuni, Tatebumi Yamaguchi, foi lida, que dizia que “a pandemia do novo coronavírus tem impactado severamente a nossa vida social nestes últimos anos, estou rezando para que a volta do Ireisai traga paz para as almas dos heróis e dos imigrantes falecidos”. “Estou certo de que eles estejam bastante alegres com a vossa lembrança e veneração que tem realizado ao longo destes anos”, completou.

Na sequência, o sacerdote Kazuo Osaka foi convidado ao palco para dar início a cerimônia xintoísta. Após um minuto de silêncio dedicado aos heróis do Santuário Yasukuni, aos imigrantes falecidos, vítimas da covid, ex-ministro Shinzo Abe, Hachiro Shimomoto e Hirofumi Ikesaki, procedeu para a cerimônia. O presidente Nishikuni fez o “saimon”, uma oração aos Deuses, e posteriormente todos os presentes fizeram a oferenda chamada “tamagushi” (ou “tamakushi”).

Renato Ishikawa, presidente de honra

 

Após término da cerimônia xintoísta pelo sacerdote Osaka, representante de ex-alunos da Escola Shohaku e Colégio Oshiman, Fumika Yamaguchi Nishikuni, fez um discurso venerando os falecidos na guerra.

“Sinto muito por todo o sofrimento. Comprometo-me em trabalhar na conscientização das gerações mais novas para a paz mundial, por isso, por favor, reze junto conosco para que nunca mais se repita uma tragédia como a guerra”, disse Fumika para as almas dos falecidos, relembrando dos pais e filhos que nunca mais conseguiram se reencontrar quando ocorreu a Batalha de Okinawa, das jovens moças que se sacrificaram gritando até o último momento de suas vidas para outros conseguirem fugir da Invasão do Sul da Sacalina (ocorrida durante a Guerra Soviético-Japonesa) e dos animais que foram usados pelas tropas militares.

Em seguida, a música “Furusato” (“terra natal” em japonês), foi cantada por todos os participantes do Ireisai, com a regência da Lucy Mina Shimomaebara.

 

Naorai – Teve também o tradicional “naorai”, ritual que os participantes recebem parte da oferenda como forma de interiorizar a força dos venerados (Deuses e antepassados).

Por final, presidente Nishikuni fez o discurso de encerramento, agradecendo todos os voluntários e membros da diretoria do Brasil Yasukuni, e principalmente a professora Mariko Kawamura, fundadora da Escola Shohaku e Colégio Oshiman, quem sempre trabalhou na conscientização da nova geração sobre a paz e harmonia mundial, que é o único sentimento simples e sincero que unem os integrantes do Brasil Yasukuni Heian no Kai.

(Lika Shiroma)

 

 

 

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