Obra em homenagem a Kiyoshi Harada reúne 44 renomados juristas

Kiyoshi Harada com a esposa, Felicia Harada e convidados na noite de lançamento (Foto: Julia Sales)

 

Em noite de gala para a comunidade jurídica, foi la nçado no último dia 6, no Hotel Intercontinental, em São Paulo, o livro “Temas contemporâneos de Direito Público – Estudos em Homenagem ao Professor Kiyoshi Harada”. Como o próprio título sugere, trata-se de uma homenagem de 44 renomados autores do Direito Público a um de seus mais ilustres representantes. Com prefácio escrito pelo jurista da Academia Paulista de Letras Jurídicas, Ives Gandra da Silva Martins, a obra – coordenada por Francisco Pedro Jucá, Alberto Shinji Higa, Arthur B. de Souza Junior e Eduardo Jardim – reúne mais de  30 temas relevantes e atuais de direito público (direito administrativo, direito constitucional, direito financeiro e direito tributário) desenvolvidos por 44 juristas do Brasil, Espanha, Itália e Portugal, dentre os quais o pranteado jurista Jorge Miranda da Universidade de Lisboa, para homenagear o jurista e professor Kiyoshi Harada por seus 56 anos de advocacia contínua, sendo 20 anos na advocacia pública.

Costa, Renato Ishikawa, Harada, Massami Uyeda e Jorge Yamashita (Aldo Shiguti)

 

Na noite de lançamento, estiveram presentes o professor, membro e Conselheiro  do Ibedatf (Instituto Brasileiro de Estudos de Direito Administrativo, Financeiro e Tributário) – que tem Kiyoshi Harada como presidente – e presidente da Sociedade Brasileira de Direito Financeiro, Francisco Pedro Jucá; a cônsul geral adjunta do Japão em São Paulo, Chiho Komuro; o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Massami Uyeda; o professor, escritor e membro do Conselho Superior de Orientação do Ibedatf, Antonio Francisco Costa; o vereador Aurélio Nomura; o presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Renato Ishikawa; e o professor e membro do Conselho Superior de Orientação do Ibedatf, Adilson Abre Dallari, além da esposa do homenageado e também advogada, Felícia Harada, entre outros, totalizando cerca de 200 convidados.

 

Espírito agregador –  Membro da Academia Paulista de Letras Jurídicas, titular da Cadeira 7; da Academia Paraense de Letras Jurídicas, titular da Cadeira 14; membro da Academia Paulista de Magistrados e  Jurista de Destaque do biênio 19/20 – conferido pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – Francisco Pedro Jucá, representando os coordenadores da obra, iniciou sua fala destacando o “espírito agregador” de Kiyoshi Harada e a forma com que o homenageado consegue compartilhar seus conhecimentos. “É uma obra que deve ser lida, pode ser lida e mais que tudo, precisa ser lida para que se entenda, se perceba e se sinta a importância do direito na organização da vida social, do direito público na organização da nossa vida e, sobretudo, aproveitar o momento de convivência intelectual com essa personalidade apaixonante que é Kiyoshi Harada”, concluiu Jucá.

Kiyoshi Harada: “Entusiasmo para continuar lutando” (Aldo Shiguti)

 

Atuação – Já Chiho Komuro ressaltou a “grande influência” de Harada no meio jurídico brasileiro – “área que domina com maestria” – e sua atuação não só em prol da comunidade nipo-brasileira bem como para o fortalecimento das relações Brasil-Japão. Ela lembrou que em 2019 Harada foi condecorado pelo imperador Naruhito com a Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Laço e destacou ainda a obra coletiva sob sua coordenação, “O Nikkei no Brasil”, e o concurso de monografias idealizado pelo jurista com apoio do Bunkyo, da Associação Brasileira de Ex-Bolsistas do Gaimusho Kenshusei e da Câmara Júnior Brasil-Japão com o intuito de despertar o interesse dos jovens nikkeis e não nikkeis para o desenvolvimento de atividades culturais, especificamente aquelas voltadas para a manutenção e difusão da cultura japonesa para que ela se perpetue ao longo das gerações.

A cônsul adjunta do Japão, Chiho Komuro com o jurista Kiyoshi Harada: “Grande influência” (Aldo Shiguti)

 

Antonio Francisco Costa disse que sempre admirou a contribuição do jurista Kiyoshi Harada para a formação de intelectuais da área de Direito e o vereador Aurélio Nomura destacou o trabalho “excepcional” do homenageado em prol da justiça.

Presidente do Bunkyo,  Renato Ishikawa falou sobre a atuação de Harada como membro e presidente do Conselho Deliberativo do Bunkyo.

 

Referência – Massami Uyeda lembrou que convive com Harada desde 1963 e que sua admiração pelo amigo “tem crescido sempre”. Ele destacou passagens da carreira exitosa de Harada na advocacia pública, na advocacia privada e na área do magistério, onde o professor Kiyoshi Harada surge como uma de suas mais prestigiadas figuras. “Seus livros de Direito Tributário, Direito Financeiro, Direito Administrativo e Direito Constitucional são referências não só para estudantes como para profissionais do Direito e suas lições servem, comumente, de base para as decisões do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal”, comentou Uyeda, que concluiu afirmando que, “se, para que se considere uma existência completa, tenha-se de escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho, como já o diziam os antigos, pode-se dizer que em relação ao professor Kiyoshi Harada, ter ele escrito uma biblioteca, plantado um bosque e constituído uma bela família”.

O professor Kiyoshi Harada com kenshuseis na noite de lançamento de obra em sua homenagem (Aldo Shiguti)

 

Marido, pai e avô – O ponto alto da noite foi o discurso informal da esposa Felicia, que de forma bem humorada, inteligente e sutil, relatou peculariedades do jurista Harada, que atesta a integridade de um dos mais “brilhantes humanistas do país na atualidade”, como escreveu Dr. Ives Gandra no prefácio. Felicia falou da pessoa que se dedica horas e horas ao estudo e é incapaz de dizer não a quem o procura; falou do marido, pai e avô exemplar e sempre disposto a dar conselhos aos parentes. Enfim, lembrou que, “ao lado do estudioso de Direito, existe um homem preocupado com as coisas do dia a dia”.

A esposa e também advogada Felicia Harada “roubou a cena” (Foto: Julia Alves)

 

Coube ao homenageado agradecer aos amigos porque, como disse ao jornal Nippon Já, “não é fácil reunir 44 autores para escrever um texto de relevância na área de Direito Público”. “Realmente tem que ter muita disposição para me prestigiar, inclusive o professor Jorge Miranda, conhecidíssimo no Brasil e que fez questão de escrever um texto neste livro coletivo”, explicou Harada, quem seu discurso leu um trecho do livro do padre João Baptista Zecchin, “O Ipê e o Amigo”.

 

Como o ipê“Não há florestas de ipês. Há ipês na floresta. Como não há multidão de amigos. Há amigos na multidão. O ipê marca sua presença na paisagem, como o amigo marca sua presença na memória. No ipê, a flor é frágil e passageira. O tronco é sólido e resistente. O tronco é a alma. A flor é a palavra. No amigo, mais que na palavra é na alma que se apoia o coração que busca. Mais importante que aquilo que se diz é aquilo que se é. 0 ipê chama a atenção, mas não se exibe. É assim o amigo. Presente na hora exata, não alardeia a amizade que oferece. O ipê nada pede. Nasce espontâneo e não fica a exigir cuidados. Como o amigo, que não é interesseiro. Entre tantas lições que nos dá o ipê, esta, a da amizade, é das mais preciosas. Não é rico, porque não tem frutos. Consegue ser amado por aquilo que é e não por aquilo que tem… Ele vem dizer, todos os anos, que a amizade é um tesouro. Como o ouro da cor que o reveste. Cultive a amizade, ela é forte como o tronco do ipê. É como a vida que não desiste”.

“É nesse sentido que entendo o valor da amizade, exatamente um valor abstrato e sentimental e, ao mesmo tempo, que dá o entusiasmo para continuar lutando no dia a dia”, destacou Kiyoshi Harada ao Nippon Já.

(Aldo Shiguti)

 

 

 

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