Polarização eleitoral divide comunidade com cartas abertas aos nikkeis

 

De um lado, simpatizantes de Lula destacam ‘oportunidade de votar por um projeto de Brasil democrático’; do outro, defensores de Bolsonaro dizem que ‘a candidatura do ex-presidiário é uma afronta’

 

Em uma eleição marcada por confrontos em redes sociais e um clima de antagonismo presente no cotidiano das pessoas, o pleito marcado para o dia 30 de outubro já tem uma vitória: a da tão falada polarização. O brasileiro não teve muitas opções (viáveis) de novos nomes e terá mesmo de decidir entre a permanência do atual presidente ou o retorno do ex-presidente.

O clima de torcidas em final de Copa do Mundo (esta já deixada em segundo plano, pelo menos temporariamente) toma conta da população. Na comunidade não foi diferente, com posicionamentos firmes, fortes e com direito a cartas abertas em apoio a um ou outro candidato.

De um lado, centenas de nipo-brasileiros já assinaram a “Carta Aberta de Nipo-Brasileiros e Nipo-Brasileiras – Votar por um Brasil Melhor”. Dentre os motivos para escolher Lula nas urnas, o documento cita: “Desrespeitoso, o presidente da república (Jair Bolsonaro) vulnerabiliza as minorias. Nossas famílias bem sabem o que isso significa. Minoria no Brasil, em certo momento de nossa história, fomos privados de direitos democráticos fundamentais. Não queremos correr o mesmo risco, assim como a grande maioria do povo brasileiro”.

No outro extremo, um manifesto nikkei – “Carta Aberta À Comunidade Nikkei e a Todos os Brasileiros – assinado pelos vereadores Aurélio Nomura (PSDB-SP), George Hato (MDB-SP) e o ex-deputado federal Walter Ihoshi (PSD-SP) solicita votos a Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas para o governo paulista, reiterando que “votar em Lula e trazer ele e seu grupo de volta ao mesmo local dos crimes é trair os nossos antepassados e os valores morais e de caráter que nossos pais, avós e bisavós nos ensinaram”.

Como dizem, as cartas estão na mesa. Quem decide, no fim, é o povo, com o poder de voto e a difícil responsabilidade de eleger o próximo presidente em meio a tantos ruídos, alvorços e tremores. Todavia, a sensação é a de que, após o dia 30 de outubro, tudo passa. Ou não.

(Rodrigo Meikaru)

 

 

Carta aberta de nipo-brasileiros e nipo-brasileiras – Votar por um Brasil melhor

Somos brasileiros e brasileiras descendentes de japoneses. Neste momento decisivo de nossa história, desejamos unir nossas vozes e falar para toda a sociedade brasileira.

Entre profissionais da farmacêutica, advocacia, medicina, empresariado, engenharia, comércio, jornalismo, agricultura, do meio artístico e cultural, da área de educação, da saúde, de humanas, da ciência, da área pública, estudantes, trabalhadoras e trabalhadores e pessoas cuidando de suas famílias e casas, somos mais de 1,5 milhão de cidadãos e cidadãs nipodescendentes no Brasil.

Há 114 anos, foram nossos bisavós, avós, pais e mães que começaram a chegar aqui e construíram suas vidas com trabalho e dedicação, abrindo nossos caminhos. Carregando seus valores éticos, sociais e culturais de determinação e solidariedade, somos, hoje, orgulhosos brasileiros e brasileiras.

No próximo dia 30 de outubro, escolheremos o novo presidente do Brasil.

O atual presidente não honra a democracia brasileira, comprometendo o presente e o futuro da nação. Os valores e princípios éticos, que herdamos de nossos antepassados, não condizem com a postura ameaçadora à democracia brasileira do atual presidente da república.

Mostrou-se despreparado para gerir a pandemia de Covid19, ignorando a ciência, atrasando a compra de vacinas e a própria vacinação, sucateando o sistema de saúde público e levou o Brasil a ser um dos países com maior número de mortes no mundo. Cortou investimentos em educação, saúde, cultura e ciência e desmontou a política ambiental brasileira, elevando o desmatamento a níveis alarmantes. Na economia, gerou uma das piores crises da indústria nacional e não a fez crescer. Deixou a fome voltar!

Desrespeitoso, o presidente da república vulnerabiliza as minorias. Nossas famílias bem sabem o que isso significa. Minoria no Brasil, em certo momento de nossa história, fomos privados de direitos democráticos fundamentais. Não queremos correr o mesmo risco, assim como a grande maioria do povo brasileiro. Foi a resistência de nossas famílias, naqueles tempos, que evitou que fôssemos condenados à estagnação econômica e social, assegurando-nos moradia, segurança alimentar e acesso à educação. É preciso que possamos garantir isso também às gerações vindouras e a toda sociedade brasileira.

Temos parentes, gente conhecida e amiga que foi buscar trabalho no Japão, algo que, infelizmente, não encontraram por aqui. É possível construir um país pujante para que nikkeis do Brasil tenham trabalho e não precisem ir para o exterior por necessidade econômica, mas por escolha.

O nosso país é muito rico e próspero, podemos recolocá-lo rumo ao crescimento e ao desenvolvimento.

Precisamos assegurar que a partir de 2023, vamos começar a construir um futuro melhor. No próximo dia 30 de outubro de 2022, escolheremos o presidente da república deste país. Temos o voto para marcarmos a nossa escolha.

Nesta eleição temos a oportunidade de votar por um projeto de Brasil democrático, harmonioso, desenvolvido, sustentável, que promova a justiça social, combatendo a desigualdade, que garanta os direitos das minorias, o investimento em educação, que promova empregos e se comprometa com a democracia.

Vamos recuperar a esperança, herança ancestral que animou nossos antecessores nos momentos mais difíceis de suas vidas. Junte-se a nós nessa frente ampla em defesa da paz e da democracia brasileira.

 

No dia 30 de outubro, só temos uma opção: É LULA PRESIDENTE. ルーラ ラ!

 

Link para adesão: comunidadenipobrasileira.com.br

 

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Carta Aberta à Comunidade Nikkei e a Todos os Brasileiros

A comunidade nikkei é estimada em cerca de 1,9 milhão de pessoas e como brasileiros que somos temos compromissos e responsabilidades com os rumos do nosso País. A história dos japoneses e descendentes no Brasil é conhecida por toda a sociedade brasileira pelo trabalho, pela dedicação, educação e honestidade. Aliás, estes são os maiores bens deixados pelos nossos pais e avós que lutaram, batalharam de sol a sol, enfrentaram todos os tipos de adversidades, mas jamais se esqueceram de nos ensinar que o nosso caráter precisa ser formado acima de tudo pela lisura, pela honra e pela dignidade.

Nesses 114 anos, os japoneses e seus descendentes no Brasil deram origem a uma comunidade respeitada por toda sociedade brasileira pelo trabalho, retidão, perseverança e, acima de tudo, honradez e honestidade.

Esse reconhecimento foi conseguido com muito sangue, suor e lágrimas e com trabalho extenuante nas fazendas de café. Viviam em casebres precários de pau a pique e de terra batida, e os únicos alimentos que dispunham eram o arroz de sequeiro, feijão, milho, carne ou bacalhau seco, itens que os japoneses não sabiam como preparar.

Essas condições subumanas enfrentaram com coragem, com abnegação e integridade, em busca de tornar o Brasil a sua segunda Pátria, como de fato aconteceu, e sem se desviar em nenhum momento da retidão e dos valores morais. A lisura do caráter, a dignidade, a honra e o respeito ao próximo são o legado mais importantes que nossos pais, avós e bisavós nos deixaram e que devemos preservar e transmitir às gerações futuras.

O compromisso com essa herança mais valiosa deixada por nossos pais e avós, e pela qual somos reconhecidos por toda sociedade brasileira, precisamos levar adiante no domingo, dia 30, votação decisiva para eleger o próximo presidente do Brasil. Em respeito a nós mesmos e aos nossos antepassados não podemos compactuar com um candidato que liderou um grupo que fez o maior desvio de dinheiro público de todos os tempos, promoveu uma verdadeira pilhagem nos cofres da Petrobrás, e agora tenta voltar ao poder. A candidatura do ex-presidiário Lula é uma afronta aos brasileiros e um escárnio para todos nós, pessoas de bem.

Lula não merece nossa confiança e muito menos do nosso voto pela ladroeira em seu governo e no da sua sucessora, Dilma Roussef. Votar em Lula e trazer ele e seu grupo de volta ao mesmo local dos crimes é trair os nossos antepassados e os valores morais e de caráter que nossos pais, avós e bisavós nos ensinaram. Votar em Lula é desprezar e dar um tapa na nossa dignidade, na honradez e na honestidade que a comunidade nikkei construiu no Brasil, com muito sacrifício, ao longo de 114 anos.

Da mesma forma, votar em Fernando Haddad é renegar o valor pelo trabalho, ao qual os imigrantes japoneses sempre dignificaram, e aceitar o retorno de quem pouco se empenhou no cargo, abandonando a saúde e a educação, esquecendo a zeladoria da cidade de São Paulo, deixando-a nas piores condições, com ruas esburacadas, sem recapeamento e sem iluminação e parques deteriorados, porém, desperdiçando milhões de reais apenas para pintar faixas de bicicletas sem qualquer critério ou estudo técnico – e hoje a grande maioria está abandonada.

Chegava tarde ao gabinete e encerrava cedo seu expediente e para camuflar essa falta de compromisso com a população e com a cidade produziu agendas com inúmeros compromissos, mas logo se descobriu que não passavam de fake-news. Fez uma das piores gestões na prefeitura de São Paulo e por isso não foi reeleito.

Nesse dia 30 de outubro, vamos votar em Jair Bolsonaro para Presidente e Tarcísio de Freitas para Governador de São Paulo.

 

Aurélio Nomura – vereador

George Hato – vereador

Walter Ihoshi – ex-deputado federal

 

 

 

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