Esperança Fujinkai encerra suas atividades de mais de 70 anos com muita emoção

Momentos de emoção: senhoras posam para último registro da Esperança Fujinkai (Fotos: Lika Shiroma)

 

Na dia 21 de setembro, a Associação Beneficente Feminina Esperança encerrou suas atividades de forma emocionante, com um almoço de confraternização e agradecimento no Salão Nobre da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo).  Durante o evento, um clima de alegria pelo reencontro entre as senhoras integrantes, contrastando com a tristeza pela extinção da entidade.

A Associação Beneficente Femina Esperança, conhecida popularmente como Esperança Fujinkai, foi fundada em agosto de 1949, com o propósito de oferecer ajuda humanitária ao Japão que ainda sofria graves consequências da Segunda Guerra Mundial.

O grupo exclusivamente feminino sempre teve como objetivo angariar recursos em prol às outras associações. Já ajudaram a Assistência Social Dom José Gaspar Ikoi no Sono, a Sociedade Beneficente Casa da Esperança Kibô-no-Iê, a Associação Pró-Excepcionais Kodomo no Sono, entre outras entidades assistenciais nipo-brasileiras.

Autoridades que vieram testemunhar o fechamento dessa história foram o cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana, o presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa, o diretor presidente da Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo, Paulo Seichiti Saita, o presidente da Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil (Kenren), José Taniguti, o presidente da Ikoi no Sono, Izumu Honda, a presidente do Kibô-no-Iê, Dirce Shimomoto, o presidente do Kodomo no Sono, Sergio Ocimoto Oda, o presidente da Associação Nikkey do Brasil e da Associação Brasileira de Voluntários de Musicoterapia do Método Akaboshi, coronel Yoshio Kiyono, o superintendente geral Keizo Uehara e o presidente Roberto Nishio, da Fundação Kunito Miyasaka, os vereadores Aurélio Nomura e George Hato, e o diretor presidente da Associação Brasil Nippo, Tadao Ebihara.

Homenagem do cônsl geral do Japão em SP, Ryosuke Kuwana, à Esperança Fujinkai

 

A despedida – Na cerimônia, a presidente Emiko Kuramochi fez seu discurso de agradecimento e despedida em português, e a vice-presidente Kazuko Sato, em japonês. “Com a pandemia, fomos impossibilitados de nos reunir para continuar com as nossas atividades. Depois de muito conversarmos, decidimos pela extinção do Fujinkai”, disse a presidente, explicando brevemente o principal motivo pelo qual teve que tomar essa difícil decisão.

Com o envelhecimento das integrantes e a falta de novas associadas, a Esperança Fujinkai que já teve mais de 300 membros, diminuiu até cerca de 60, sendo a faixa etária mais jovem do grupo já na casa dos 70 anos.

Emiko reforçou para que mantenham contato e a amizade entre as associadas mesmo após o encerramento das atividades do Fujinkai, justificando que “a amizade é a fonte da nossa alegria”. E agradeceu os voluntários e colaboradores que participaram e apoiaram a Associação ao longo destes 73 anos. “Muito obrigada e bom descanso”, encerrou.

Mesa das professoras: momento de confraternização e muitas lembranças

 

“Como próprio nome diz, a Associação foi uma verdadeira esperança para o Japão”, disse o cônsul Kuwana, referindo-se a ajuda humanitária que foi essencial durante a recuperação do Japão após Segunda Guerra. Relembrou dos mais variados cursos que foram oferecidos pelo Fujinkai aos membros, como de ikebana (arte de arranjo floral japonês), buyô (dança típica japonesa) e culinária, considerando importantes para a difusão da cultura japonesa no Brasil. Também expressou admiração, respeito e gratidão às pioneiras e fundadoras, e encerrou dizendo que “as atividades da Esperança Fujinkai se encerram hoje, mas seus valores japoneses com certeza foram herdados às demais entidades nipo-brasileiras”.

Após seu discurso, cônsul Kuwana pediu licença do público e da diretoria da Associação para realizar a entrega de um diploma de agradecimento em nome do governo japonês. Surpresa com a homenagem, a presidente Kuramochi subiu ao palco para receber o diploma e agradeceu o cônsul com os olhos cheio de lágrimas.

Na sequência, o presidente Renato Ishikawa do Bunkyo, lamentou a falta de novos associados, mencionando o apoio que o Bunkyo recebeu dos membros jovens durante a pandemia, que se encarregaram de realizar os tradicionais eventos no formato digital. “Poderia ter tido mais participação dos jovens na Esperança também, que tinha um propósito tão nobre, tão importante”, disse Ishikawa triste em ver uma entidade ainda mais antiga que o Bunkyo e que possui forte laço, por Fujinkai ter sido uma das primeiras entidades a comprar um salão do edifício assim que foi construído em 1977, fechando suas portas.

Diretor presidente da Enkyo, Paulo Saita agradeceu a Esperança Fujinkai pelo trabalho desenvolvido em prol à comunidade nipo-brasileira e incentivou para que as senhoras continuem em ativa, aproveitando das atividades oferecidas pelo próprio Bunkyo e Enkyo, cintando o rádio taissô.

Momento do brinde: presidente Emiko Kuramochi recebeu cumprimentos do presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa

 

Vereador Aurélio Nomura, compartilhou uma memória sua de quando visitou o Museu de Migração Japonesa ao Exterior em Yokohama no Japão. “Lá consta que o segundo país que mais ajudou o Japão foi o Brasil, graças a mobilização da Esperança que envolveu também os não descendentes”, argumentou Nomura. E finalizou seu discurso agradecendo as pioneiras e fundadoras da Associação, “pelo seu espírito humanitário e carinho”.

Por final, Hisashi Sugiyama regeu o brinde. Membros e convidados apreciaram o buffet de almoço enquanto conversavam relembrando bons momentos no Fujinkai. Após o término da refeição, autoridades e diretoria se posicionaram no palco para o último registro como a Esperança Fujinkai. A presidente Kuramochi e a vice-presidente Sato ficaram na saída para se despedir de todos, um por um, até que último convidado fosse embora.

(Lika Shiroma)

 

 

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