Relações bilaterais entre Brasil e Japão remetem a bom histórico com Lula

Lula e o então príncipe e hoje imperador Naruhito, em 2008 (Foto: Divulgação – Secom)

 

Em mandatos anteriores, Lula costurou acordos bilaterais, conseguiu atrair investidores e deu atenção à comunidade nikkei e educação dos filhos de dekasseguis

 

Eleito no último dia 30 como próximo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva ainda nem começou o governo, mas já conta com um bom histórico nas relações Brasil-Japão. Em seus dois mandatos anteriores, de 2003 a 2006 e 2007 a 2010, ambos os países estreitaram parcerias estratégicas e avançaram em questões comerciais, especialmente no agronegócio, tecnologia e infraestrutura.

No campo de investimentos, Lula se mostrou atento às oportunidades. Em 2004, encontrou-se com o então primeiro-ministro Junichiro Koizumi para trazer novamente o dinheiro japonês ao País. O Brasil vinha de um déficit comercial de US$ 210 milhões com o Japão. Durante o encontro, ambos concordaram que era necessário um “reaquecimento” nos negócios.

A reunião rendeu frutos. Após fazer a “lição de casa” – sanar contas públicas, aprimorar regras fiscais e diminuir vulnerabilidades externas – Lula conseguiu reduzir a desconfiança dos investidores japoneses e, aos poucos, os números mostraram uma evolução. No ano de 2004, 24 empresas com capital japonês anunciaram investimentos, número que saltou para 31 em 2006, de acordo com o “Relatório de Anúncios de Investimentos” divulgado pelo governo federal. Em valores, no primeiro semestre do ano passado, os anúncios de investimento com capital japonês no Brasil somaram US$ 1,3 bilhão. Já na série histórica, o maior valor anunciado foi no primeiro semestre de 2008, com US$ 11,7 bilhões, quando Lula era presidente.

O Japão, inclusive, sempre esteve no radar. Tanto que Lula viajou ao arquipélago duas vezes (2005 e 2008) e se reuniu com nada menos do que quatro primeiros-ministros: Junichiro Koizumi, Yasuo Fukuda, Taro Aso e Yukio Hatoyama. Foi ainda nos primeiros anos de mandato de Lula que, após reunião em Tóquio, estabeleceu-se o “Conselho Brasil-Japão para o Século XXI”, cuja missão era ter representantes de ambos os países para definir uma agenda econômica conjunta.

Se no campo econômico os resultados foram positivos, no lado social – o mais forte do presidente – Lula não deixou para trás. Em 2008, ano de comemoração do centenário da imigração japonesa, ele recebeu o então príncipe herdeiro e atual imperador do Japão, Naruhito, em uma visita oficial de oito dias ao país. De olho em um ponto sensível nas relações entre ambos os países, Lula também manifestou preocupação à época com os brasileiros que trabalham no Japão, em especial na educação dos cerca de 60 mil crianças e jovens brasileiros residentes no arquipélago naquele período.

(Rodrigo Meikaru)

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