Aliança Cultural Brasil-Japão do PR quer investir no ensino a distância para atrair mais alunos para a Escola Modelo

Fundada em 1990 e inaugurada no ano seguinte com apoio da Jica – a Agência de Cooperação Internacional do Japão – com a missão de contribuir para formação pessoal e profissional através do ensino da língua japonesa, a Escola Modelo de Londrina é hoje a principal fonte de recursos da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná. Atualmente com 122 alunos no ensino presencial, a meta para este ano é aumentar esse número para poder equilibrar as despesas. E, para isso, a ideia é investir também no ensino a distância (EAD), método que foi implantado durante a pandemia – chegou a ter 80 alunos – e que deve ser aperfeiçoado em 2022.

Essa foi uma das propostas apresentadas na Assembleia Geral Ordinária da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná, realizada no último dia 20, na sede da entidade, em Londrina. Mesmo se cercando de todos os cuidados – era para ter sido realizada em janeiro – por conta da pandemia, a Assembleia contou com a participação de representantes de 25 das 57 entidades filiadas.

Compuseram a Mesa o presidente da Aliança, Eduardo Suzuki; o presidente do Conselho Deliberativo, Hiroshi Kamiguchi; o deputado federal Luiz Nishimori (PL-PR); o presidente da Câmara Municipal de Londrina, vereador Jairo Tamura; o também vereador Eduardo Tominaga e o presidente do Escritório da Província de Hyogo, Nobuyuki Nagata.

Na pauta, apresentação e apreciação do relatório de atividades do ano de 2021; prestação de contas;  elaboração do calendário para 2022 e a elaboração e aprovação da previsão orçamentária e financeira para 2022, além de outros assuntos.

Na oportunidade, Nobuyuki Nagata comunicou o encerramento das atividades do escritório de Hyogo-Japão no Brasil, cuja sede fica em Curitiba. A província de Hyogo, aliás, também realizou a entrega de certificados as autoras dos desenhos escolhidos do Paraná no 12º  Programa de Exposição de Desenhos e Intercâmbio entre Crianças Brasileiras Residentes no Japão e no Brasil, além de uma cooperação no valor de R$ 25 mil para a Aliança.

 

Pandemia – Abrindo a série de discursos, Eduardo Suzuki lembrou que a pandemia do novo coronavírus provocou o cancelamento de praticamente todas as atividades programadas pela entidade ao longo do ano e também foi responsável por “perdas irreparáveis”.

“Em razão desse vírus que atormentou e continua castigando a humanidade do mundo inteiro, a Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná também enfrentou diversos problemas. Mas graças ao apoio e compreensão de valorosos membros e colaboradores conseguimos fechar o ano”, destacou Suzuki, que assumiu o cargo em 2019 e, além dos desafios naturais que o cargo exige, teve que lidar ainda com a pandemia.

Em sua fala, o presidente do Conselho Deliberativo, Hiroshi Kamiguchi, lamentou o fechamento do escritório da província de Hyogo-Japão nbo Brasil. Já o vereador Jairo Tamura lembrou que, “em momentos de pandemia,” realizar encontros presenciais sempre causam preocupações, mas que, com cuidado e e com o avanço da vacinação, “é possível nos reencontrarmos”. O presidente da Câmara Municipal de Londrina também lamentou a perda de “muitos membros da família da comunidade nipo-brasileira do Paraná” e destacou que a comunidade tem, em sua história, tradição de superar momentos de dificuldades.

“Fico pensando em todos aqueles que fazem e fizeram parte da Aliança e da Liga – e incluo o meu pai – e fico pensando no que nós ainda podemos realizar. Por isso é muito importante poder reencontrar a todos com saúde”, disse o vereador.

 

Hyogo – Nobuyuki Nagata, que chegou ao Brasil em 2017, frisou a importância do Escritório da Província de Hyogo-Japão no Brasil. Segundo ele, uma das passagens mais marcantes foi durante a Expo Imin 110. “O maior grupo do Japão foi de Hyogo. Participaram representantes das cidades irmãs – as cidades de Hyogo tem irmandade com Maringá (Kakogawa), Londrina (Nishinomiya), Curitiba (Himeji) e Paranaguá (Awaji) – o vice-governador e as matrizes das três empresas com filiais no Paraná: Sumitomo Rubber, Sysmex e Harima.

Nagata explicou que Hyogo e Paraná desenvolveram vários projetos em parceria e lembrou que recentemente, os executivos da Sumitomo anunciaram novos investimentos previstos para ampliar a produção da planta localizada em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, que vai receber mais de R$ 1 bilhão até 2025.

Ele citou também o Programa Vocações Regionais Sustentáveis do Governo do Paraná e que conta com apoio da província de Hyogo – e a contribuição para o desenvolvimento da agricultura no Estado, em especial no cultivo de morango.

“Particularmente também participei de muitos eventos sociais”, disse ele, que deve retornar ao Japão em março. “As pessoas mudam, mas o intercâmbio continua. Espero que Paraná e Hyogo, bem como o Brasil e o Japão continuem esta forte cooperação”, finalizou Nagata.

 

Pesticidas – Quem também lamentou o fechamento do Escritório de Hyogo-Japão no Brasil foi o deputado federal Luiz Nishimori. O parlamentar afirmou que, ainda no ano passado, quando ficou sabendo da decisão do governo de Hyogo, manifestou sua insatisfação contra a medida. Nishimori observou que em 2020 o Estado do Paraná e a Província de Hyogo comemoraram 50 anos de irmandade e que nessas cinco décadas a cooperação se estendeu para várias áreas. O deputado garantiu que, assim que tiver oportunidade de visitar novamente o Japão em uma nova missão econômica, pedirá pessoalmente para que o governador de Hyogo reveja essa situação.

Nishimori fez ainda um breve relato de seu trabalho na Câmara dos Deputados e citou, entre os mais de 400 projetos apresentados, uma matéria publicada na edição passada do Nippon Já sobre a Lei do Alimento Mais Seguro. “Todos os agricultores sabem como é importante modernizar a lei dos pesticidas – não é veneno nem agrotóxico, agora tem um nome, é pesticida.  Hoje se demora de 3 a 8 anos para aprovar um produto. Com esse novo texto, nós estabelecemos um prazo de dois anos para produtos novos – moléculas mais segura e menos tóxica – e um ano para produto genérico. Ou seja, é um avanço enorme para a agricultura brasileira e quem ganha é o consumidor final”, afirmou Nishimori, que foi o relator do PL que segue agora para apreciação do Senado.

“Muita gente está distorcendo o projeto mas tenho certeza que apresentei a melhor proposta para que a população brasileira possa ter alimento mais seguro em sua mesa”, garantiu o deputado, acrescentando que outro projeto de sua autoria que “em breve deve ganhar destaque é o Plano Nacional de Industrialização. “Apresentei esse projeto para o presidente Bolsonaro no ano passado, ele ouviu, entendeu e formou uma Comissão para analisar o tema”, disse Nishimori, explicando que esse plano visa estimular a produção nacional de insumos agrícolas e fertilizantes.

 

Escola Modelo – Coube a 3ª tesoureira Isabel Yokomizo apresentar a prestação de contas de 2021 da Aliança, que fechou o ano com saldo positivo de R$ 1.763.499,50 graças à venda de um terreno em Rolândia e o corte de gastos com a Escola Modelo, além de uma importante contribuição da Jica. Ela explicou que a pandemia tornou o trabalho de captação de recursos ainda mais árduo. Segundo Isabel, o distanciamento social paralisou as poucas atividades que ajudavam a equilibrar o caixa, como os eventos relacionados ao canto, principalmente, e outros como bingo e feijoada.

Para ela, a expectativa é que este ano a situação volte ao normal. “O ponto crucial é aumentar o número de alunos da Escola Modelo”, afirma. Segundo ela, o “sonho” é ter mais cem alunos além dos 122 atuais. O número, explica, deixaria finanças da Aliança mais “tranquilas”.

 

IPTU e Bicentenário – Antes do encerramento, os participantes puderam manifestar suas opiniões, Isenção do pagamento da taxa de IPTU para as entidades nikkeis e renovação da Diretoria da Aliança foram algumas das propostas levantadas pelos conselheiros, entre eles, Yoshinori Fucuda e Ywao Miyamoto.

Luiz Nishimori apresentou, por sugestão presidente do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social), Renato Ishikawa, uma celebração ao bicentenário da Independência do Brasil como forma de gratidão à acolhida dos brasileiros. Eduardo Suzuki propôs a criação de uma Comissão Especial que deve ser formalizada nas próximas reuniões da Aliança.

 

Renovação – Sobre a renovação da Diretoria, o atual presidente explicou ao Nippon Já que essa também é uma preocupação sua, mas que essa transição deve ser feita de forma gradual. Segundo ele, hoje o grande desafio seu como presidente é trabalhar na divulgação e preservação da cultura japonesa para as novas gerações. “Até por isso, a mudança não deve ser feita de forma brusca, é preciso dar uma continuidade ao trabalho que vem sendo feito e não esquecermos esse legado cultural, que é muito importante para nós”, afirmou Eduardo Suzuki.

 

Premiação – Durante a Assembleia, foi realizada a cerimônia de entrega dos certificados do 12º Programa de Exposição de Desenhos e Intercâmbio entre Crianças Brasileiras Residentes no Japão e no Brasil patrocinado pela comunidade brasileira de Kansai e Associação Internacional de Hyogo.

Nagata explicou que o porto de Kobe é considerada a “terra natal dos imigrantes brasileiros” pois foi de lá que partiu o Kasato Maru, em 1908, trazendo a bordo os primeiros imigrantes japoneses.

Cristiane Ueta lembrou que o programa é voltado para crianças brasileiras de 5 a 15 anos que vivem no Japão e no Brasil. “Através dessas obras elas podem ter esses intercâmbio cultural. O tema de 2021 foi ‘o que eu quero ser agora’, disse Ueta, explicando que em 2021 os desenhos recebidos foram expostos entre agosto e dezembro na ala multicultural do prédio do Museu da Imigração e Centro de Intercâmbio Cultural de Kobe localizado na província de Hyogo.

“Recebemos desenhos do Ceará, Belém e Rio Grande do Sul. Esses desenhos foram enviados ao Japão e lá foram divididos em categorias –  de 5 a 8 anos, de 9 a 11 e de 12 a 15 anos – e somente oito de cada categoria foram escolhidos entre as pessoas que visitaram essa exposição, ou seja, os que mais tocaram as pessoas”, comentou. Na ocasião, foram entregues certificados para as irmãs Yumi Doll Hojo (que ficou entre as oito melhores na categoria 5 a 8 anos) e Emi Doll Hojo (na categoria de 9 a 11 anos).

 

Cooperação – A província de Hyogo e a Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná também assinaram uma cooperação no valor de R$ 25 mil, quantia destinada à Aliança para atividades que visem o fortalecimento da relação de amizade entre o estado do Paraná e a província de Hyogo.

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