Com presença do cônsul e da consulesa, Assembleia da Federação da Noroeste define ações para 2024

Cônsul e a consulesa com participantes da Assembleia Geral da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste – Aldo Shiguti

Realizada no dia 24 de março na sede da Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Araçatuba, a 64ª Assembleia Geral Ordinária da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste contou com a presença do cônsul geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu, e da consulesa Junko Shimizu, que fizeram sua primeira viagem de longa distância desde que desembarcaram no país, em novembro do ano passado. O cônsul e a consulesa aproveitaram a estadia em Araçatuba e visitaram a Comunidade Yuba, o bairro da Primeira Aliança – ambos em Mirandópolis, a Associação Cultural e Esportiva de Pereira Barreto, a Associação Cultural e Esportiva de Mirandópolis e a Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Birigui (leia mais nas páginas 4 e 5).

Centro de Difusão – Em Araçatuba, eles participaram também da Assembleia do Centro de Difusão do Centro de Língua Japonesa da Noroeste, que elegeu Célia Mayumi Kimura Miyada como nova presidente. Célia, que assume no lugar de Masako Nakaba, terá muitos desafios pela frente. Um deles será tentar reabrir a escola da Associação Cultural e Esportiva de Mirandópolis (ACEM). Célia lembra que há 17 anos, quando chegou em Araçatuba vinda de Tomé-Açu (PA), a região da Noroeste contava com pouco mais de 20 escolas de língua japonesa. No entanto, com o passar dos anos, esse número foi caindo de forma drástica.

Ela lamenta, principalmente, o fechamento da escola da ACEM, “que era quase igual a de Araçatuba, com cerca de 60 a 70 alunos”. Célia conta que tentará reverter a situação com a ajuda de voluntários da Jica (Japan International Cooperation Agency). Ela explica que Araçatuba recebe alunos de outras localidades, como Penápolis, Guararapes e Nova Lisutânia – e que se tivessem escolas em suas cidades não seria necessário se deslocarem.

Por isso, afirma, seria importante que as associações reabrissem seus departamentos “mesmo com poucos alunos”. “Se precisarem, Araçatuba vai ajudar”, disse Célia Miyada, acrescentando que, durante a pandemia, Araçatuba implementou o ensino online e hoje conta com alunos do Rio Grande do Sul e até do Acre. “Também abrimos o leque e estamos oferecendo aulas em português para ajudar quem vem do Japão”, explicou.

Tradições – Em seguida, com a presença de cerca de 70 representantes das 32 associações filiadas, teve início a Assembleia da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste. Além do cônsul geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu, e da consulesa Junko Shimizu, estiveram presentes o chefe de Gabinete da Prefeitura Municipal de Araçatuba, Coronel Deocleciano Borella (representando o prefeito Dilador Borges); o prefeito municipal de Alto Alegre, Carlos Sussumi Ivama; o vice-presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Roberto Nishio (representando o presidente da entidade, Renato Ishikawa); e o diretor do Bunkyo e vice-presidente da Comissão de Administração do Parque Bunkyo Kokushikan, Celso Mizumoto.

Essência da cultura japonesa – O presidente da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste, Hideto Honda abriu a Assembleia agradecendo a presença de todos, especialmente do cônsul, da consulesa, do Coronel Deocleciano e dos representantes do Bunkyo, Roberto Nishio e Celso Mizumoto, além do anfitrião, Kazoshi Shiraishi, presidente da Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Araçatuba, por ceder o espaço.

Kazoshi Shiraishi que, aliás, falou sobre a importância de se preservar as tradições e a cultura japonesa. Paranaense de Assaí, Roberto Nishio disse que o cônsul encontraria na Região Noroeste a “essência da cultura japonesa”.

Ele também frisou que  a comunidade nipo-brasileira pode ajudar o Brasil a passar por este difícil momento pelo qual atravessa com os valores herdados dos imigrantes, como honestidade, dedicação, determinação, trabalho, resiliência e respeito aos mais velhos.

Também o prefeito de Alto Alegre, Carlos Sussumi Ivama, não só reforçou o tema abordado por Nishio como foi além, convidando para que “mais nikkeis possam fazer ingressar na política para que, com nossos valores, possamos fazer a diferença”.

O coronel Deocleciano Borella foi outro que destacou a importância da imigração japonesa para o desenvolvimento da região. “A cultura de vocês é invejável e com certeza vocês contribuíram demais para nosso país e para nossa sociedade. Nosso país está precisando entrar nos trilhos e a contribuição de vocês é imensurável nesse sentido”, disse o chefe de Gabinete.

Waka – Por fim, encerrando a aberturaque ancetceu a Assembleia, o cônsul fez uma apresentação de 20 minutos sobre o tema “Waka”, poema japonês composto geralmente de 31 sílabas divididas em 5 versos de 5, 7, 5, 7 e 7 sílabas cada.

A Assembleia, efetivamente, teve início com Shinichi Yassunaga presidindo a Mesa. Foram apresentados e aprovados os relatórios de atividade e financeiro de 2023 e discutidos os valores da anuidade – que atualmente é de R$ 6,00 e foi sugerido um aumento de R$ 1,00 para 2025 – e o valor do tyotins para bon odori ficou mantido: R$ 30,00 (pequeno) e R$ 50,00 (grande).

Criação de Departamentos – Também ficou definida a realização do tradicional Bon Odori da Noroeste, que este ano chega a sua 56ª edição – para o dia 17 de agosto no Recinto de Exposições de Araçatuba. Sugestão do presidente Hideto Honda, a criação dos Departamentos de Agricultura, Educação, Cultural, Social e Esportes será discutido em uma Assembleia Extraordinária com data a ser definida.

Promissão – Presidente da Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Promissão (Acenpro), Fabio Maeda informou que a cidade de Promissão deve encaminhar à Prefeitura de Nagasaki, no Japão, um pedido para um acordo de cidades-irmãs. Ele explicou que para que isso aconteça, as duas cidades precisam ter pontos em comuns. No caso de Promissão e Nagasaki ele ressaltou que ambas realizam o tooro nagashi. Além disso, Nagasaki é considerada uma cidade símbolo do catolicismo no Japão e que, por sua vez, em Promissão encontra-se a Igreja Cristo Rei construída em homenagem aos 26 Mártires crucificados em Nagasaki, em 1597 e canonizados em 1862.

Maeda disse ainda que em 2025 Promissão realizará o 1º Festival do Japão da Noroeste e que o bon odori deve ser uma das atrações.

Kokushikan – Ainda como parte da programação da Assembleia, Celso Mizumoto falou sobre o Parque Bunkyo Kokushikan, localizado em São Roque (SP). Um dos equipamentos mantidos pelo Bunkyo – assim como o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, que ocupa o 7º, 8º e 9º andares do Edifício Bunkyo, e o Pavilhão Japonês, no Parque do Ibirapuera – o Kokushikan está instalado em uma área de 60 hectares, localizado a 45 km da capital paulista.

Conta com 5 mil metros quadrados de áreas diversas construídas, dentre os quais um  ginásio de esportes com 2 mil metros quadrados e mantém a sua área preservada, com um terço da área preservada da Mata Atlântica.

“Esse magnífico local foi construído pela Universidade Kokushikan do Japão na década de 80 e doado em 1997 para o Bunkyo, na oportunidade em que esta instituição deixou o Brasil. Em 2018, a Comissão de Comemoração dos 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil resolveu deixar como marco desta comemoração o Pavilhão Kazuo Harazawa para transformar esta imponente e bem localizada estrutura no centro da comunidade nipo-brasileira no futuro”, disse Mizumoto, lembrando que, “paralelamente às construções, os bosques de cerejeiras estão crescendo para ressaltar a beleza deste parque”

Bosque das Cerejeiras – Conforme explicou, o bosque original, composto de 400 cerejeiras, já conta com mil árvores “que vão a cada ano embelezar mais este local”. “Este ano, além do tradicional Festival das Cerejeiras, que realizaremos a 27ª edição nos dias 6, 7, 13 e 14 de julho, vamos também realizar a Festa das Nações, com a presença de 10 das comunidades da região, que compõe as mais de 65 nacionalidades da população brasileira”, destacou.

Fundação Kunito Miyasaka – Já Roberto Nishio fez uma explanação sobre a Fundação Kunito Miysaka, entidade que completou 25 anos de atividades no ano passado. Disse que o espírito da Fundação Kunito Miyasaka permanece do tempo da fundação do Banco América do Sul, ou seja, ajudar a comunidade nipo-brasileira. “Nós estamos nos esforçando para ir aumentando o nosso patrimônio para poder ajudar a cada ano e assim contribuir para a realização de vários eventos dentro da nossa comunidade”, disse Nishio, lembrando que a FKM é uma entidade que é fiscalizada pelo Ministério Público, pela Curadoria de Fundações do Ministério Público.

“Então, qualquer ajuda que nós possamos dar as entidades, o primeiro requisito é que elas estejam com seus estatutos, atas, balanços, tudo em ordem. Caso contrário não há possibilidade de nós atendermos aos pedidos, lamentavelmente”, explicou Nishio,  acrescentando que a Fundação mantém ainda o Parque Ecológico de Imigrantes, uma “forma de preservarmos a Atlântica e fazermos a educação ambiental das nossas crianças”. Por fim, Nishio falou sobre as várias atividades e a missão do Bunkyo.

Bauru – A reportagem do jornal Nippon Já constatou ainda que, ameaçada de fechamento, o Clube Cultural Nipo-Brasileiro de Bauru, agora sob presidência de Emerson Luciano Tane, está gradativamente se reerguendo. “O primeiro ano foi bastante desafiador”, disse Tane, explicando que precisou regularizar a documentação.

O passo seguinte foi a retomada dos eventos presenciais. O primeiro deles foi o curso de culinária, que contou com apoio da Bifun. Os próximos já estão agendados: a festa junina e o bon odori. “Aos poucos estamos voltando às atividades”, disse Tane.

Guaiçara – Em situação um pouco mais favorável, a Associação Cultural e Esportiva de Guaiçara caminha a passos firmes para sua consolidação. Com dois jovens na Diretoria – o presidente Watson Takeo Inoue, de 42 anos, e o vice, Vagner Ito como vice – o kaikan de Guaiçara também passou por sérias dificuldades. “Quando assumimos [já está no segundo mandato], o primeiro passo foi regularizar o CNPJ e, com isso, fomos atrás dos associados que tinham se afastado”, conta Watson um dos mais jovens presidentes da Noroeste.

Aos poucos eles conseguiram reestruturar a associação e hoje já realizam vários eventos, como a Festa Junina, além de participarem de outros, como a Festa de São João, o que garante recursos para a manutenção do kaikan.

O presidente da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste, Hideto Honda, encerrou a Assembleia agradecendo todos os presentes.

(Aldo Shiguti)

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