Cônsul geral faz primeira visita à região Noroeste do Estado de São Paulo

O cônsul Toru Shimizu e a consulesa Junko Shimizu (centro), com Shinichi Yassunaga (1º à direita) em Yuba Comunidade Yuba é muito conhecida no Japão – Aldo Shiguti

Em sua primeira viagem de longa distância desde que assumiu o posto, em novembro do ano passado, o cônsul geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu visitou, nos dias 23 e 24 deste mês, a Comunidade Yuba, a Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira da 1ª Aliança – ambas no município de Mirandópolis – a Associação Cultural e Esportiva de Pereira Barreto, a Associação Cultural e Esportiva de Mirandópolis e a Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Birigui. A programação incluiu ainda a participação do cônsul na 64ª Assembleia Geral Ordinária da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste, realizada no último domingo (24), na sede da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Araçatuba, em Araçatuba.

Acompanhado da consulesa Junko Shimizu, o cônsul desembarcou no aeroporto Dario Guarita, de Araçatuba, por volta das 11 horas de sábado (23), onde foi recepcionado pelo diretor Regional do Bunkyo para a Região da Noroeste, Shinichi Yassunaga, que organizou a visita.

Do aeroporto, o casal seguiu de carro até a Comunidade Yuba, no município de Mirandópolis, distante cerca de uma hora de Araçatuba. Lá, eles foram recepcionados por Issamu Yazaki e Hiyo Yuba, respectivamente, presidente e vice da Associação Comunidade Yuba. Como programado, eles almoçaram no local. O almoço, aliás, é servido no salão principal, onde todas as famílias se reúnem para as refeições e também assistir televisão. O cardápio incluiu macarronada, manjericão, shisô, missoshiro e conservas, além de ovos. Quase todos os produtos cultivados na própria comunidade.

A exemplo do ex-cônsul Ryosuke Kuwana, que esteve em Yuba no ano passado, Toru Shimizu também ficou conhecendo um pouco mais sobre a filosofia peculiar implantada por Isamu Yuba, que fundou a comunidade em 1935. Yazaki explicou que hoje vivem em Yuba pouco mais de 50 pessoas – no auge já chegou a ter 300 –, que dividem as tarefas diárias. Quase tudo que é produzido é para o consumo, como o gergelim, o cogumelo shiitake, manga e abacaxi. O excedente abastece mercados regionais de Dracena, Tupi Paulista e Junqueirópolis ou é usado na produção de doces e conservas que, por enquanto, são vendidos apenas na lojinha da comunidade.

O cônsul conheceu a escola de língua japonesa, a sala de balé e o jardim das esculturas com obras do artista plástico Hisao Ohara (já falecido).

O cônsul disse que a Comunidade Yuba é muito conhecida no Japão e que ficou impressionado com a visita. Ao jornal Nippon Já, Toru Shimizu revelou que seu sonho é ter um sítio.

Alianças – Da Comunidade Yuba, o cônsul e a consulesa seguiram para o bairro da Primeira Aliança, também em Mirandópolis, onde já estavam sendo aguardados pelo presidente das Alianças, Hiyo Yuba – que também preside a 1ª Aliança – o presidente da 2ª Aliança, Tadao Haneda; o presidente da 3ª Aliança, Paulo Nishida; e o prefeito Ademiro Olegario dos Santos; além do diretor do SAAEM (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Mirandópolis, Roberto Kazushi Sekiya e moradores dos bairros da três Alianças.

Ouviu pedidos como de Akio Wakamoto para a implantação de indústrias japonesas na região com o intuito de atrair tecnologia e mão de obra especializada, e foi convidado para a festa de cem anos da 1ª Aliança.

Simpático, o cônsul citou um levantamento da Jetro que aponta que os empresários japoneses estão otimistas em relação ao Brasil e se prontificou a transmitir o pedido em seu grupo de whatsapp. E finalizou explicando que essa primeira visita era o primeiro passo para um início de comunicação e que pretende retornar futuramente.

Ademiro Olegário, o Mirao, destacou a importância da visita do cônsul e lembrou a importância da imigração japonesa para o desenvolvimento de Mirandópolis. Segundo ele, o bairro da Primeira Aliança, que completa cem anos em 2024, é mais velho que o próprio município, fundado em 1934.

Pereira Barreto – A terceira parada aconteceu na Associação Cultural e Esportiva de Pereira Barreto, que administra o Museu Histórico da Colonização de Pereira Barreto. Fundado em 28 de julho de 2002, o museu recebe mais de mil visitantes por ano e é reconhecido como utilidade pública municipal estadual e federal. Conta, em seu acervo, com mais de duas mil peças catalogadas.

Entre os objetos expostos, fotos como as da Ponte Novo Oriente. Inaugurada em 1935, a ponte tinha como propósito ligar o núcleo urbano da Fazenda Tietê (que deu origem a Pereira Barreto) com a estação de trem de Lussanvira, eliminando os transportes fluviais. Com 160 metros comprimento e 25 metros de altura, a estrutura ficou completamente submersa com a formação do lago da Usina de Três Irmãos, em 30 de outubro de 1990.

Também fazem parte da coleção do museu, utensílios usados pelos imigrantes, como malas de viagem, vitrolas, equipamentos de trabalho e máquinas fotográficas.

Toru Shimizu lembrou que, de 2004 a 2007, serviu na Embaixada do Japão em Brasília, inicialmente como primeiro secretário e depois como conselheiro e que, antes de assumir o posto em São Paulo, ficou sabendo de vários ex-cônsules e ex-embaixadores que o Noroeste do Estado de São Paulo era o berço da imigração japonesa e que por isso mesmo estava muito ansioso em visitar a região.

Cônsul e consulesa com presidentes e moradores das Alianças e o prefeito de Mirandópolis (c)

Mirandópolis – Já estava escurecendo quando o cônsul e a consulesa chegaram na Associação Cultural e Esportiva de Mirandópolis, onde cerca de cem pessoas aguardavam a visita do casal ilustre. Estavam presentes, além do anfitrião – o presidente da ACEM, Takeshi Sasaki –, representantes dos kaikans de Andradina, Guaraçaí, Formosa e Lavínia

Em sua saudação, Takeshi Sasaki destacou a honra em receber a visita de um cônsul, “uma figura tão importante, tão digna e tão nobre e que em um passado não tão distante só acompanhávamos pela imprensa”. “Portanto, é motivo de muito orgulho para nós recebermos sua visita pessoalmente, que vem de encontro ao seu povo não só trazendo sua experiência e conhecimento mas também para ouvir as dificuldades de quem tem lutado muito para preservar e manter as tradições e a cultura japonesa”, disse o presidente Sasaki.

O cônsul agradeceu a calorosa recepção e lembrou que, em 2025 serão comemorados os 130 Anos do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão, e em 2028 os 120 anos da chegada dos primeiros imigrantes ao Brasil. “Meu trabalho aqui também será no sentido de preparar para essas duas importantes celebrações. Vamos fazer o máximo para que possamos representar bem a comunidade nipo-brasileira e estamos sempre à disposição de todos vocês”, explicou o cônsul, que foi informado que em 2024 o município de Mirandópolis e a cidade japonesa de Takaoka celebram 50 anos de convênio.

Restauração do kaikan – Como parte da celebração dos 50 anos do acordo, o conselheiro da associação, Eduardo Sunada, disse que há projetos de duas grandes festas que serão realizadas simultaneamente em Mirandópolis e em Takaoka e transmitidas em tempo real para as duas localidades. Outro projeto prevê a construção de um torii (portal japonês) na praça principal de Mirandópolis.

Como prioridade, Sunada explica que está a restauração da antiga sede, que hoje encontra-se praticamente abandonada. Ele disse que as obras de restauro do telhado já tiveram início.

Entre as atividades do kaikan, que conta atualmente com cerca de 200 famílias associadas, estão o beisebol e o atletismo. A associação também realiza eventos para arrecadar fundos para a manutenção e obras de melhorias do kaikan, como o bon odori, o undokai e festas como o Festival do Yakisoba e do Udon. Uma das preocupações da associação, como em tantas outras, é atrair a participação de jovens.

Um delicioso jantar preparado pelo Fujinkai de Mirandópolis encerrou a programação de sábado.

Birigui – No domingo, após participar da Assembleia da Noroeste (leia nas páginas 6 e 7), o cônsul Toru Shimizu e a consulesa Junko Shimizu visitaram a Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Birigui, entidade presidida por Oswaldo Shigueto Tanaka.

Participaram ainda do encontro o primeiro vice-presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Roberto Nishio – que também preside a Fundação Kunito Miysaka –, e o diretor do Bunkyo Celso Mizumoto.

Nishio fez uma breve apresentação da Fundação Kunito Miyasaka, que em 2023 comemorou 25 anos de fundação, enquanto Celso Mizumoto falou sobre o Parque Bunkyo Kokushikan. Em Birigui, o diretor Regional do Bunkyo para a Noroeste, Shinichi Yassunaga solicitou recursos da Fundação Kunito Miyasaka para a realização do bon odori. Nishio lembrou que uma das missões da fundação é justamente a prestação de assistência de caráter humanitário, educacional, esportivo, cultural e ambiental, voltado à divulgação da cultura japonesa no Brasil. E para recorrer ao auxílio as associações precisam estar com o estatuto e CNPJ regularizados

Canal de comunicação – Já o cônsul reforçou sua alegria em poder visitar a cidade após quatro meses no cargo e explicou que dois dias não foram bastante para conhecer todas as riquezas da região. Disse que pretende retornar com espírito para “descobrir algo novo” e que pretende se dedicar para estabelecer um canal de comunicação entre as associações nikkeis e o Consulado.

A exemplo de Mirandópolis, também em Birigui a consulesa Junko Shimizu se reuniu com associadas do Fujinkai, presidido por Mieko Kanazawa.

(Aldo Shiguti)

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