Em visita ao Brasil, ministro dos Negócios Estrangeiros reforça laços com a comunidade

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Yoshimasa Hayashi, com líderes da comunidade

Em viagem oficial de 10 dias à América Latina e aos Estados Unidos, iniciada no dia 5 de janeiro, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Yoshimasa Hayashi, esteve no domingo (8) e segunda-feira (9) em território brasileiro com o intuito de fortalecer as relações entre os países. Nesta segunda-feira (9), ele se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira, para a 3ª edição do Diálogo de Chanceleres, no marco da Parceria Estratégica Global, iniciada em 2014. Foram tratados temas como como expansão do comércio e investimentos; cooperação em ciência, tecnologia e inovação; segurança energética e alimentar; mudança do clima e parcerias para descarbonização; atualização do mecanismo bilateral de cooperação técnica; política de vistos para viagens de curta duração e integração de comunidades; e diálogo em foros multilaterais.

Foi assinado, após o encontro, instrumento bilateral voltado ao estabelecimento de uma rede eficaz de monitoramento genômica em tempo real para a Covid-19, em resposta a futuras ameaças de infecção, parceria entre a Fiocruz e o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão.

A visita do ministro Hayashi é a primeira realizada por chanceler estrangeiro desde as cerimônias de posse do atual Governo. Em 2023, os dois países ocupam assento não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Tradicional parceiro do Brasil na Ásia, o Japão abriga a quinta maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 204 mil brasileiros. Em contrapartida, o Brasil possui a maior população de nikkeis fora do Japão, constituída por mais de 2 milhões de pessoas. Em 2022, o comércio bilateral totalizou US$ 11,9 bilhões, com aumento de 11,5% ante 2021 e superávit de US$ 1,3 bilhão para o Brasil. O Japão possui estoque de investimentos diretos no Brasil no valor de US$ 22,8 bilhões.

Em São Paulo – No domingo, 8, o ministro Hayashi esteve na capital paulista, onde foi recepcionado por lideranças da comunidade nipo-brasileira na sede do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social. Localizado no bairro da Liberdade, o Bunkyo é considerado a principal entidade representativa dos nikkeis residentes no Brasil.

Antes, ele depositou flores no  Memorial em Homenagem aos Imigrantes Pioneiros Falecidos e visitou o Pavilhão Japonês – ambos no Parque do Ibirapuera (zona Sul de São Paulo). De lá, Hayashi seguiu para a Associação Assistencial e Cultural Yamaguchi Ken do Brasil – província de sua terra natal – no bairro da Liberdade.

Já no Bunkyo, onde chegou por volta do meio-dia, conferiu o monumento de pedra localizado no jardim da entidade com a gravação “Prosperidade do Japão e do Brasil. Juntos”,  poema escrito pelo então primeiro-ministro japonês Shinzo Abe por ocasião de sua visita ao Brasil, em 2014, e se dirigiu ao sétimo andar, por onde iniciou sua visita ao Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil. Ciceroneado pela vice-presidente e presidente da Comissão de Administração do MHIJB, Lidia Yamashita, ele conheceu um pouco  mais sobre a trajetória e presença dos imigrantes em solo brasileiro.

Recepção – A visita terminou no nono andar, na sala dedicada à cultura pop japonesa. Lá, presidentes das principais entidades nikkeis já o aguardavam. Estavam presentes, além do presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa, e do cônsul geral do Japão em São Paulo, Rysouke Kuwana, que o acompanharam em sua passagem por São Paulo, o presidente da Kenren, Toshio Ichikawa; o presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão, Eduardo Yoshida; o vice-presidente da Enkyo, Jun Suzaki; o chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste, general Edson Hiroshi e o vereador Aurélio Nomura, entre outros.

Valores – Representando todas as entidades presentes, Renato Ishikawa compartilhou algumas “particularidades”, como o fato de todos os presentes naquela cerimônia dedicarem-se, voluntariamente, “para a preservação e divulgação da cultura, dos valores e princípios morais que foram legados pelos pioneiros imigrantes japoneses para que possam ser assimilados pela sociedade brasileira”.

“Em razão destes esforços, constatamos que, na atualidade, o número de não nikkeis que admiram e cultivam a cultura e as artes japonesas vem aumentando dia a dia”, explicou o presidente do Bunkyo, destacando ainda, que dentre as modalidades olímpicas brasileiras, “o judô é a que mais conquistou medalhas para o Brasil, sendo intensamente praticado em todas as regiões do país”.

Integração – “Mais importante é que, já na sexta geração de descendentes de japoneses, esses jovens ainda cultivam e praticam aqui no Brasil valores morais e éticos que foram trazidos do Japão por imigrantes japoneses como o senso de criatividade, coletividade, integridade, perseverança, respeito, aprendizado, gentileza, responsabilidade e gratidão”, disse, acrescentando que, “graças a estes conjugados esforços, a comunidade nipo-brasileira encontra-se hoje plenamente integrada à sociedade brasileira, da qual é um segmento muito importante e respeitado”.

Ishikawa salientou que, embora represente menos de 1% da população do país, “a comunidade nikkei contribui imensamente para o desenvolvimento do Brasil em todas as áreas de atividades”. “Reconhecemos, porém, que tudo isso não seria possível se não contássemos com a atenção e apoio do governo do Japão e da sua população mesmo após decorridos 114 anos da chegada dos primeiros imigrantes”, afirmou Ishikawa, que ressaltou a importância das bolsas de estudo concedidas não só pelo governo japonês, através de Ministérios como a própria pasta comandada por Hayashi, bem como os programas de estágio e treinamentos oferecidos pelas províncias que, segundo ele, “constituem em valores e meios de conexão e fortalecimento de relação de amizade entre o Japão e o Brasil”.

Cooperação – E aproveitou para renovar seus agradecimentos ao governo japonês pelos projetos que disponibilizaram recursos durante a fase mais aguda da pandemia e “que impactaram positivamente em nossas entidades criando um novo ânimo para a retomada de suas atividades após a Covid-19”.

Novas gerações – Yoshimasa Hayashi, por sua vez, agradeceu pela “cerimônia tão calorosa” e lembrou que, quando visitou o Brasil na época de estudante e funcionário de uma empresa, ficou muito comovido com a atuação de nipo-brasileiros integrados à sociedade brasileira. Segundo ele, “um dos principais objetivos de sua viagem à América Latina são as reuniões com as comunidades nikkeis de cada país”.

Disse ainda que o Festival do Japão em São Paulo, evento realizado anualmente pelo Kenren, “é o maior do gênero no mundo, reunindo mais de 200 mil pessoas”, e que suas atividades fomentam a difusão da cultura japonesa e fazem com que o Brasil se torne um dos principais países de amizade com o Japão no mundo”.

Ele destacou ainda a presença da Japan House – que visitaria em seguida –, “um ponto de expansão de cultura japonesa para que um maior número de brasileiros conheçam as características da cultura japonesa”. Hayashi comentou que gostaria de reforçar ainda mais a colaboração com os nikkeis e lembrou que, no ano passado, o governo japonês ofereceu assistência para organizações nikkeis da área da saúde bem como equipamentos para área de agricultura no Brasil e demais países da América Latina.

O ministro concluiu seu discurso enfatizando a importância da participação das novas gerações.

Do Bunkyo, Yoshimasa Hayashi se dirigiu à Japan House São Paulo, onde encerrou sua visita á capital paulista.

(Aldo Shiguti)

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