Kenren mira jovens com #FJTAON e inauguração de estúdio de podcast
Uma das grandes preocupações das entidades nipo-brasileiras sempre foi a diminuição dos jovens em seus quadros associativos. De norte a sul, as centenas de associações têm sofrido com a falta de “sangue novo”, o que tem motivado a reflxões para trazer a geração nova para as atividades de kaikans e kenjinkais. Na última semana, contudo, uma iniciativa visa justamente diminuir este “gap” e estar alinhada com a linguagem mais atual: a Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil) inaugurou, em suas dependências, um estúdio de podcast.
Toda a iniciativa vem de encontro com o desejo da diretoria da própria Federação agregar as novas gerações junto às associações de províncias. Para tanto, o local que antes era usado como depósito da entidade, ganhou uma roupagem moderna, incluindo cortinas escuras, elementos de decoração alusivos à cultura japonesa, uma grande tela para explorar conteúdos multimídia, cadeiras e, claro, os inconfundíveis microfones e fones típicos dos programas de podcast.
“Estamos muito felizes de inaugurar este estúdio, que, vale lembrar, não é da Kaneren, mas de toda comunidade. Estamos sempre de portas abertas para novidades e, claro, para os jovens que chegam com ideias, agregando com novas tecnologias. Temos de olhar para o futuro”, destacou o presidente da entidade, Toshio Ichikawa, durante cerimônia de inauguração com representantes de kenjinkais, ala jovem, autoridades e outros convidados.
Toda a estrutura foi, basicamente, custeada pelo governo japonês, através de um programa de apoio e incentivo às entidades nikkeis lançada pela Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão) no primeiro semestre de 2021. Após a elaboação do projeto e aprovação de documentação, os equipamentos foram adquiridos e o estúdio ganhou forma no fim do ano passado. Paralelamente, a ideia de um podcast já estava formatada antes da construção do estúdio. Foi, basicamente, “unir o útil ao agradável”.
“Realmente é um grande orgulho oferecer um espaço tecnológico para a comunidade. Quando me apresentaram a ideia de um podcast, achei interessante, mas não estava habituado. Agora, com as gravações e vendo a dinâmica de como funciona, acredito que será uma ferramenta que contribuirá para aproximar os jovens da comunidade”, acredita Ichikawa.
Também presente – e orgulhoso – com a inauguração, o representante chefe do Escritório da Jica no Brasil, Masayuki Eguchi, ressaltou que a inovação tecnológica é um grande aliado para divulgar as ações e projetos da comunidade nipo-brasileira. E o estúdio na Kenren é o primeiro que servirá para tal propósito, reforçando o ar de inovação do projeto.
Para Eguchi, ”os equipamentos disponibilizados para o estúdio beneficiarão muitas pessoas e é uma forma de dinamizar e expandir a cultura japonesa através de entidades”. “Vemos que o mundo está digitalizado, portanto, nada melhor do que termos equipamentos e um local que ajude a expandir as ações da comunidade. Todos os kenjinkais se beneficiarão deste estúdio”, destacou Eguchi.
Hashi Gang – Vale lembrar que as primeiras gravações do podcast diretamente do estúdio na Kenren já foram para o ar, através do “Hashi Gang Podcast”, uma iniciativa de jovens que visa justamente abordar a cultura japonesa de uma forma mais dinâmica.
Responsável pela produção de conteúdos e um dos apresentadores, Jun Uehara explica que o conceito é mostrar um lado da comunidade que, talvez, seja pouco conhecida. “Temos nikkeis de expressão em e-sports, em profissões que estão totalmente conectadas com as novas tecnologias, como designers, editores de vídeos e outros segmentos. Queremos trazer essas pessoas para falar, dar essa visão do lado deles. Ao mesmo tempo, queremos mostrar que temos muita coisa acontecendo nas entidades”, explica Jun.
Dentre os convidados que já passaram pelo podcast, estão talentos de jogos on-line, youtubers e até atletas olímpicos, casos de Gabriela e Charles Chibana. Todos sentam na mesa e contam suas histórias. “E o mais interessante é essa conexão com a cultura japonesa de todos eles. Os convidados sempre falam sobre as influências, relembram momentos que marcaram como nikkeis. É muito bacana”, complementa Jun.
#FJTAON – Com mais sete programas gravados, o Hashi Gang Podcast soltará mais episódios em breve. Além deles, a Asebex (Associação Brasileira de Ex-Bolsistas no Japão) também já utilizou a estrutura do estúdio para um conteúdo próprio. “Vamos assim, colaborando e cooperando com outros jovens”, acrescenta Jun Uehara. Inclusive, o Hashi Gang deixou programas gravados pois está colaborando no Festival do Japão, com a iniciativa #FJTAON, uma área dedicada aos jovens, cujo conteúdo terá games e cultura digital.
O #FJTAON trará uma cenografia especial, com espaços instagramáveis; prevendo também área para challenges (desafios) e brincadeiras interativas, sorteio de brindes e campeonatos; instalação de arcade games clássicos para o público; e atividades que reúnam os jovens e famílias, mantendo a premissa de falar com os jovens.
Além disso, o espaço promoverá desafios interativos e diversas atividades ligadas ao tema da sustentabilidade, envolvendo e atraindo o público para refletir sobre questões como meio-ambiente, reciclagem, propósito social, upcycling e mobilidade.