Revitalizado, Largo da Pólvora recebe nova estátua de Shuhei Uetsuka

Subprefeito da Sé e representantes de entidades nikkeis durante a reinauguração da estátua

A Prefeitura da Cidade de São Paulo, por meio da Subprefeitura da Sé, a Associação Kumamoto Kenjin do Brasil, Associação Cultural e Assistencial da Liberdade (Acal) e a Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil (Kenren), com apoio do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – participaram no dia 19 de novembro, da cerimônia de entrega da revitalização do Largo da Pólvora e reinauguração da estátua do Dr. Shuhei Uetsuka – “Pai dos Imigrantes” japoneses.

O evento contou com a presença do subprefeito da Sé, Coronel Marcelo Salles; do cônsul Takahiro Yamauchi; do presidente da Associação Kumamoto, Kenji Kiyohara; do presidente da Acal, Tetuya Fujimoto; do vice-presidente do Kenren, José Taniguti; do representante do Bunkyo, Tomio Katsuragawa; do pró-reitor da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), Wanderley Carneiro; do vereador Aurélio Nomura e do ex-deputado federal Walter Ihoshi, além do ex-presidente da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste, Shinichi Yassunaga e do escultor Mário C. Ramos, entre outros.

O Coronel Salles lembrou que o Largo da Pólvora foi uma das 19 praças revitalizadas e entregues na área da Subprefeitura da Sé p ara o aproveitamento da população que busca espaços verdes e de lazer, na região Central de São Paulo. O subprefeito explicou que, além das 19 praças, que não tiveram nenhum tipo de licitação nova, ou seja, não foi contratada nenhuma empresa – as obras foram feitas com as equipes de manutenção da Subprefeitura – foram entregues mais três praças com o recurso do Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano).

Entre as intervenções realizadas foram feitas reforma de orlas, cobertura vegetal (plantio de grama e ornamentais), paisagismo, poda e pintura. No caso específico do Largo da Pólvora, além de reinaugurar a estátua de Shuhei Uetsuka, cuja anterior havia sido furtada do local, foram feitas outras melhorias. O local recebeu a execução de rampa acessível, reforma do ladrilho, fixação e pintura dos bancos e pintura da passarela. O jardim, em estilo japonês, recebeu um cuidado especial com o plantio de mais de novas mudas – entre as espécies estão a grama amendoim, gazânia, maria sem-vergonha, singônio, érica e vedélia.

A nova estátua, produzida pelo escultor Mário C. Ramos, mede  1,60m (sem base) e pesa aproximadamente 200 quilos. Feita em concreto – a anterior era de bronze  –, teve um custo estimado em R$ 25.500,00 e demorou menos de três meses para ficar pronta.

 Merecida homenagem – No local, já estão outras três estátuas de pioneiros que tiveram papeis decisivos na história da imigração japonesa: Ryu Mizuno, o “Pai da Imigração Japonesa”; Umpei Hirano, fundador do 1º núcleo japonês no Brasil – a Colônia Hirano, em Cafelândia (SP), em 1915 – e Hachiro Miyazaki, que atuou na companhia de terras, madeiras e colonização de São Paulo-Birigüi.

Em seu discurso, o cônsul Takahiro Yamauchi destacou a “merecida homenagem” a Shuhei Uetsuka, “que chegou ao país a bordo do navio Kasato Maru e dedicou sua vida a ajudar os imigrantes e ao desenvolvimento da colônia”. “Seu legado mais valioso é o forte espírito pioneiro, repleto de esperança e dos valores nikkeis, transmitido e presente na alma dos imigrantes e seus descendentes”, disse o cônsul, acrescentando que, “as contribuições do Dr. Uetsuka para a formação da comunidade nipo-brasileira e para o enriquecimento cultural da sociedade brasileira são notáveis e dignas de muitas homenagens, como esta realizada aqui”.

 

Altruísmo – Vice-presidente da Kenren, José Taniguti lembrou que Shuhei Uetsuka nasceu na província de Kumamoto e formou-se em Direito pela Universidade de Tóquio. “Poderia ter tido uma vida tranquila como burocrata vivendo no Japão. No entanto, movido pelo seu intenso idealismo de desenvolver uma nova comunidade fora do Japão, veio ao Brasil com os primeiros imigrantes e foi um líder que deu esperança e coragem aos imigrantes para suplantar as suas dificuldades e sofrimentos”.

“Sua bondade e altruísmo atraía a simpatia e admiração de todos os imigrantes japoneses da região de Promissão. Morreu em 6 de junho de 1935 com 60 anos de idade dedicando uma vida de trabalho ininterrupto pelo bem dos imigrantes japoneses”, disse Taniguti.

Já o presidente da Acal afirmou que “daqui para frente vamos cuidar deste local com termo de cooperação conjunta de várias entidades”. Segundo Tetuya Fujimoto, a ideia é constituir uma comissão reunindo representantes de vários setores da sociedade. Há mais de 50 anos no bairro, ele disse que “não é por acaso que a Liberdade se tornou referência como bairro oriental da cidade de São Paulo”. “Porém , acredito que se não fosse a dedicação do Dr. Shuhei Uetsuka, carinhosamente apelidado de  ‘Pai  dos Imigrantes’, talvez hoje a colônia de imigrantes japoneses não tivessem as oportunidades que temos hoje”.

Subprefeitura da Sé entregou 19 praças revitalizadas

Missão – Já o vereador Aurélio Nomura lembrou a importância de Shuhei Uetsuka explicando que ele “sentiu o impacto da ilusão que foi vendida aos pioneiros”. Em seu discurso, o parlamentar disse que, com a Lei Áurea, os primeiros imigrantes que aqui desembarcaram vieram, na verdade, substituir a mão de obra escrava.

“Ganhavam 500 réis, moravam em casebres e eram tratados como escravos. Sem a intervenção de Shuhei Uetsuka, muito mais teriam tombado”, discursou Nomura, acrescentando que graças a luta de pessoas como Shuhei Uetsuka hoje temos uma comunidade forte, com profissionais de destaques nas mais diversas áreas da sociedade”. “A reinauguração desta grande obra representa, efetivamente, a lembrança dos imigrantes de todas as nacionalidades que aqui tombaram e nos encheram de orgulho trabalhando para ajudar a elevar o nome deste país.  E é nossa missão dar continuidade a essa herança maravilhosa”, concluiu Nomura.

Quem foi – Nascido em 12 de junho de 1875, na província de Kumamoto, Japão, Shuhei Uetsuka veio para o Brasil em 18 de junho de 1908, juntamente com mais 781 companheiros, que se tornaram os primeiros colonos japoneses a desembarcarem oficialmente no Brasil. Formado em Direito pela Faculdade Imperial de Tóquio em 1907, foi um intermediário entre fazendeiros, colonos e imigrantes, a fim de facilitar o convívio entre essas pessoas. Uetsuka recebeu do governo japonês várias condecorações, passando a ser conhecido como “Pai dos Imigrantes”. Morreu em 06 de julho de 1935, aos 60 anos.

Durante a cerimônia, o pôde público conferir as apresentações artísticas do Grupo Kodaiko (Taikô), Sensei Roger Kozo Imamura, Grupo Buyo-bu da Acal (Odori) da Hassui Sensei e Projeto Sankyu (Yukiye Yassunaga, Bruno Blaze Vinícius Sadao).

(Aldo Shiguti)

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