Com 182 mil visitantes, 23º Festival do Japão confirma expectativas dos organizadores

Para onde você olhava só via gente. Se ainda restava alguma dúvida sobre o sucesso do Festival do Japão, ela foi desfeita logo na sexta-feira (15), primeiro dia da 23ª edição, que teve como tema “Do Sonho à Realidade”, em referência à superação pós-pandemia. Realizado pela Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), nos dias 15, 16 e 17 deste mês, o evento foi cercado de expectativas. Afinal, “o maior evento de cultura japonesa do mundo fora do Japão” retornava presencialmente após dois anos de interrupção por conta da pandemia.

E, de acordo com os números oficiais divulgados pelos organizadores, 182 mil pessoas passaram pelas catracas do São Paulo Expo (zona Sul de São Paulo), nos três dias.

“Nossa avaliação é bastante positiva pois o Festival deste ano correspondeu todas as expectativas”, conta o presidente da Kenren, Toshio Ichikawa. Segundo ele, a praça de alimentação, que reúne a gastronomia das 47 associações de províncias (kenjinkais) que compõem a Kenren e que deu origem ao festival, serve de termômetro. “Os Kenjinkais se prepararam, mas assim mesmo a comida acabou antes do encerramento do festival”, diz Ichikawa, afirmando que “não tivemos reclamações”. “Ao contrário, recebemos muitos elogios”, destaca, acrescentando que algumas mudanças implementadas nesta edição deram certo e devem permanecer para o próximo ano.

Um exemplo é a redução do preço dos ingressos a partir das 14 horas.

A ideia, explica Toshio, era diluir o movimento próximo ao horário de pico. “Tivemos concentração na hora do almoço, mas também percebemos que ainda tinha gente chegando depois das 17 horas”, disse Ichikawa, que também constatou que, em relação às ultimas edições, o público permaneceu mais tempo dentro dos pavilhões.

Marketing Digital –  “Trata-se de uma observação pessoal, pois precisamos comparar os registros de entrada e saída”, explica, acrescentando que a Comissão Organizadora acionou o “Plano B” – conforme revelado pelo Nippon Já, a Kenren alugou, às vésperas do  evento, parte do Pavilhão 8 com o intuito de desafogar o movimento na praça de alimentação, em caso de emergência.

Outra ideia que deu certo e deve ser aprimorada para 2023 foram as ações através do marketing digital – estratégia usada principalmente na praça de alimentação – o combo família e o #FJTAON – espaço de imersão digital com a participação de influencers.

Os youtubers, aliás, ficaram “contagiados” com a dimensão do Festival do Japão e devem retornar no próximo ano.

Abertura – Não foram somente eles que ficaram admirados com a grandeza do festival. Presente na cerimônia de abertura, o embaixador do Japão, Teiji Hayashi esteve no evento pela primeira vez. “Desde a minha chegada ao Brasil, em dezembro do ano passado, participei  de vários eventos relacionados ao Japão e fiquei muito impressionado com o forte interesse do povo brasileiro pelo Japão, especialmente a geração de jovens”, explicou o embaixador, lembrando que no Anime Summit deste ano, realizado em maio, em Brasília, participou como cosplay de Tanjiro.

Ao Nippon Já, Teiji Hayashi disse que “graças à colaboração da comunidade japonesa em São  Paulo, tanto o Consulado Geral do Japão como a Embaixada podem desenvolver muitas atividades  culturais”. “A colaboração da comunidade nikkei é muito importante porque serve de ponte entre os dois países. Agradeço sinceramente pelas cooperações da comunidade nikkei”, explicou o embaixador.

Simbólico – Já o governador Rodrigo Garcia disse se tratar de um “momento simbólico de nossas vidas, de retomada da nossa vida normal, com a vacina, com a superação da pandemia e com esperança de um futuro mais promissor”.

Ele cumprimentou os organizadores, colaboradores, parceiros e patrocinadores e afirmou que o Festival do Japão “só alcançou todo esse sucesso que alcançou ao longo desses 20 anos por causa dos  voluntários, que se dedicam ao longo evento a nos proporcionar o que há de mais belo na cultura japonesa”. “São mais de 3 mil pessoas que se dedicam a nos receber com tanto carinho e com tanto acolhimento que eu não tenho dúvida que esse exemplo que eles nos dão são exemplos de solidariedade, de compaixão e, principalmente, de respeito aos nossos semelhantes, valores que são ligados à cultura japonesa”, destacou o governador, que no mesmo dia visitaria a Festa do Ovo de Basatos (leia nesta edição), realizada pela Acenba (Associação Cultural e Esportiva Nikkey de Bastos).

Em entrevista ao Nippon Já, o governador destacou a importância do Festival do Japão para o Estado de São Paulo, “É um festival que representa a amizade, representa a união e representa o respeito. É muito bom estar aqui e partilhar destes momentos com a comunidade de São Paulo, um estado que agradece muito a contribuição que a comunidade japonesa deu para o nosso desenvolvimento. São Paulo é um estado que acolhe todos os japoneses e seus descendentes com muito carinho e sabe que um dos segredos do nosso desenvolvimento foi a influência da cultura japonesa na nossa história e temos certeza que no futuro de São Paulo”, destacou Rodrigo Garcia.

Para o prefeito Ricardo Nunes, “mais que um evento de cultura, o Festival do Japão agrega valores”.

Já a secretária municipal de Cultura da cidade de São Paulo, Aline Torres, celebrou a diversidade de raças do festival. “Aqui é um evento que conta com mais de 10 mil voluntários de todas as etnias e a cultura japonesa é rica justamente por isso, porque ela abraça todo mundo”, exaltou.

Orgulho – Presenças sempre importantes nos eventos da comunidade por empenharem emendas parlamentares não só a festivais culturais como também para a manutenção de entidades assistenciais, os políticos também prestigiaram o Festival do Japão.

Discursando em nome de todos os parlamentares, o vereador Aurélio Nomura lembrou que há 30 aos foi procurado pelo Amino san para a criação do festival. “O objetivo era um agradecimento da comunidade japonesa ao povo paulista e paulistano pela acolhida aos imigrantes e um agradecimento aos pioneiros que para cá vieram e com suor, sangue e lágrimas ajudaram a construir estste país”, explicou o parlamentar;

Para o vereador e pré-candidato a deputado estadual, George Hato, “o Festival do Japão é um evento que orgulha a comunidade japonesa”. “Nós parlamentares não vamos medir esforços para fortalecer não só o Festival do Japão como também outros eventos importantes da comunidade japonesa”, garantiu.

Pré-candidato a deputado federal, Walter Ihoshi destacou que o Festival do Japão “vem num momento muito importante de retomada das atividades”. “Estamos vendo os esforços das associações para manter suas atividades culturais e esportivas e o Festival do Japão dá um pontapé inicial”, explicou Ihoshi.

Para o vereador Rodrigo Goulart, “temos um carinho especial pelo Festival do Japão por ser o maior evento de cultura japonesa do mundo”. “Apoiamos o festival do Japão como apoiamos outros eventos da cultura japonesa”, disse Goulart, que destacou o trabalho social do FJ.

Multicultural – Pré-candidata a deputada estadual, a delegada Raquel Kobashi Gallinati disse que, além de multicultural, o Festival do Japão “mostra o quanto a cultura japonesa é rica e atrai admiradores do Brasil inteiro”. “É um evento que atrai também políticos de diversas vertentes, mas todos unidos em prol  da solidificação da cultura japonesa”. “E é importante que essas lideranças japonesas estejam presentes também na liderança brasileira”, afirmou a delegada.

Para candidato a deputado federal Hélio Nishimoto, “a cultura japonesa no estado de São Paulo deu tão certo nesses 114 anos que nós temos que comemorar essa retomada”. “Depois de um período de pandemia, nada melhor que a gente ter uma festa grandiosa como essa atraindo centenas de milhares de pessoas não só para confraternizar mas também para celebrar a vida e a saúde”, disse Nishimoto.

Formiguinhas – Antes de declarar a abertura oficial da 23ª edição do Festival do Japão, o presidente da Comissão Executiva, José Taniguti, se emocionou ao falar sobre o quanto foi exaustivo e estressante este um ano que antecedeu o festival.   Lembrou o trabalho dos organizadores junto aos poderes municipal, estadual e federal para que o evento, enfim,  se tornasse realidade. E elogiou o  trabalho de “formiguinha” dos voluntários.

Coube ao cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana, comandar o brinde.