Com ‘espírito Yuimaru’ e em clima de esforço e emoção, Okinawa Festival acontece neste final de semana

Apresentação de odori é uma das apresentações que encantam o público durante o Okinawa Festival

 

Após o sucesso do Festival do Japão realizado no mês passado, é hora de mais um grande evento do calendário nikkei retornar para matar a saudade. O Okinawa Festival acontece neste final de semana (6 e 7), na Vila Carrão, com grandes expectativas por parte do público e dos organizadores, afinal, foram dois anos longe da festividade e alegria características dos “uchinanchus”.

Em sua 18ª edição, a festança é uma das mais aguardadas não apenas pelos nikkeis como também pelos moradores da região, pois reúne a rica cultura okinawana nas diversas modalidades culturais e gastornômicas. São esperadas mais de cinco mil pessoas durante os dois dias, incluindo grupos de outros cidades e até estados.

Se para o público a ansiedade de visitar o evento é grande, para os organizadores o clima também é o mesmo, com uma pitada de desafio e resiliência, diga-se. Neste ano, a coordenação fica a cargo do empresário Tetsuo Higa, que não mede esforços para promover “um evento inesquecível e que honre a tradição das edições anteriores”.

Tetsuo Higa: união e resiliência

“Desde janeiro estamos com um planejamento de retomar o evento, visto que passamos pelo período mais crítico da pandemia. Nesse sentido, todos trabalhamos na parte do resgate histórico, de motivação e fazer com que o Okinawa Festival voltasse da maneira mais brilhante possível. Para tanto, formamos frentes de trabalho que ficaram responsáveis pelas ações dentro do evento. União, motivação e força de vontade foram fundamentais para este retorno”, destaca Higa.

Com a paralisação dos eventos presenciais e muitas mudanças no cenário econômico, a comissão organizadora enfrentou situações inéditas que aumentaram os desafios (que já são grandes, aliás). A principal delas foi a dificuldade de encontrar fornecedores. Se antes já havia uma lista e nomes que estavam habituados ao Okinawa Festival, neste ano muitos mudaram de ramo e outros até mesmo deixaram de atuar. Para aumentar ainda mais a complexidade, a variação nos preços também assustou a comissão.

“Tomamos um susto quando nos deparamos com orçamentos e cotações. Tivemos variações de preços que subiram  20, 40 e até 100%. E aí, pensamos: como vamos fazer, está complicado em termos financeiros. Mas, como temos esse compromisso e, acima de tudo, a vontade, nos readequamos, reavaliamos e decidimos ‘fazer o que é possível’”, explica o presidente da comissão. Sobre o “fazer o que é possível”, entende-se: o essencial para o evento, com todos os elementos que configuram o Okinawa Festival, caso do palco principal, tendas e estandes. “Otimizamos ao máximo, sem perder qualidade. Muito pelo contrário, pois o conteúdo do evento está com uma qualidade ótima”, diz.

Assim, um dos provérbios mais populares de Okinawa, o “Yuimaru” (espírito de colaboração mútua) tomou conta da comissão organizadora, especialmente nessas duas últimas semanas, fazendo com que desde os mais jovens até os mais experientes estejam “colocando a mão na massa”. “Não importa a condição social ou a profissão. Vemos todos trabalhando, cortando madeira e metal, levantando a estrutura. Esse é o espírito colaborativo que move o Okinawa Festial e, pessoalmente, é uma grande horna e aprendizado vivenciar tudo isso”, explica Tetsuo Higa. Ele também agradece todos os patrocinadores e apoiadores que formaram um grande corrente do bem em prol do evento. “Foram muitos incentivos, patrocinadores que acreditaram e apoiadores que mostraram entusiasmo. É gratificante”.

Cerimômia de abertura com autoridades e personalidades acontece neste sábado

 

Modernidade –  Mesmo com um forte destaque para a tradição e história, o Okinawa Festival teve, neste ano, um toque de modernidade, ao alinhar as ações de divulgação com ajuda da tecnologia. Ao invés de focar somente nos já conhecidos cartazes impressos, Tetsuo Higa resolveu utilizar a internet para potencializar a divulgação do evento. O site, antes utilizado como um espaço para inserção de cartaz virtual e clippagem de notícias, transformou-se em um hub de informações. Por lá, foram inseridas as atrações de palco, a planta geral, os participantes da praça de gastronomia e todos os apoiadores que acreditam no evento.

Outra inovação tecnológica é a transmissão de flashes do evento durante os dois dias, através do YouTube (@okinawafestival). Na ocasião, a comissão prepara inserções rápidas sobre determinados espaços do evento, casos da gastronomia, venda de produtos e serviços, bem como a parte de exposição cultural. “São algumas ações que pensamos e colocamos em prática para facilitar quem busca informações sobre o evento, além de dar uma visibilidade maior para os estandistas. Ou seja, é uma oportunidade de aumentarmos as vendas através de uma maior visibilidade de quem estará presente no evento”, explica Higa.

Ryukyu Koku Matsuri Daiko traz a alegria dos tambores okinawanos

 

Sobá, satá andagui e sopa de cabrito – Se a ideia é visitar o evento para matar as saudades da típica gastronomia (japonesa e okinawana), pode ir de olhos fechados. O festival terá diversas atrações e uma praça de alimentação com pratos típicos da ilha – como o Okinawa Sobá, Satá Andagui (bolinhos de chuva) e o Hijá nu shiru (sopa de cabrito). Além, claro, da gastronomia japonesa para os paladares mais tradicionais, como yakisoba, udon, tempurá, guioza e outras iguarias brasileiras como pastel e sanduíches.

Do palco, destaques para os grupos de taikô Requios e Ryukyu – que costumam levar mais de 600 tocadores e fazem produções especiais para o evento –, e as artes marciais, com as academias dos mestres Flávio Vicente de Souza e Yasunori Yonamine, que mobilizam centenas de atletas.

Como já ocorre desde os primórdios, o Okinawa Festival é conhecido pela pluralidade. Sendo assim,  abre suas portas para outras províncias do Japão e também de outros países, casos da brasileiríssima capoeira, além de yosakoi soran da Acal (Associação Comercial e Assistencial da Liberdade). A cantoria de artistas consagrados da comunidade também está garantida, com a presença de Joe Hirata, Karen Ito, Banda Tontonmi e Heroes Sanshin.

 

Revitalização de associações – Um dos grandes desafios para a comunidade nipo-brasileira é, sem dúvidas, a parte de revitalização das entidades. Na comunidade okinawana, o panorama também preocupa. Para tentar mudar o cenário, o Okinawa Festival promove a “2ª Expo Shi Cho Son – Exposição das cidades da Província de Okinawa”. Na ocasião, Naha-Shi, Nago-Shi, Nanjo-Shi, Tomigusuku-Shi, Urasoe-Shi, Uruma-Shi, Chatan-Cho, Kin-Cho, Motobu-Cho, Nishihara-cho, Yaese-Cho, Higashi-Son, Kitanagusuku-Son, Nakagusuku-Son, Nakijin-Son, Ogimi-Son e Yomitan-Son terão, respectivamente, um espaço para mostra o lado cultural e as características de cada local.

Para Tetsuo Higa, dar espaço e valorizar as as entidades são iniciativas que ajudam no processo de revitalização, “oxigenando” e despertando interesse em pessoas que podem estar presentes nas entidades, mas que, atualmente, não tem o acesso. “Hoje, as associações enfrentam dificuldades para se manterem. Por um lado, um grupo muito fechado e pequeno se encontra ocasionalmente. Do outro, temos pessoas que se interessam e poderiam estar inseridas, mas não sabem ou desconhecem as maneiras de se aproximar. Nessa exposição, a ideia é justamente aproximar e encurtar este caminho, facilitar essa comunicação das associações com interessados”, explica.

 

Transporte público – A entrada no Okinawa Festival é gratuita, porém os organizadores solicitam a contribuição com um quilo de alimento não perecível, que serão doados para entidades filantrópicas nikkeis e da região. Os organizadores reforçam ainda o apelo para que o público utilize o transporte público (há ônibus de linha da Estação Carrão do Metrô), táxis ou aplicativos, devido à dificuldade para estacionar carros.

(Rodrigo Meikaru)

 

18º Okinawa Festival

Data: Dias 6 e 7 de agosto de 2022.

Sábado, das 11 às 21h e domingo, das 11 às 20h

Local: CEE Vicente Ítalo Feola (Manchester)

Endereço: Praça Haroldo Daltro, s/nº – Vila Carrão

Entrada franca: 1 kg de alimento não perecível (a ser doado a entidades assistenciais)

Informações: www.okinawafestival.com.br

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