Com presença do cônsul do Japão, Promissão homenageia pioneiros e vítimas da Covid-19

Artur Nogueira, Fábio Maeda, cônsul e Renato Ishikawa (Fotos: Aldo Shiguti)

 

A Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Promissão (Acenpro) e a Prefeitura de Promissão realizaram no último domingo, 30, no Parque das Águas, o tradicional Tooro Nagashi. É a quarta vez que Promissão realiza o ritual de soltura de barquinhos em homenagem aos pioneiros e que este ano homenageou também as vítimas da Covid-19. Em 2020 e 2021, o evento foi realizado de forma restrita por conta da pandemia e este ano retornou em seu formato original comemorando também o Bicentenário da Independência do Brasil.

Estiveram presentes o prefeito de Promissão, Artur Manoel Nogueira Franco; o presidente da Acenpro, Fábio Maeda; o cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana; o presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Renato Ishikawa; o presidente e vice do Bunkyo Rural, respectivamente, Nelson Kamitsuji e Celso Mizumoto; além de representantes de associações da região Noroeste.

A grande preocupação dos organizadores era quanto o tempo, pois havia chovido muito na noite anterior e o domingo amanhecera com nuvens. No entanto, à medida que se aproximava o início do evento, as nuvens foram se dissipando, assim como a ameaça de chuva que poderia prejudicar a cerimônia, que começou com a celebração de um culto budista pela sacerdotisa Tijo Okayama, do Templo Honpa Hongwanji de Lins.

Este ano foram soltos cerca de 550 lanternas em Promissão

 

Em seu discurso, Fábio Maeda lembrou que, em 2018, a então princesa Mako esteve em Promissão representando a família imperial nas comemorações dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil e dos 100 anos da colonização japonesa em Promissão. Em tom de indagação, Fábio Maeda perguntou ao público quais as mensagens que o imperador do Japão gostaria de transmitir à comunidade japonesa enviando a princesa Mako à região?

“Durante a sua visita, percebemos que ela tinha muito respeito pelos antepassados ao depositar flores no komyo kanondô. Também pude perceber a felicidade em seu rosto aos cumprimentar os idosos e ao acenar para as crianças, além da alegria por estreitar os laços de amizade entre os Brasil e o Japão ao inaugurar o ‘Marco do Centenário da Colonização Japonesa em Promissão’”, disse Maeda, acrescentando que a princesa tinha ainda “um ar moderno, sofisticado e, ao mesmo tempo, bonito”.

Sacerdotisa Tijo Okayama celebra culto budista em homenagem aos antepassados

 

E explicou que, “para transmitir e eternizar essas mensagens do imperador do Japão, em 2019 criamos o tooro nagashi, um evento onde homenageamos os antepassados, reunimos os jovens e adultos e divulgamos a cultura japonesa, além de estreitarmos os laços de amizade entre os dois países, soltando lindas lanternas brilhantes”, observou Maeda, antecipando que, em 2023, a Acenpro e a Prefeitura de Promissão irão comemorar o centenário de emancipação do município.

Presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa destacou o simbolismo do tooro nagashi e o fato de estar sendo realizado presencialmente o torna ainda mais especial. “Trata-se de um momento de elevarmos coletivamente nossas preces aos antepassados, iluminando seus caminhos para que descansem em outra dimensão”, disse Ishikawa, que enalteceu ainda o trabalho “fantástico” dos voluntários.

Referência – Já Artur Manoel Nogueira Franco disse ao jornal Nippon Já que a “quarta edição do tooro nagashi vem a coroar essa retomada das atividades na pós-pandemia”. “Além de toda sua beleza, é um evento que retrata a memória da comunidade nipo-brasileira e homenageia os pioneiros. Com certeza essa festa já é um a referência na região e continuará sendo por todo o Estado de São Paulo”, disse o prefeito ao lado da primeira-dama do município, Andrea Novaes.

O cônsul Ryosuke Kuwana disse que era “uma grande honra poder participar pessoalmente do Tooro Nagashi este ano e testemunhar como essa importante tradição japonesa é celebrada de forma tão bonita aqui no Brasil, este país incrível, que reúne e celebra tantas culturas do mundo”.

“Fico ainda mais feliz que esta homenagem tenha se iniciado com a inauguração da Era Reiwa do Calendário Japonês, provando que os laços entre Brasil e Japão se mantêm fortes e continuam a gerar frutos com o passar do tempo”, destacou o cônsul, acrescentando que, “um laço no qual a cidade de Promissão tem relevante importância histórica, pois foi a terra escolhida pelo nobre senhor Shuhei Uetsuka – um dos pais da imigração japonesa – para ser o lar de muitos imigrantes, inclusive para muitos dos que vieram junto dele no navio Kasato Maru”.

 

Prosperidade  – “Por isso acredito ser muito significativo dar continuidade a herança histórica deixada pelo senhor Uetsuka e tantos pioneiros, através da celebração da cultura japonesa e do sentimento de gratidão a ancestrais tão corajosos e trabalhadores, como os fundadores da comunidade nikkei de Promissão”, disse ele, que ofereceu sua reverência e sinceras orações “ às almas dos imigrantes pioneiros que cultivaram esta terra, aos nossos ancestrais, familiares e amigos que se foram, desejando que as luzes das lanternas os guiem ao encontro da paz e descanso merecidos”.

Por fim, a sacerdotisa Tijo Okayama falou que, para que a prosperidade se tornasse possível, seja ela na comunidade japonesa ou no país ou de qualquer outra etnia, foram necessários os sacrifícios de muitas vidas.

Após os discursos, foi feito um minuto de silêncio em homenagem aos pioneiros e às vítimas da Covid-19. Em seguida, os convidados, cada um com sua lanterna, se dirigiram às margens da represa para a soltura dos barquinhos – este ano foram soltos cerca de 550 tooros.

O público conferiu ainda uma série de apresentações artísticas, como o grupo de taiko Requios Gueinou Doukoukai de Marília; o Coral da Associação Nipo de Araçatuba e Madrigal Paralellus de Araçatuba e a cantora Kaori Yokota, além do bon odori com animação do grupo Gakudan do Nipo de Araçatuba, além de saborear pratos típicos da culinária oriental como yakisoba, guioza, karaguê, sorvete frito e mana poke.

 

Balanço – Ao jornal Nippon Já, Fábio Maeda disse que o balanço foi “extremamente positivo”. “Recebemos a presença de convidados ilustres, como o cônsul do Japão e diretores do Bunkyo, entre eles o presidente da entidade, Renato Ishikawa, e pudemos perceber um aumento de público, entre os quais muitos não descendentes de japoneses”, disse o presidente da Acenpro.

(Aldo Shiguti. O jornalista viajou a convite da organização)

 

 

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