Em visita à Kenren, deputado Kim Kataguiri fala sobre Festival do Japão e visto para yonsei

Diretores da Kenren falaram um pouco sobre a situação da comunidade no Brasil e sobre o Festival do Japão (fotos: Aldo Shiguti)

Em encontro recente com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Kiyoshi Odawara – que esteve no Brasil como intuito de fortalecer os laços de cooperação entre os dois países – o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), tratou sobre a questão dos vistos para sanseis e yonseis (descendentes de japoneses da terceira e quarta gerações). “Coloquei essa questão como tema principal da do encontro por ser o que mais escuto da comunidade como demanda”, explicou o parlamentar ao Nippon Já.

“Percebo que existe um limite até onde a Embaixada e o Consulado conseguem agir. Depende muito do parlamento japonês tomar as medidas para que haja essa flexibilização. Acho que com o vice-ministro Kiyoshi Odawara consegui uma abertura importante para chegar não só nele, mas no próprio ministro”, disse o deputado, afirmando que “combinei de falar novamente com ele [Odawara] para que a gente avance sobre esse tema”.

“É interessante para o Japão porque eles precisam de mão de obra jovem – apesar de já ter uma comunidade brasileira lá bem grande e representativa –, e por outro lado também é interessante para nós, com esse índice de desemprego que temos hoje, ter essa abertura para os trabalhadores brasileiros que queiram ir para o Japão”, disse, acrescentando que o Japão tem carência, principalmente, em dois setores: para os serviços mais pesados e cuidadores de idosos, mulheres, de preferência”.

Elegibilidade – O parlamentar garantiu que o vice-ministro “mostrou certa simpatia para tratar do tema”. Ou, pelo menos, “não falou sobre nenhuma resistência sobre flexibilizar ou sobre receber brasileiros”. A gente sabe que lá no Parlamento Japonês pode haver alguma resistência, mas isso vou descobrir conversando mais detalhadamente com ele e pedindo contato dos colegas dele para que a gente possa avançar nessa pauta”, explicou Kim, destacando que recentemente também conversou com o cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana, sobre a questão do Certificado de Elegibilidade.

Kim Kataguiri e Rafael Minatogawa durante visita à Kenren

“Ele me pediu para trazer caso a caso, mas a gente quer uma solução geral porque tem várias pessoas com problemas. Vamos sentar e conversar com Tóquio e com Gaimusho [Ministérios dos Negócios Estrangeiros do Japão] para tentarmos encontrar uma alternativa”, disse.

Kenren – A entrevista ao Jornal Nippon Já foi concedida no último dia 13, após o parlamentar visitar o escritório da Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), no bairro da Liberdade, em São Paulo. Acompanhado de seu chefe de Gabinete, Rafael Minatogawa, Kim Kataguiri foi recepcionado pelo presidente Toshio Ichikawa; pelos vices, Gilberto Suzuki (Nara) e José Taniguti (Wakayama) – que também preside a Comissão Executiva do 23º Festival do Japão.

Na ocasião, Kim foi convidado a participar do maior evento de cultura japonesa do mundo, que este ano será realizado nos dias 15, 16 e 17 de julho, no São Paulo Expo.

Será o segundo ano que Kim prestigiará o Festival do Japão como autoridade. A primeira foi em 2019, logo depois de assumir seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados.

Tchauzinho – O que poucas pessoas devem saber, no entanto, é que o parlamentar, que preside a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, frequentou o Festival do Japão, de 2014 a 2018, como voluntário da Associação Cultural e Recreativa Nara Kenjinkai do Brasil. “Ajudava a cortar laranja, fazia okonomiyaki e oshiruko (doce tradicional japonês à base de feijão)”, conta Kim, cuja família, por parte do seu pai (já falecido), é de Nagano.

Um ano antes de assumir como deputado, em 2018, Kim lembra que foi mais um a dar “tchauzinho” para a princesa Mako, que esteve no Brasil naquele ano para participar dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil.

#FJTAON – Por isso, o deputado estava ansioso para ouvir novidades sobre o evento desten ano. Ficou sabendo do próprio Ichikawa do #FJTAON, uma novidade que os Jovens Líderes do Kenren estão preparando com a participação de influencers digitais.

Já José Taniguti disse que não é fácil presidir um evento do porte do Festival do Japão sem ter perspectiva do público que comparecerá.

Fôlego – Para Toshio Ichikawa, a retomada dos eventos presenciais, “de certa forma está dando um fòlego para as associações”. “Estamos trabalhando o Festival do Japão de um ponto de vista realista, mas não está sendo fácil porque temos muitos idosos e a maioria está receosa em participar”, disse Ichikawa, explicando que uma das maiores preocupações dos organizadores é quanto à possibilidade de um novo aumento no números de casos. “Vamos sempre recomendar para que as pessoas usem máscaras, mas é difícil ter um controle, principalmente na praça de alimentação”, disse o presidente do Kenren.

Kim também expôs algumas ideias. Uma delas foi a de os kenjinkais aproveitarem o Festival não apenas para fazerem caixa – o que ele considera correto. “Mas seria interessante se cada um divulgasse também o trabalho que realizam ao longo do ano”.

O parlamentar falou ainda sobre suas perspectivas para este ano. “Como presidente da Comissão de Educação são bastante positivas. Estamos tentando recuperar esses dois últimos anos [perdido por conta da pandemia] com um projeto de busca ativa de adolescentes que estão fora do ambiente escolar”, disse o parlamentar, que ao Nippon Já falou também sobre a criação da figura do “professor observador”, que seria inspirado no sistema educacional japonês.

“Trata-se de um professor veterano que vai na sala do professor que tem mau desempenho ou é iniciante e no final ele dá as suas orientações justamente com a finalidade de aumentar a avaliação daquela sala”, conta, admitindo que espera encontrar resistência de professores que não querem ser avaliados. “Mas acho que para a qualidade final do ensino é uma boa solução”.
No final, o deputado foi convidado a conhecer o estúdio montado com subsídios da Jica (Japan International Cooperation Agency).

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