Érika Tamura – Começou a guerra

Lembra que semanas atrás escrevi sobre a iminência da guerra?

Pois bem, ela começou. E estou aqui para escrever sobre o meu ponto de vista do que estou vendo.

Ultimamente só venho aqui para falar de coisas tristes: pandemia, morte da minha filha, guerra… Mas fazer o que se é isso que o mundo está me oferecendo no momento.

Para quem acha que a guerra da Rússia com a Ucrânia é um fato distante da realidade, vou falar que não é!

Vejo pessoas ao meu redor, que ignoram o que está acontecendo e depois falam coisas absurdas, reclamam sobre o preço da gasolina, sobre a falta de emprego, mas não percebem que está tudo interligado.

Vou escrever aqui sobre a minha realidade, já que vivo no Japão. Desde o dia que as tropas russas invadiram a Ucrânia, os telejornais japoneses noticiam sobre tal fato, porém a notícia sempre vem com uma outra reportagem sobre a China.

O receio do Japão é que, com a guerra da Rússia e Ucrânia, a China, que é uma aliada russa, ganhe coragem para invadir Taiwan. E com isso iniciem uma onda de conflitos generalizados, mundo afora.

Tenho receio também, afinal estou aqui pertinho, e com um agravante: meu apartamento fica ao lado de uma base aérea americana. Temo pelo agravamento da situação.

Nessa realidade atual, percebemos que não podemos fazer previsão de nada. E o controle da situação foge de quaisquer planos. No começo do ano, escrevi um artigo falando que a palavra que definiria este ano de 2022 é “imprevisibilidade”, mas não sabia que haveria um aprofundamento literal desta palavra e seu significado no decorrer do ano, e olha que mal começamos o mês de março ainda…

Gostaria de escrever aqui, palavras certeiras com significados funcionais, onde traria uma sensação de relaxamento e alívio, porém não consigo. Diante de tanta incerteza, vou tentar apaziguar meu coração, acreditando no pronunciamento do governo chinês, onde ele diz que apesar da sua ausência na reunião da ONU, a China preza pela paz mundial, e até ofereceu o seu território para que seja um local de encontro entre representantes russos e ucranianos, para a negociação de paz.

Ufa… será que posso dormir tranquila? Claro que não, quem consegue dormir tranquilo diante tudo o que está acontecendo? Confesso que até pensei em ir para as fronteiras da Ucrânia para trabalhar como voluntária. Por ora, essa ideia foi deixada de lado, mas não totalmente descartada.

No mais, a vida segue ainda sem sentido para mim, mas segue… e eu estou indo, sem saber para onde, apenas seguindo o percurso e observando as adversidades deste mundo tão desigual.

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